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Especialistas: países da OTAN constroem ameaça russa para justificar aumento nos gastos militares
Especialistas: países da OTAN constroem ameaça russa para justificar aumento nos gastos militares
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Para justificar gastos bilionários em defesa, em especial submarinos nucleares, o Reino Unido elencou a Rússia como uma ameaça. A União Europeia, por sua vez... 10.06.2025, Sputnik Brasil
2025-06-10T19:40-0300
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A representação da ameaça russa pelo Ocidente para justificar suas ações e financiar a poderosa indústria de armas não é nenhuma novidade.Pelo contrário. No passado, esse espectro para os Estados Unidos e para os seus países aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) era a antiga União Soviética. "Hoje é a Rússia e também a China", afirma José Augusto Zague, pesquisador do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas e do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), da Universidade Estadual Paulista (Unesp).Ou seja, as ameaças, sejam elas reais ou imaginárias, têm papel crucial na forma como o Ocidente vai justificar seus investimentos em defesa e ampliar seu arsenal.Augusto C. Dall'Agnol, ex-presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE) e doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta que no livro "The Soviet Union and the Arms Race", David Holloway explica que "os Estados Unidos inflaram as capacidades militares soviéticas para assegurar financiamento contínuo ao setor de Defesa".O especialista acrescenta que as ameaças externas operam como instrumentos de coesão política interna e reforço de alianças. Nesse sentido, além do aumento de investimentos, as ameaças servem para acelerar os ciclos de inovação em tecnologias críticas, fomentar coesão política em torno de agendas de segurança, além de argumentos para suas exportações de armamentos.A retórica da atemorização tem, inclusive, contribuído para mudanças nos cenários políticos e de destino do orçamento de países da OTAN.No início do mês, ao anunciar que o Reino Unido construiria 12 submarinos nucleares, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou que a ameaça de enfrentamento por seu país nos dias de hoje é mais "imediata e imprevisível" do que em qualquer momento da Guerra Fria.Países da União Europeia (UE) também aumentarão o gasto em defesa. O bloco autorizou, na última quarta-feira (4), o redirecionamento de até 335 bilhões de euros (cerca de R$ 2,1 trilhões) do Fundo de Recuperação e Resiliência da COVID-19 para iniciativas no âmbito da defesa e segurança.A agenda da UE nos últimos anos ficou marcada por pautas como transição energética e emergências climáticas, com países sendo, inclusive, reticentes com o aumento de gastos em defesa. Segundo Dall'Agnol, o redirecionamento de recursos para a defesa revela "uma inflexão importante nas prioridades estratégicas do bloco".O especialista ressalta que não houve troca de prioridades, mas passou a fazer parte do cenário "uma coexistência tensionada, na qual a defesa passou a disputar, com crescente legitimidade, um espaço orçamentário e político com agendas pré-existentes".De acordo com José Augusto Zague, o aumento dos gastos bélicos do lado europeu da OTAN reflete a ameaça do governo dos Estados Unidos de reduzir sua participação no orçamento do bloco militar.A eminência de apresentar uma coação tem sido tão frequente que a Marinha britânica confundiu flatulências de baleia com drones submarinos russos.Segundo o ex-presidente do ISAPE, o episódio "não deve ser encarado apenas como um erro operacional isolado, mas sim como sintoma de um estado de alerta exacerbado". O especialista contextualiza, ainda, que não se trata de um evento incomum em contextos de elevada tensão estratégica. Durante a Guerra Fria, por exemplo, eventuais movimentos de submarinos ou atividades aéreas foram relatadas e, "muitas vezes, desencadearam reações desproporcionais ou falsas identificações", completa.Forte indústria russa surpreendeu a OTANDall'Agnol recorda que, desde 2022, há aumento acentuado no que diz respeito a gastos militares, reativação de capacidades adormecidas da indústria bélica europeia e norte-americana e aceleração de programas de modernização tecnológica, muitos dos quais "encontravam resistência política ou limitação orçamentária" antes do conflito.Nesse sentido, o conflito "opera como um sistema de legitimação para consolidar uma nova era de rearmamento ocidental", argumenta.Já Zague aponta que a posição russa durante o conflito mostrou um modelo eficiente frente ao modelo de desenho industrial aplicado à tecnologia militar, desenvolvido nos últimos anos pela OTAN.Enquanto isso, segundo o analista, o complexo militar gerido pelos países do Ocidente pecam no planejamento estratégico ao traçar uma demanda, uma vez que eles geram a demanda. "Esse é um dos grandes problemas que faz com que eles tenham que gastar cada vez mais", acrescenta.
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Especialistas: países da OTAN constroem ameaça russa para justificar aumento nos gastos militares
19:40 10.06.2025 (atualizado: 21:41 10.06.2025) Especiais
Para justificar gastos bilionários em defesa, em especial submarinos nucleares, o Reino Unido elencou a Rússia como uma ameaça. A União Europeia, por sua vez, autorizou o uso de bilhões de euros do Fundo de Recuperação da COVID-19 para gastos militares. Por que o Ocidente insiste na retórica do fantasma russo para aumentar sua produção de armas?
A representação da ameaça russa pelo Ocidente para justificar suas ações e financiar a poderosa indústria de armas não é nenhuma novidade.
Pelo contrário. No passado, esse espectro para os Estados Unidos e para os seus países aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) era a antiga União Soviética. "Hoje é a Rússia e também a China", afirma José Augusto Zague, pesquisador do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas e do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
"Uma ameaça pode ser real ou ela pode ser construída. Uma das correntes teóricas das relações internacionais, que é o construtivismo, vai mostrar que um líder pode convencer a audiência — nesse caso, sustentado por esse lobby — da necessidade de aumentar os gastos em tecnologia militar. Para isso, é necessário que ele construa algumas ameaças", acrescenta o analista.
Ou seja, as ameaças, sejam elas reais ou imaginárias, têm papel crucial na forma como o Ocidente vai justificar seus investimentos em defesa e ampliar seu arsenal.
Augusto C. Dall'Agnol, ex-presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE) e doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta que no livro "The Soviet Union and the Arms Race", David Holloway explica que "os Estados Unidos inflaram as capacidades militares soviéticas para assegurar financiamento contínuo ao setor de Defesa".
O especialista acrescenta que as ameaças externas
operam como instrumentos de coesão política interna e reforço de alianças. Nesse sentido, além do
aumento de investimentos, as ameaças servem para acelerar os ciclos de inovação em tecnologias críticas,
fomentar coesão política em torno de agendas de segurança, além de argumentos para suas exportações de armamentos.
A retórica da atemorização tem, inclusive, contribuído para mudanças nos cenários políticos e de destino do
orçamento de países da OTAN.
No início do mês, ao anunciar que o Reino Unido construiria 12 submarinos nucleares, o
primeiro-ministro britânico,
Keir Starmer, declarou que a ameaça de enfrentamento por seu país nos dias de hoje é mais "imediata e imprevisível" do que em qualquer momento da Guerra Fria.
Países da União Europeia (UE) também aumentarão o gasto em defesa. O bloco autorizou, na última quarta-feira (4), o redirecionamento de até 335 bilhões de euros (cerca de R$ 2,1 trilhões) do Fundo de Recuperação e Resiliência da COVID-19 para iniciativas no âmbito da defesa e segurança.
A agenda da UE nos últimos anos ficou marcada por pautas como transição energética e emergências climáticas, com países sendo, inclusive, reticentes com o aumento de gastos em defesa. Segundo Dall'Agnol, o redirecionamento de recursos para a defesa revela "uma inflexão importante nas prioridades estratégicas do bloco".
O especialista ressalta que não houve troca de prioridades, mas passou a fazer parte do cenário "uma coexistência tensionada, na qual a defesa passou a disputar, com crescente legitimidade, um espaço orçamentário e político com agendas pré-existentes".
De acordo com José Augusto Zague, o aumento dos gastos bélicos do lado europeu da OTAN reflete a ameaça do governo dos Estados Unidos de reduzir sua participação no orçamento do bloco militar.
"Para Starmer justificar esse aumento dos gastos para a população do Reino Unido, ele tem, mais uma vez, que exagerar a ameaça, que é o que acontecia lá na Guerra Fria. Então você exagera a ameaça para justificar, para convencer a audiência da necessidade desses gastos", explica o analista.
A eminência de apresentar uma coação tem sido tão frequente que a Marinha britânica confundiu
flatulências de baleia com drones submarinos russos.
Segundo o ex-presidente do ISAPE, o episódio "não deve ser encarado apenas como um erro operacional isolado, mas sim como sintoma de um estado de alerta exacerbado".
O especialista contextualiza, ainda, que não se trata de um evento incomum em contextos de elevada tensão estratégica. Durante a Guerra Fria, por exemplo, eventuais movimentos de submarinos ou atividades aéreas foram relatadas e, "muitas vezes, desencadearam reações desproporcionais ou falsas identificações", completa.
Forte indústria russa surpreendeu a OTAN
Dall'Agnol recorda que, desde 2022, há aumento acentuado no que diz respeito a gastos militares, reativação de capacidades adormecidas da indústria bélica europeia e norte-americana e aceleração de programas de modernização tecnológica, muitos dos quais "encontravam resistência política ou limitação orçamentária" antes do conflito.
Nesse sentido, o conflito "opera como um sistema de legitimação para consolidar uma nova era de
rearmamento ocidental", argumenta.
Já Zague aponta que a posição russa durante o conflito mostrou um modelo eficiente frente ao modelo de desenho industrial aplicado à tecnologia militar, desenvolvido nos últimos anos pela OTAN.
"A Rússia tem mostrado no conflito, e isso é o que preocupa mais os europeus, um desenho industrial eficiente, mesmo sofrendo sanções. […] A OTAN se surpreendeu com esse modelo de desenho industrial russo aplicado à tecnologia militar", aponta.
Enquanto isso, segundo o analista, o complexo militar gerido pelos
países do Ocidente pecam no planejamento estratégico ao traçar uma demanda, uma vez que eles geram a demanda.
"Esse é um dos grandes problemas que faz com que eles tenham que gastar cada vez mais", acrescenta.
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