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Discurso de Macron sobre Rússia tem 'tons de chantagem nuclear' e é digno de 'pena', diz MRE russo

© AP Photo / Markus SchreiberO presidente francês, Emmanuel Macron, participa de uma conferência de imprensa no Palácio de Bellevue, em Berlim. Alemanha, 26 de maio de 2024
O presidente francês, Emmanuel Macron, participa de uma conferência de imprensa no Palácio de Bellevue, em Berlim. Alemanha, 26 de maio de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 06.03.2025
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O Ministério das Relações Exteriores russo divulgou nesta quinta-feira (6) uma nota em que critica o discurso do presidente francês, Emmanuel Macron, a respeito da Rússia às vésperas da cúpula da União Europeia (UE), dedicada à crise na Ucrânia.
De acordo com o ministério russo, o líder francês é quem representa uma ameaça para a Rússia ao dar declarações extremamente agressivas e proferir acusações infundadas:

"Sem apresentar qualquer evidência, como é seu costume, ele [Macron] acusou nosso país de todos os pecados mortais, desde ataques cibernéticos e interferência em eleições até supostos planos de atacar outros países da Europa. Já o ouvimos fazer alegações semelhantes e afirmações provocativas antes. Talvez esta tenha sido a primeira vez que ele as apresentou de forma tão intensa e irreconciliável, fazendo-as soar como um catecismo para o programa de ação russófobo", disse o MRE.

Segundo a pasta, as falas de Macron transmitem claramente "tons de chantagem nuclear", na tentativa de se tornar o "patrono" nuclear da Europa, apesar da inferioridade francesa no que diz respeito à capacidade atômica no mundo.
"A França possui apenas 56 veículos de transporte de ogivas nucleares, enquanto os Estados Unidos possuem 898. A capacidade total do componente nuclear das Forças Armadas francesas é de 67,2 megawatts, enquanto os Estados Unidos ostentam impressionantes 1.814 megawatts."
O discurso deixa uma sensação de pena pelo presidente Macron, ironizou a nota do governo russo, típico das "elites europeias amarguradas" para as quais "a normalização entre Rússia e EUA que começou a tomar forma e os primeiros passos em direção a uma resolução pacífica da crise na Ucrânia estão causando pânico genuíno".
O militarismo enfático de Macron também é ditado pela agenda doméstica, destacou a chancelaria russa, como forma de desviar a atenção dos "problemas socioeconômicos agravantes na França e na UE" e transferi-la para pseudoameaças externas.

"O discurso de Macron fez com que o que restava das máscaras caísse e mostrou quem está liderando o 'partido da guerra'. Também mostrou quem realmente se opõe ao cessar-fogo e aposta na continuação e escalada do conflito na Ucrânia", diz um trecho da nota.

Ao tentar convencer os cidadãos franceses de uma "ameaça existencial" vinda da Rússia, prossegue o MRE russo, o presidente Macron afasta Paris dos princípios fundamentais da política externa francesa, "que se baseava na construção de consenso e na consideração das opiniões e interesses de todos os países do nosso continente".
O presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris, em 27 de agosto de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.03.2025
Panorama internacional
Macron cogita uso de armas nucleares da França para defender UE
O ministério reafirmou que a ideia de Macron de implantar contingentes militares ocidentais na Ucrânia sob o disfarce de forças de paz é inaceitável e representaria uma ocupação da Ucrânia, levando "inevitavelmente a uma escalada extremamente perigosa". Para Moscou, desse jeito a França dá corpo à expansão desenfreada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que contrariou acordos históricos e gerou a atual crise.
"É igualmente notável que o programa de construção militar da Rússia seja uma reação forçada à política agressiva da OTAN, incluindo a adesão acelerada da Suécia e da Finlândia à aliança."
O orçamento militar dos países da organização, salientou o ministério, é o dobro dos gastos de defesa do resto do mundo combinados, e o orçamento militar da UE é muito maior que o da Rússia.
"A tragédia da Ucrânia remonta a 2014, quando, após um golpe, forças abertamente neonazistas tomaram o poder no país com a conivência e o apoio do Ocidente. Essas forças começaram a discriminar a população russa e de língua russa e a erradicar a língua, a cultura e a ortodoxia canônica russa, o que levou a um sangrento conflito civil em Donbass", relembrou a nota.
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