- Sputnik Brasil, 1920
Panorama internacional
Notícias sobre eventos de todo o mundo. Siga informado sobre tudo o que se passa em diferentes regiões do planeta.

Haddad na Arábia Saudita: podemos alavancar parcerias em defesa e tecnologia, diz analista

© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo StuckertArábia Saudita e Brasil
Arábia Saudita e Brasil - Sputnik Brasil, 1920, 19.02.2025
Nos siga no
Especiais
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viajou recentemente para a Arábia Saudita, onde participou da Conferência de Al-Ula para Economias de Mercados Emergentes, organizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Durante o evento, que ocorreu entre os dias 14 e 19 de fevereiro, o ministro teve reuniões bilaterais com representantes do Catar, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos (EAU).
A aproximação do Brasil com o Oriente Médio tem gerado debates sobre as vantagens econômicas e estratégicas para o país, especialmente em um mundo cada vez mais multipolar.
À Sputnik Brasil, Samuel Braun, professor de políticas públicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), avalia que a relação com o Oriente Médio pode ser crucial para o Brasil em diversas áreas.
"É fundamental que o Brasil priorize as relações com países fora do Norte Global", afirma Braun. De acordo com o especialista, o comércio entre o Brasil e os países árabes já totaliza quase R$ 200 bilhões por ano, com leve superávit. "O Brasil já é crucial para a segurança alimentar desses países. Por exemplo, é responsável por cerca de um terço dos alimentos consumidos no Catar, sendo o principal fornecedor de carne bovina para a região", destaca o professor.

Segurança energética

A importância estratégica do Oriente Médio para a segurança energética global também é um ponto central. A região concentra 50% das reservas mundiais de petróleo e 40% das de gás natural, tornando-se essencial para o equilíbrio econômico mundial.
"A presença do Irã, dos EAU e da Arábia Saudita no BRICS torna ainda mais relevante a aproximação brasileira com a região", observa Braun, destacando o impacto positivo para o comércio e a colaboração em setores como energia e fertilizantes.
No entanto, as vantagens para o Brasil não se limitam às exportações comerciais. O Oriente Médio também pode oferecer parcerias estratégicas em áreas como defesa, tecnologia e energia nuclear. Braun observa que a China tem investido fortemente na infraestrutura da região por meio da Iniciativa Cinturão e Rota.
O rei saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud, presenteia o presidente dos EUA, Donald Trump, com a mais alta honraria civil, o colar de Abdulaziz Al Saud, no Palácio da Corte Real, em Riad, Arábia Saudita, em 20 de maio de 2017 - Sputnik Brasil, 1920, 10.02.2025
Panorama internacional
'Pelo grito e pela vontade': como será a política de Trump para o Oriente Médio?

"Podemos alavancar parcerias com países árabes em defesa e tecnologia, como já fazem a China e a Rússia", comenta.

O Brasil já tem experiência nesse campo, exportando sistemas de defesa, como radares e veículos blindados para os EAU. Além disso, a Embraer tem vendido aeronaves militares para o Oriente Médio e há interesse de países como a Arábia Saudita em adquirir sistemas de defesa brasileiros.

"Esquentar as relações com o Oriente Médio significa não apenas aumentar o comércio, mas diversificá-lo, criando parcerias estratégicas tanto do ponto de vista militar quanto econômico", explica o professor.

A colaboração em áreas como inteligência artificial, big data, energia renovável e defesa cibernética também tem se mostrado promissora, com empresas brasileiras de tecnologia buscando parcerias no golfo para desenvolver soluções em cidades inteligentes e segurança digital.
Entretanto, o Brasil enfrenta desafios internos que podem dificultar o aproveitamento completo das oportunidades oferecidas pela região. O arcabouço fiscal rígido, que limita os investimentos públicos em áreas como infraestrutura e defesa, é um dos principais obstáculos.
"A redução de investimentos em infraestrutura dificulta a competitividade do Brasil no mercado global e o corte de orçamentos prejudica a modernização das Forças Armadas e a produção de equipamentos militares", aponta Braun.
Palestinos se reúnem perto de um prédio destruído por ataques aéreos israelenses na cidade de Khan Yunis. Faixa de Gaza, Palestina, 25 de outubro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 04.02.2025
Panorama internacional
Especialista: conflito no Oriente Médio é consequência do conceito dos EUA e Israel da nova ordem
O professor ressalta, ainda, que a falta de recursos para instituições de pesquisa e empresas de base tecnológica também afeta programas estratégicos, como o desenvolvimento de satélites e tecnologias de defesa.
"O NAF [Novo Arcabouço Fiscal] torna impraticável ao Estado brasileiro assumir compromissos de longo prazo, como parcerias internacionais com o Oriente Médio", alerta. Segundo Braun, sem a flexibilização das regras fiscais, o Brasil ficará restrito a um comércio limitado de commodities e à colaboração tímida em áreas como energia e defesa.
Em resumo, a relação do Brasil com o Oriente Médio apresenta grande potencial, tanto no âmbito comercial quanto estratégico, mas dependerá de uma série de fatores internos e externos para se expandir de forma eficaz.
"As iniciativas diplomáticas e comerciais precisam ser acompanhadas por uma flexibilização fiscal que permita ao Brasil aproveitar o grande potencial de colaboração com os países árabes", conclui Samuel Braun.
Logo da emissora Sputnik - Sputnik Brasil
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала