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Ataque ucraniano a Sudzha descredibiliza Zelensky na mesa de negociações, dizem analistas
Ataque ucraniano a Sudzha descredibiliza Zelensky na mesa de negociações, dizem analistas
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Após sofrer um revés militar, talvez o maior do conflito até então, as forças ucranianas em Kursk vêm batendo em retirada da região russa. Na noite entre 20 e... 21.03.2025, Sputnik Brasil
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Ainda que tenha sido captado em vídeos que circulam nas redes sociais, o alto comando militar em Kiev negou a autoria do ataque, direcionando a culpa às tropas russas. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a acusação é "absurda".Em entrevista à Sputnik Brasil, o analista militar e coronel da reserva do Exército Brasileiro Marco Antonio Coutinho explica que o ataque à estação de gás vem em meio a um maior contexto militar e diplomático entre a Ucrânia e a Rússia.Por um lado, através de negociações mediadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, Kiev e Moscou concordaram em não atacar mais alvos da infraestrutura energética entre si.Embora ataques tenham ocorrido no primeiro dia, o coronel destaca que esse tipo de cessar-fogo "não é fácil de ser executado", uma vez que as ordens devem descer pela cadeia de comando e muitas vezes os ataques já foram lançados.No entanto, ressalta Coutinho, nesse caso específico "é difícil isso ter ocorrido sem o consentimento das autoridades máximas". Esse fato prejudica o processo de negociação de paz.E, em segundo lugar, gera um enorme prejuízo para países como a Hungria e a Eslováquia, que importavam gás russo através de Sudzha até o início deste ano, quando a Ucrânia não renovou o contrato com a estatal russa Gazprom, da qual recebeu bilhões de dólares por permitir o trânsito de gás natural até mesmo durante o conflito.Com um tempo de reparos estimado em dois anos e meio, Valdir Bezerra, especialista em relações internacionais, afirma que a destruição dessa peça crucial de infraestrutura sinaliza que a Ucrânia "não se preocupa com o bem-estar e o destino desses países", que agora não poderão utilizar esse gasoduto em tempos de paz.Segundo Coutinho, isso gera um prejuízo não só para a União Europeia e para a Rússia, mas também para a própria Ucrânia. "Sabemos que o governo eventualmente vai mudar, e isso [a paralisia no transporte de gás] não é de interesse da Ucrânia dentro do contexto de paz."A destruição da estação de Sudzha também ocorre dentro de um contexto militar maior, lembram os analistas, no qual, após a Ucrânia cessar o uso do gasoduto para fornecimento de gás à Europa, tropas russas utilizaram a infraestrutura para penetrar as linhas ucranianas e causar um grande revés na situação de Kursk.Desde então, os ucranianos foram praticamente expulsos da região russa, perdendo a única carta que tinham nas negociações de paz. Para Valdir Bezerra, dessa forma o ataque em Kursk "trata-se de um ataque retaliatório" devido às derrotas sofridas nas últimas semanas.De acordo com a doutoranda em relações internacionais do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas Nathana Garcez, a explosão de Sudzha "afasta qualquer possibilidade no curtíssimo prazo do estabelecimento de um cessar-fogo" e é um "revés para a política externa norte-americana".Esses acontecimentos, diz, também geraram uma fratura na posição europeia, que, por um lado, defenderá a inocência da Ucrânia e, por outro, foi afetada pela lacuna na movimentação de gás natural.Quanto vale a palavra de Zelensky?Ocorrido apenas um dia depois do cessar-fogo parcial, válido justamente para alvos como esse, ter iniciado, o ataque "coloca mais uma vez em xeque a disponibilidade ucraniana de negociar uma saída pacífica para o conflito", diz Bezerra. "E, mais do que isso, sua capacidade de honrar acordos."Contudo, o especialista destaca que não é possível apontar se desta vez é o próprio Zelensky que renegou sua palavra a Donald Trump ou se ele perdeu o controle de suas tropas.No passado, o ucraniano havia comentado que não conseguia controlar as ações dos militantes extremistas, como os do Batalhão Azov (organização terrorista proibida na Rússia).Esse fato acende um alerta sobre até onde esses terroristas estão dispostos a seguir ordens de Kiev e "coloca em dúvida a capacidade de negociação real da Ucrânia".
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Ataque ucraniano a Sudzha descredibiliza Zelensky na mesa de negociações, dizem analistas
18:36 21.03.2025 (atualizado: 19:27 21.03.2025) Especiais
Após sofrer um revés militar, talvez o maior do conflito até então, as forças ucranianas em Kursk vêm batendo em retirada da região russa. Na noite entre 20 e 21 de março, os terroristas ucranianos incendiaram a estação de medição de gás de Sudzha, responsável por entregar o combustível a vários países da Europa.
Ainda que tenha sido captado em vídeos que circulam nas redes sociais, o alto comando militar em Kiev negou a autoria do ataque, direcionando a culpa às tropas russas. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a acusação é "absurda".
Em entrevista à Sputnik Brasil, o analista militar e coronel da reserva do Exército Brasileiro Marco Antonio Coutinho explica que o ataque à estação de gás vem em meio a um maior contexto militar e diplomático entre a Ucrânia e a Rússia.
Por um lado, através de negociações mediadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, Kiev e Moscou concordaram em
não atacar mais alvos da infraestrutura energética entre si.
Embora ataques tenham ocorrido no primeiro dia, o coronel destaca que esse tipo de cessar-fogo "não é fácil de ser executado", uma vez que as ordens devem descer pela cadeia de comando e muitas vezes os ataques já foram lançados.
No entanto, ressalta Coutinho, nesse caso específico "é difícil isso ter ocorrido sem o consentimento das autoridades máximas". Esse fato prejudica o processo de negociação de paz.
"Primeiro, coloca em xeque a iniciativa do presidente Trump de estabelecer um cessar-fogo e gera descrédito em relação ao […] [Vladimir] Zelensky, em relação às suas reais intenções dentro desse processo de paz."
E, em segundo lugar, gera um enorme prejuízo para países como
a Hungria e a Eslováquia, que importavam gás russo através de Sudzha até o início deste ano, quando a
Ucrânia não renovou o contrato com a estatal russa Gazprom, da qual recebeu bilhões de dólares por permitir o trânsito de gás natural até mesmo durante o conflito.
Com um tempo de reparos estimado em dois anos e meio, Valdir Bezerra, especialista em relações internacionais, afirma que a destruição dessa peça crucial de infraestrutura sinaliza que a Ucrânia "não se preocupa com o bem-estar e o destino desses países", que agora não poderão utilizar esse gasoduto em tempos de paz.
Segundo Coutinho, isso gera um prejuízo não só para a União Europeia e para a Rússia, mas também para a própria Ucrânia. "Sabemos que o governo eventualmente vai mudar, e isso [a paralisia no transporte de gás] não é de interesse da Ucrânia dentro do contexto de paz."
A destruição da estação de Sudzha também ocorre dentro de um contexto militar maior, lembram os analistas, no qual, após a Ucrânia cessar o uso do gasoduto para fornecimento de gás à Europa, tropas russas utilizaram a infraestrutura para penetrar as linhas ucranianas e
causar um grande revés na situação de Kursk.
Desde então, os ucranianos foram praticamente expulsos da região russa, perdendo a única carta que tinham nas negociações de paz. Para Valdir Bezerra, dessa forma o ataque em Kursk "trata-se de um ataque retaliatório" devido às derrotas sofridas nas últimas semanas.
"Também trata-se um ato terrorista do ponto de vista geopolítico e geoeconômico, dado que visou um dos principais dutos de transporte de gás à Europa."
De acordo com a doutoranda em relações internacionais do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas Nathana Garcez, a explosão de Sudzha "afasta qualquer possibilidade no curtíssimo prazo do estabelecimento de um cessar-fogo" e é um "revés para a política externa norte-americana".
Esses acontecimentos, diz, também geraram uma fratura na posição europeia, que, por um lado, defenderá a inocência da Ucrânia e, por outro, foi afetada pela lacuna na movimentação de gás natural.
Quanto vale a palavra de Zelensky?
Ocorrido apenas um dia depois do cessar-fogo parcial, válido justamente para alvos como esse, ter iniciado, o ataque "coloca mais uma vez em xeque a disponibilidade ucraniana de negociar uma saída pacífica para o conflito", diz Bezerra. "E, mais do que isso, sua capacidade de honrar acordos."
"É quase que uma repetição do que ocorreu com os acordos de Minsk, que também acabaram sendo sabotados pelo lado ucraniano, apesar das promessas feitas então."
Contudo, o especialista destaca que não é possível apontar se desta vez é o próprio Zelensky que renegou sua palavra a Donald Trump ou se ele perdeu o controle de suas tropas.
No passado, o ucraniano havia comentado que não conseguia controlar as ações dos militantes extremistas, como os do Batalhão Azov (organização terrorista proibida na Rússia).
Esse fato acende um alerta sobre até onde esses terroristas estão dispostos a seguir ordens de Kiev e "coloca em dúvida a capacidade de negociação real da Ucrânia".
"Assim como sua capacidade de implementar decisões oriundas de um cessar-fogo mais amplo ou até mesmo de um acordo ou tratado de paz."
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