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Multinacionais anunciam saída da Argentina e acendem alerta: êxodo de empresas no mercado argentino?

© AP Photo / Jose Luis MaganaElon Musk segura uma motosserra que recebeu do presidente argentino Javier Milei, à direita, ao chegarem para discursar na Conferência de Ação Política Conservadora, CPAC, em Oxon Hill, Maryland, EUA, 20 de fevereiro de 2025
Elon Musk segura uma motosserra que recebeu do presidente argentino Javier Milei, à direita, ao chegarem para discursar na Conferência de Ação Política Conservadora, CPAC, em Oxon Hill, Maryland, EUA, 20 de fevereiro de 2025  - Sputnik Brasil, 1920, 30.07.2025
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Várias empresas multinacionais anunciaram que estão vendendo seus ativos na Argentina ou saindo diretamente do mercado. Especialistas ouvidos pela Sputnik destacaram que, embora o fenômeno não tenha começado com Javier Milei, o atual presidente não está conseguindo conter a "crise política" que alimenta a desconfiança.
A preocupação com um possível "êxodo" de empresas internacionais da Argentina ganhou força com o anúncios de empresas por trás de marcas reconhecidas como Mercedes-Benz, Clorox, Carrefour e Telefónica de que deixarão o mercado argentino.
Embora muitas dessas empresas estejam, na verdade, transferindo seus ativos para outros conglomerados que continuarão representando suas marcas, a ideia de que multinacionais considerem que o mercado argentino já não é tão atrativo gerou apreensão entre analistas e veículos especializados.
Nem mesmo o megacampo de Vaca Muerta — a grande aposta energética do país sul-americano — parece escapar: nos últimos meses, empresas como a francesa TotalEnergies anunciaram sua saída, assim como outros importantes atores do setor energético, como ExxonMobil, Enap Sipetrol e Petronas.

"Argentina é um país com uma presença fortíssima de capital externo. Segundo o próprio Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos), dois terços das 500 maiores empresas são estrangeiras. Agora, é verdade que há um fenômeno de retirada de empresas transnacionais da Argentina", reconheceu o economista Julio Gambina em entrevista à Sputnik.

O acadêmico esclareceu, no entanto, que se trata de um processo "que não começou com o governo de Javier Milei" e que já vinha ocorrendo nas gestões de Alberto Fernández (2019–2023) e Mauricio Macri (2015–2019).
Também ouvida pela Sputnik, a economista-chefe da Epyca Consultores, Florencia Fiorentin, apontou que “é natural que empresas entrem e saiam”, e que “um indicador tão específico” como o número de companhias que deixaram o país no último ano pode não ser suficiente para tirar conclusões sobre o rumo da economia.
Ela acrescentou ainda que o número de empresas que deixaram o país durante a gestão de Milei ainda é menor do que o registrado nas administrações anteriores.
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O tipo de câmbio, com dólar relativamente "barato" para os argentinos, segundo ela, é um dos fatores que tornam a Argentina "menos atrativa" para as empresas focadas na exportação de seus produtos, que observam os salários se tornarem "consideravelmente mais caros em termos relativos".

"Também há outros fatores conjunturais, como a queda no nível de atividade e no consumo, as constantes mudanças nas regras do jogo, a baixa disponibilidade de investimentos, a possibilidade recorrente de que os controles cambiais retornem, entre outros. Dependendo do setor, soma-se ainda a menor aposta em ciência, tecnologia e inovação", enumerou a especialista.

Nesse contexto, ela considerou que, embora o modelo econômico de Milei "pareça ter um rumo claro que dá certa previsibilidade às empresas", não consegue "criar um terreno fértil para o desenvolvimento e atração de investimentos".

Uma crise política que não termina

Para Gambina, Milei não está conseguindo dissipar a "incerteza política" que persiste na Argentina, mesmo quando o líder libertário parece contar com um "consenso eleitoral" significativo.
O economista apontou que, apesar de promover uma agenda "muito favorável ao capital externo", com importantes benefícios fiscais, "os sinais pró-mercado do governo de Milei ainda não geram confiança suficiente para investir na Argentina".
Da mesma forma, o especialista citou como exemplo que a decisão do atual governo argentino de flexibilizar as restrições cambiais conhecidas como "cepo" não alcançou o objetivo de incentivar o investimento estrangeiro. Pelo contrário, favoreceu a retenção de divisas para poupança ou mesmo a saída de capitais do país.
"O problema é que há uma crise política na Argentina e, em função disso, muitos executivos de multinacionais estão se perguntando se [o país] vai reverter ou não essa situação", afirmou Gambina.
Outro indicador disso, segundo Gambina, é que a Argentina continua com índice de Risco-País acima dos 700 pontos — um valor muito superior ao de países vizinhos. "Esse é um dado que revela a desconfiança dos mercados internacionais", acrescentou.
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