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'Modos da política não são os das redes sociais': cada vez mais obstáculos ameaçam agenda de Trump

© AP Photo / Evan VucciDonald Trump, presidente estadunidense, discursa no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C. EUA, 28 de maio de 2025
Donald Trump, presidente estadunidense, discursa no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C. EUA, 28 de maio de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 31.05.2025
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O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu desde sua campanha a "fazer a América grande novamente", por meio de uma agenda que impulsionou desde o primeiro dia de governo.
Entretanto, o grande impulso de Trump ao retornar à Casa Branca, em grande parte apoiado por sua vitória eleitoral contundente sobre Kamala Harris nas eleições gerais de novembro, perdeu força com a saída de colaboradores de alto perfil e decisões do Poder Judiciário, colocando em dúvida o quão viável é que a promessa do magnata de revolucionar a administração pública se torne realidade.
Trump argumentou que seu primeiro governo (2017-2021) foi parcialmente descarrilado pelo surgimento da pandemia de COVID-19 e pelas várias investigações lançadas contra ele.
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O mandatário prometeu levar adiante uma série de iniciativas e mudanças transformadoras, desde limitar dramaticamente a entrada de imigrantes indocumentados ilegais e relançar a economia dos EUA com base em um plano de reindustrialização e imposição de tarifas, até cortar a burocracia e os gastos estatais, além de anexar diferentes territórios estrangeiros (Canadá, Groenlândia e o Canal do Panamá) e resolver o conflito de Israel de maneira imediata.
Vários acontecimentos desta semana, como a saída do empresário Elon Musk, responsável pelo recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, e as constantes idas e vindas judiciais sobre a legalidade da política tarifária, mostram um início caótico que coloca em risco a ambiciosa agenda de Trump para seu segundo mandato.
Em entrevista à Sputnik, o internacionalista da Universidade de Belgrano Samuel Losada avaliou que após quase seis meses de governo, está claro que o poder que Trump acreditava ilimitado não é absoluto:
"Uma lição que Trump deveria tirar dessas derrotas é que fazer as coisas rapidamente não significa fazê-las bem e que raramente se consegue atingir os objetivos se a única voz que se escuta é a própria. Isso quer dizer que sua agenda para o segundo mandato já está irreversivelmente terminada? Não, porque ele ainda nem completou seis meses de governo, mas é um sinal claro de que seu poder não é ilimitado como ele acredita", aponta ele.

'Os modos da política não são os das redes sociais'

Para o analista, a série de contratempos que a Casa Branca tem enfrentado nos últimos dias são consequência de vários fatores.
"Talvez o mais importante seja que Trump entrou para a presidência querendo exibir um domínio total de todas as áreas, alegando que havia obtido um mandato claro dos eleitores. Embora seja verdade que sua vitória foi irrefutável, os tempos e modos da política não são os das redes sociais, que premiam o choque e a viralidade", explica Losada.
O analista destaca que uma das características da presidência do republicano foi fazer "grandes anúncios e depois mandar seus colaboradores encontrarem maneiras de implementá-los".

Losada aponta que, embora Trump tenha se beneficiado da fraqueza do Partido Democrata — que continua envolvido em disputas internas devido à última derrota eleitoral e o debate sobre o estado de saúde do ex-presidente Joe Biden — a fragilidade constitucional de muitas de suas iniciativas, assim como o impacto negativo na economia, com queda do Produto Interno Bruto de 0,2% no primeiro trimestre, fizeram surgir dois opositores de grande peso: o Poder Judiciário e Wall Street.

O primeiro não tem cessado de derrubar muitas das ordens executivas de Trump, embora a Suprema Corte tenha validado em duas oportunidades seu plano de retirar a proteção de imigrantes latino-americanos. O segundo colocou o valor das ações das empresas dos EUA em mínimos, devido à preocupação com o impacto das tarifas.

Musk prometeu demais

No caso da saída de Musk, a figura mais reconhecida de sua administração devido ao seu alto perfil como celebridade e sua enorme fortuna, o internacionalista Matías Flaco, formado pela Universidade de Palermo, disse à Sputnik que se trata de uma "separação anunciada", já que o fundador da Tesla havia prometido grandes cortes, que tiveram resultados insatisfatórios.
A isso se soma o fato de que havia um conflito de interesses, já que ele era, ao mesmo tempo, contratante do Estado e responsável por decidir quais contratos deveriam ser mantidos e quais eliminados.
"Assim como Trump, Musk prometeu demais e depois percebeu que não só seus negócios estavam perdendo valor por seu envolvimento com o governo, mas que sua própria contribuição não estava fazendo muita diferença, já que não se pode agir com a mesma rapidez na administração pública que em uma empresa da qual você é o dono", comentou.
Segundo o especialista, O fato de Musk ter questionado abertamente a lei que Trump promove, conhecida como One Big Beautiful Bill, argumentando que ela representava mais dívida pública, deixa claro que o empresário não estava totalmente alinhado com a Casa Branca.
Para Losada, o risco dessa série de reveses que Trump tem enfrentado é que o presidente republicano radicalize sua postura, em vez de se sentar para negociar e repensar suas estratégias para evitar mais fracassos.
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