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África, nova fronteira de crescimento econômico: riqueza do continente pode aumentar desigualdades?
África, nova fronteira de crescimento econômico: riqueza do continente pode aumentar desigualdades?
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A África está em ascensão econômica. Estima-se que, em 2025, 12 das 20 economias de maior crescimento global estarão localizadas no continente africano. 07.03.2025, Sputnik Brasil
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Embora esse dado pareça surpreendente, reflete uma tendência crescente, com projeções de organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Africano de Desenvolvimento, confirmando a presença de um número significativo de países africanos entre os maiores crescimentos econômicos nos últimos anos.Ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, José Ricardo Araujo, pesquisador especializado na África Subsaariana da Escola de Guerra Naval (EGN), comentou sobre essa estimativa em uma entrevista, destacando as nuances e os desafios do cenário.A previsão de um crescimento expressivo das economias africanas não é novidade. Araujo observa que esse fenômeno vem se mantendo ao longo dos anos."No ano passado, o FMI apontou que, das 30 economias de maior crescimento em 2024, 13 seriam africanas", revelou. E, em 2025, com estimativas do Banco de Desenvolvimento Africano, o número de economias africanas com altas taxas de crescimento continua a se destacar. Para ele, isso coloca a África como uma "próxima fronteira de um crescimento econômico."Crescimento desigualNo entanto, segundo o especialista, o crescimento é um tanto complexo. Aumentos no produto interno bruto (PIB) podem nem sempre refletir em ganhos significativos para as populações.Ele também destacou que a concentração dessa riqueza nas mãos de elites locais ou multinacionais pode aprofundar desigualdades, tornando o crescimento desigual.A questão da distribuição da riqueza é um ponto crucial, segundo Araujo. Para ele, o crescimento econômico na África "não necessariamente significa uma melhoria na qualidade de vida ou um combate direto à pobreza e à fome. […] Em muitos países, a riqueza vai continuar concentrada em mãos de poucos, o que pode aumentar a desigualdade social".África e 'grandes potências'A relação da África com as grandes potências econômicas também será impactada por esse crescimento. Araujo destacou que a crescente independência econômica do continente pode alterar a dinâmica geopolítica, permitindo aos países africanos diversificar parcerias.Outro ponto importante, segundo José Ricardo Araujo, é a crescente urbanização do continente, que deve impulsionar ainda mais o crescimento econômico."Até 2040, o número de cidades africanas com mais de 5 milhões de habitantes crescerá de 12 para 31", destacou, o que implica maior demanda por serviços e a ascensão do setor industrial e de serviços, mudando a forma como a África interage com o resto do mundo.No entanto, Araujo alerta para o fenômeno da "fuga de cérebros", com muitos jovens africanos deixando o continente em busca de melhores oportunidades. Mesmo com o crescimento econômico, ele acredita que a insegurança, a falta de emprego e as questões sociais ainda empurram muitos para a emigração."O crescimento econômico africano não vai, por si só, impedir que a juventude busque oportunidades fora", afirmou. Contudo, ele vê como crucial o esforço dos países africanos para garantir que esses jovens retornem, trazendo com eles o conhecimento adquirido no exterior, a fim de fortalecer o continente.Araujo ressalta que a estabilidade política de países como Níger e Sudão do Sul, com crescimento acima de 5% previsto para 2025, estará intimamente ligada à capacidade dos governos de gerenciar seus recursos e superar desafios internos, como o terrorismo e a guerra civil."Mesmo com crescimento econômico, há fatores políticos e sociais que podem impedir uma verdadeira estabilidade", arrematou.
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África, nova fronteira de crescimento econômico: riqueza do continente pode aumentar desigualdades?
21:54 07.03.2025 (atualizado: 22:48 07.03.2025) Especiais
A África está em ascensão econômica. Estima-se que, em 2025, 12 das 20 economias de maior crescimento global estarão localizadas no continente africano.
Embora esse dado pareça surpreendente, reflete uma tendência crescente, com projeções de organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Africano de Desenvolvimento, confirmando a presença de um número
significativo de países africanos entre os maiores crescimentos econômicos nos últimos anos.
Ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, José Ricardo Araujo, pesquisador especializado na África Subsaariana da Escola de Guerra Naval (EGN), comentou sobre essa estimativa em uma entrevista, destacando as nuances e os desafios do cenário.
A previsão de um crescimento expressivo das economias africanas não é novidade. Araujo observa que esse fenômeno vem se mantendo ao longo dos anos.
"No ano passado, o FMI apontou que, das 30 economias de maior crescimento em 2024, 13 seriam africanas", revelou. E, em 2025, com estimativas do Banco de Desenvolvimento Africano, o número de economias africanas com altas taxas de crescimento continua a se destacar. Para ele, isso coloca a África como uma "próxima fronteira de um crescimento econômico."
No entanto, segundo o especialista, o crescimento é um tanto complexo. Aumentos no produto interno bruto (PIB) podem nem sempre refletir em ganhos significativos para as populações.
"A taxa de crescimento econômico não acompanha a taxa de crescimento populacional. A população africana tem crescido mais rapidamente do que o crescimento econômico, o que significa que a riqueza gerada não chega de forma equitativa a todos", explicou Araujo.
Ele também destacou que a concentração dessa riqueza nas mãos de elites locais ou multinacionais pode aprofundar desigualdades, tornando o crescimento desigual.
A
questão da distribuição da riqueza é um ponto crucial, segundo Araujo. Para ele, o crescimento econômico na África "não necessariamente significa uma melhoria na qualidade de vida ou um combate direto à pobreza e à fome. […] Em muitos países, a riqueza vai continuar concentrada em mãos de poucos, o que pode aumentar a desigualdade social".
África e 'grandes potências'
A relação da África com as grandes potências econômicas também será impactada por esse crescimento. Araujo destacou que a crescente independência econômica do continente pode alterar a dinâmica geopolítica, permitindo aos países africanos diversificar parcerias.
"Estados Unidos, China e Rússia vão competir entre si, mas também veremos uma entrada mais forte de potências emergentes, como os Emirados Árabes Unidos e a Turquia", comentou. Ele acredita que essa diversificação será benéfica, pois vai reduzir a dependência da África de potências tradicionais.
Outro ponto importante, segundo José Ricardo Araujo, é a crescente urbanização do continente, que deve impulsionar ainda mais o crescimento econômico.
"Até 2040, o número de cidades africanas com mais de 5 milhões de habitantes crescerá de 12 para 31", destacou, o que implica maior demanda por serviços e a ascensão do setor industrial e de serviços, mudando a
forma como a África interage com o resto do mundo.
No entanto, Araujo alerta para o fenômeno da "fuga de cérebros", com muitos jovens africanos deixando o continente em busca de melhores oportunidades. Mesmo com o crescimento econômico, ele acredita que a insegurança, a falta de emprego e as questões sociais ainda empurram muitos para a emigração.
"O crescimento econômico africano não vai, por si só, impedir que a juventude busque oportunidades fora", afirmou. Contudo, ele vê como crucial o esforço dos países africanos para garantir que esses jovens retornem, trazendo com eles o conhecimento adquirido no exterior, a fim de fortalecer o continente.
"Essa é uma discussão que também acontece na América Latina: como fazer com que os jovens voltem para contribuir com o desenvolvimento local."
Araujo ressalta que a estabilidade política de países como Níger e Sudão do Sul, com crescimento acima de 5% previsto para 2025, estará intimamente ligada à capacidade dos governos de gerenciar seus recursos e superar desafios internos, como o terrorismo e a guerra civil.
"Mesmo com crescimento econômico, há fatores políticos e sociais que podem impedir uma verdadeira estabilidade", arrematou.
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