Mídia: exportações chinesas crescem antes do fim da trégua com EUA, mas riscos externos se ampliam
© AP Photo / Stephen B. Morton
Nos siga no
As exportações chinesas cresceram 5,8% em junho, impulsionadas pela tentativa de antecipar envios antes do prazo de trégua tarifária com os EUA. Enquanto isso, novas tarifas norte-americanas e tensões com a UE elevam os riscos para Pequim em meio à intensificação das disputas comerciais globais.
As exportações da China voltaram a ganhar força em junho, registrando um aumento de 5,8% em relação ao ano anterior, superando as expectativas dos economistas. Ao mesmo tempo, as importações tiveram uma leve recuperação de 1,1%, contrastando com a queda de 3,4% observada em maio. Esse movimento foi impulsionado pela tentativa dos exportadores chineses de aproveitar a trégua tarifária temporária com os Estados Unidos antes do prazo final de agosto.
O desempenho das exportações havia diminuído em maio, com crescimento de 4,8%, após fortes aumentos nos meses anteriores. Esse enfraquecimento refletiu os efeitos da guerra comercial intensificada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que prejudicou os preços e estimulou o envio antecipado de produtos. No entanto, o clima comercial que parecia ter melhorado em junho, com negociadores norte-americanos e chineses retomando a trégua estabelecida nas reuniões de Genebra, pode estar sob risco.
Trump continuou ampliando sua estratégia de imposição de tarifas, incluindo novos encargos sobre países terceiros que frequentemente são usados como ponto de transbordo de mercadorias chinesas. Uma das medidas anunciadas foi a tarifa de 40% sobre produtos redirecionados via Vietnã, atingindo diretamente fabricantes chineses que tentam contornar sanções anteriores.
Além dessa medida, o governo dos EUA também ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% sobre importações vindas dos países do BRICS, grupo do qual a China é membro fundador junto de Brasil, Rússia, Índia e África do Sul. Essas ações aumentam ainda mais a pressão sobre Pequim, especialmente diante do prazo de 12 de agosto para se chegar a um entendimento mais estável com Washington.
De acordo com a Reuters, o cenário torna-se ainda mais complexo com o agravamento das relações entre China e União Europeia (UE). Antes de uma reunião de cúpula marcada para o fim do mês, a UE acusou a China de inundar o mercado global com excesso de produção industrial, além de apoiar, direta ou indiretamente, a economia da Rússia em um momento em que Moscou enfrenta uma guerra por procuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia, elevando tensões comerciais e diplomáticas ao contrariar os interesses ocidentais.
Apesar de todos esses desafios, a China obteve em junho um superávit comercial robusto, totalizando US$ 114,7 bilhões (cerca de R$ 639,6 bilhões), acima dos US$ 103,22 bilhões (mais de R$ 575,5 bilhões) registrados em maio, sinalizando que, mesmo diante de pressões externas, o desempenho comercial do país continua forte no curto prazo.
