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Gleisi na SRI tem desafio de 'deixar que o pragmatismo da política substitua a força da ideologia'

© Palácio do Planalto / Ricardo StuckertPresidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de transmissões de cargos e posses do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, no Palácio do Planalto. Brasília (DF), março de 2025
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de transmissões de cargos e posses do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, no Palácio do Planalto. Brasília (DF), março de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 10.03.2025
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Agora ministra da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política no governo federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR) tem como um de seus principais desafios deixar o perfil ideológico de lado para melhorar a articulação política da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Leon Victor, professor adjunto no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador da graduação em ciência política, "ela [Hoffmann] só tem um desafio: deixar que o pragmatismo da política substitua a força da ideologia".
À Sputnik Brasil, o analista político analisou que o maior entrave para Gleisi é dialogar dentro de uma perspectiva mais pragmática.

"Como presidente de partido é uma coisa, como representante do governo é outra. Ela assume a articulação de um governo que entrega bons números em uma perspectiva, mas não tão bons em outra", explicou.

Em suas palavras, o mau desempenho do governo Lula 3 está nas mãos da comunicação — que já sofreu algumas alterações até mesmo em seu quadro funcional com novos integrantes.
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"Há um alto custo de governabilidade, dada a fragmentação do Congresso, e a grande maioria dos parlamentares ser de centro-direita. Saber fazer concessões é fundamental para ser bem-sucedida na pasta, e eu não sei se ela conseguirá ser bem-sucedida nisso", ponderou o cientista político.
A avaliação do cientista político Leon Victor converge com o que afirma Ernani Carvalho, professor titular de ciência política e coordenador do Programa de Pós-Graduação Profissional em Políticas Públicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Em suas palavras, o desafio de Gleisi Hoffmann, ao assumir a secretaria, é "necessariamente o desafio do próprio governo".
"É um governo que vem em derivada negativa em termos de opinião pública. Tanto o presidente Lula como o seu governo têm sido mal avaliados nas últimas pesquisas, e isso gera bastante expectativa no mercado político. […]", avaliou Ernani.
Questionado sobre os impactos que podem ser gerados com a nova secretaria, Victor avaliou que é um exercício de especulação.

"Quando se fala em impacto, tem de haver dados. Não há como aferir impacto sem eles. O que se pode especular é que ela, como presidente de partido, tem toda a experiência necessária para negociar. O que muda é a perspectiva. Em vez de buscar o que é melhor para o PT, irá buscar o que é melhor para o governo. Inclusive pode acontecer de o que é bom para o governo não ser bom para o PT. Isso será um grande desafio a ser superado", arguiu à Sputnik.

Carvalho ressaltou que 2025 é um ano considerado "pré-eleitoral", no qual a corrida para 2026 já teve início.
"Manter a base aliada unida para a aprovação das principais propostas do governo não vai ser uma tarefa fácil [para Gleisi e o próprio governo federal], e é uma tarefa basicamente de articulação política. É enfrentar uma debandada que pode ser ocasionada pela baixa avaliação do governo e pelos problemas que o governo vem enfrentando, principalmente na área econômica, com a disparada dos preços de alimentos e, de certa forma, essa quebra de braço que existe entre Haddad e o setor mais político do governo, que hoje é comandado pelo ex-governador da Bahia", ajuizou.
Dirigir um partido, na avaliação do especialista, é muito diferente de dirigir uma coalizão partidária.
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"Na verdade, a função dela será esta: gerir a coalizão governamental, fazer concessões, ceder, dar um passo para trás para depois dar dois para frente. Não é fácil no cenário político atual. Enquanto o senador Humberto Costa for presidente do PT, acredito que a ministra Gleisi Hoffmann terá um aliado para ajudá-la nas negociações com o Congresso", finalizou.

Sobre Gleisi

Gleisi Hoffmann é paranaense e, no primeiro mandato do presidente Lula, assumiu a diretoria financeira da usina hidrelétrica Itaipu Binacional. Em 2011, a petista foi eleita senadora, sendo a primeira mulher paranaense eleita ao cargo, no qual ficou até 2014, quando se licenciou para assumir o Ministério da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff.
Em junho de 2017, foi eleita presidente nacional do PT. Neste ano, o partido deve ter novas eleições para escolher uma nova liderança. A alçada de Gleisi ao ministério coincidiu com o fim de seu mandato à frente do PT.
Em 2018, Hoffmann foi eleita deputada federal, sendo reeleita em 2022 para um segundo mandato na Câmara Federal.
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