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Liderada pela Rússia, cooperação espacial no âmbito do BRICS fortalece o Sul Global, notam analistas

© Sputnik / Serviço de Imprensa da Agência Federal Espacial RoscosmosFoguete russo Soyus-2.1a com o bloco acelerador Fregat no cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão
Foguete russo Soyus-2.1a com o bloco acelerador Fregat no cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão - Sputnik Brasil, 1920, 27.05.2025
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Em entrevista ao podcast Mundioka, especialistas afirmam que o convite da Rússia a Brasil e África do Sul para que integrem projeto da Estação de Serviço Orbital Russa abre oportunidade de desenvolvimento tecnológico e mira construir a independência e a autonomia do grupo no setor.
A Rússia é o principal parceiro de vários países do BRICS no avanço de seus programas espaciais. Além de investir no desenvolvimento de projetos nucleares voltados para a exploração espacial, Moscou atua para modernizar e fortalecer as capacidades dos países do grupo.
Um exemplo disso é a contribuição russa a programas espaciais de Brasil e África do Sul. Em 2023, a Rússia convidou os países a integrarem o projeto da Estação de Serviço Orbital Russa (ROSS, na sigla em inglês), que tem lançamento previsto para 2027.
Dona de uma posição geográfica estratégica, a África do Sul contribui significativamente para a exploração espacial global, usando sua infraestrutura para hospedar equipamentos avançados para agências espaciais internacionais e operadoras de satélites comerciais.
O Brasil também participa dessa cooperação, colaborando com tecnologia e expertise na área espacial. Em recente viagem à Rússia, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, declarou querer ampliar a colaboração com a Rússia na área espacial.
Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, a professora de relações internacionais Raquel dos Santos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que historicamente a cooperação internacional foi capaz de fomentar muitos programas espaciais ao redor do mundo.

"O processo de transferência de tecnologia, o processo de financiamento conjunto de projetos, é algo basilar para a gente pensar o desenvolvimento tecnológico espacial. Assim, a maior parte dos países que se desenvolveram, mesmo se a gente pensar tanto nos Estados Unidos quanto na antiga União Soviética, são países que receberam migração de cérebros."

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Ela acrescenta que, além do processo de circulação de cientistas, há posteriormente a circulação da própria tecnologia, e lembra que a Índia, outro membro do BRICS, "recebeu muito da cooperação com a União Soviética para o programa espacial dela".
Entretanto a especialista frisa que, a cooperação internacional, embora muito importante, "não pode ser o único pilar de desenvolvimento em um programa espacial".
"E é aí que a gente precisa pensar de forma mais profunda quais são as forças que movimentam esses programas espaciais, tanto no Brasil quanto na África do Sul. E ambos têm uma perspectiva mais voltada para o meio ambiente, para o monitoramento. Já o programa espacial russo tem objetivos muito mais audaciosos nesse sentido, do que, por exemplo, o programa espacial da África do Sul ou o programa espacial do Brasil."
Porém ela afirma que o fato de Moscou estabelecer uma cooperação com Brasil e África do Sul é um elemento fundamental que demonstra que estes países "importam para a Rússia".

"E o Brasil importa para a Rússia nesse sentido espacial há muito tempo. Já desde a década de 1990 que nós temos conversas com a Rússia para estabelecer cooperação espacial."

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Guilherme Frizzera, doutor em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador de relações internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter, ressalta que a exploração espacial vai muito além de lançamentos de foguetes ou estações espaciais internacionais.
Ao podcast Mundioka, ele afirma que o convite da Rússia para que Brasil e África do Sul integrem o projeto da ROSS traz uma oportunidade para o Brasil "dar um salto de desenvolvimento tecnológico".
"A gente está falando de toda uma cadeia logística de inovação, desde minérios até o microchip que estará instalado no foguete russo", afirma o especialista.
Ele avalia que o Brasil terá acesso a inovações tecnológicas que são muito caras e, mesmo que iniciasse do zero o desenvolvimento dessas inovações, já começaria "décadas atrasado, comparado a qualquer outro país que já colocou um foguete em órbita".

"Então é muito importante, é uma janela de oportunidade para o Brasil, para a África do Sul, poder se inserir em uma temática tão rica e tão específica, que é a parte espacial."

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Frizerra explica que a oportunidade que a Rússia está oferecendo a Brasil e África do Sul no âmbito do BRICS abre uma frente de inserção do Sul Global que ainda está muito restrita quando comparada às entradas de que EUA ou Europa dispõem no mundo. O especialista afirma que a Rússia está fazendo um jogo estratégico em apostar nessa dimensão.
Ele afirma ainda que uma das buscas dentro da cooperação espacial entre países do BRICS é pelo desenvolvimento de seus próprios satélites e pela autonomia para colocá-los em órbita. "Isso é algo que o próprio governo brasileiro busca. Todo país que almeja ao menos ser uma potência média busca minimizar as suas fragilidades em todos os campos, inclusive no tecnológico."

"Então o BRICS buscar uma própria rede de satélites, ou até mesmo os países, de forma individual, buscarem o desenvolvimento de uma política de satélites, diminui as chances de ficarem dependentes de informações e de comunicações de alguém que amanhã pode ser seu inimigo."

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