Tarifas dos EUA contra a China podem fazer Pequim 'comprar mais do Brasil', diz analista
07:37 04.02.2025 (atualizado: 09:10 04.02.2025)
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo StuckertXi Jinping recebe Lula no Grande Palácio do Povo, em Pequim, em um encontro no qual assinaram uma série de acordos comerciais e de parceria. China, 14 de abril de 2024
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O ex-ministro da Economia da China, Wang Huiyao, afirmou que Pequim ainda não esgotou seus canais de diálogo com Washington sobre a guerra comercial que se anuncia, mas que, neste caso, o país intensificaria seu comércio com outros parceiros, como o Brasil.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Wang Huiyao, que já foi professor das universidades de Pequim e Tsinghua, abordou a tensão entre Pequim e Washington sobre as questões comerciais e salientou que, "embora a China tenha tomado algumas medidas retaliatórias, ela ainda quer conversar, discutir" com os Estados Unidos.
A ameaça de uma guerra comercial tem motivado debates e discursos nas principais capitais econômicas do mundo, uma vez que o novo presidente Donald Trump não apenas ameaçou, mas iniciou sua saga de taxações aos países com os quais ele não consegue vislumbrar um ganho para os EUA.
O presidente do think tank Centro para China e Globalização (CCG), Wang Huiyao também disse acreditar que "o presidente Trump quer usar as tarifas para chamar a atenção para a mesa de negociações", algo que ainda não ocorreu entre os dois chefes de Estado, o que amplia a expectativa para o futuro das relações sino-americanas.
"Se esse é o propósito, acho que está bem", disse ele à apuração. "A China quer conversar e quer um diálogo com todos os países, para que não entremos em uma guerra comercial, que não é sustentável." Segundo ele, a estratégia comercial de Trump não é sustentável no longo prazo porque procura "maximizar os interesses americanos", atingindo interesses dos outros países, e declarou que, se a situação avançar no sentido de um confronto comercial, a China vai se voltar para seus demais parceiros.
"Se houver atrito comercial, a China certamente comprará mais do Brasil e da América Latina", prevê Wang, salientando que a nova política dos EUA faz com que os países sejam empurrados "para o comércio entre eles mesmos".
No último sábado (1º), Trump assinou uma ordem para impor tarifas sobre mercadorias provenientes da China com uma taxa adicional de 10% para além das que já estão em vigor para as importações chinesas.
Nesta terça-feira (4), Pequim já anunciou que contramedidas pretende tomar às imposições norte-americanas, que vão desde a taxação de 15% para carvão e gás e 10% para petróleo e equipamentos agrícolas, aumento no controle de exportações de metais e terras raras, incluindo uma reclamação formal na Organização Mundial de Comércio (OMC).