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Drones explosivos: ataque popularizado pela Ucrânia é empregado por criminosos na Colômbia

© AP Photo / Efrem LukatskySoldado ucraniano prepara drone para ataque próximo à região de Avdeevka, em Donbass. Ucrânia, 22 de março de 2024
Soldado ucraniano prepara drone para ataque próximo à região de Avdeevka, em Donbass. Ucrânia, 22 de março de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 08.08.2025
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Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas explicam que o conflito no Leste Europeu inundou a Internet com tutoriais para a adaptação desse dispositivo, que pode ser comprado on-line e ajustado para uso militar.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) divulgou, no fim do último mês, que o número de feridos e mortos a partir do lançamento de objetos explosivos na Colômbia cresceu 342% nos cinco primeiros meses de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado. De acordo com a organização, são 137 vítimas nesses ataques, muitos deles realizados a partir de drones.
Essas ações foram creditadas a quadrilhas de narcotraficantes e a outros grupos armados, como o Exército da Libertação Nacional (ELN), e, segundo a CICV, encaminham o povo colombiano ao "pior ano da última década em consequências humanitárias".
O uso de drones civis — que antes tinham como função gravar paisagens ou fazer manobras —, em contexto militar, ganhou popularidade nas mãos da Ucrânia como alternativa no combate às forças russas durante a operação militar especial.
Especialistas entrevistados pela Sputnik Brasil explicaram que organizações criminosas da Colômbia podem ter se inspirado no modelo de combate de Kiev e, inclusive, encontrado tutoriais na Internet para adaptar esses drones como dispositivos bélicos.
O professor de geopolítica da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) Vinicius Teixeira conta que sequer é preciso comprar um drone pronto, sendo possível construir o veículo a partir de impressoras 3D. O especialista destaca que não há como evitar que modelos prontos para impressão, por exemplo, caiam nas mãos de criminosos, e esses veículos, posteriormente, sejam usados para atacar civis e militares.

"A guerra na Ucrânia possibilitou, de uma maneira absurda, a difusão dessas informações, desse tipo de emprego, e hoje você tem uma facilidade tremenda em achar esse tipo de informação, de acesso a esse tipo de mecanismo."

Teixeira ressalta que, além de membros da ELN, existem acusações de ataques com drones realizados por ex-integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Para o professor, também há o receio de que mercenários colombianos, que eventualmente retornarão da Ucrânia, dominem esses dispositivos para atentados.

"Os mercenários que têm ido para a Ucrânia, originais da Colômbia, hoje são maioria na América do Sul. A gente não tem ideia ainda de quantos conseguiram voltar ou passar informações para os colombianos que aqui na América do Sul residem, mas certamente há um temor dessa contaminação do mercenarismo sul-americano com técnicas da guerra moderna ucraniana."

O professor titular de relações internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Williams Gonçalves conta que mercenários se capacitam durante ações militares como na Ucrânia e, inevitavelmente, carregam consigo o conhecimento adquirido em campo.

"É perfeitamente possível e de se crer que esses mercenários vindos da Ucrânia, por participarem da guerra, tragam para a Colômbia novas técnicas para defender suas posições e enfrentar a repressão governamental."

Gonçalves ressalta que os ataques com drones não são exclusividade das organizações criminosas colombianas, mas também feitos pelas forças de segurança do país na luta contra esses grupos.

"O fácil acesso aos drones tornou o seu uso generalizado. O governo já havia usado drones para tentar combater as plantações de coca. E, agora, as facções ligadas ao tráfico usam os drones para atingir os seus alvos, para revidar a ação governamental."

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Ataques com drones no Brasil

Não demorou muito para que o drone se tornasse dispositivo indispensável de traficantes brasileiros. Além de ataques a facções rivais, criminosos também aproveitam a mobilidade e o baixo ruído dos veículos para, por exemplo, lançar celulares e drogas em presídios.
Como toda ação gera uma reação, também era questão de tempo para que as organizações criminosas passassem a usar dispositivos para bloquear os sinais de drones rivais. A Polícia Militar do Rio de Janeiro, inclusive, apreendeu no mês de junho um equipamento desse tipo com o logotipo das Forças Armadas da Ucrânia na comunidade de Acari, Zona Norte da cidade.
Teixeira alerta que as autoridades brasileiras devem se precaver em relação ao desvio de tecnologias de guerra, como o aparelho antidrone. Para isso, na visão do especialista, é necessário investir em inteligência.
"O que acho mais viável, é lógico que não é o mais barato, mas certamente o investimento em inteligência, nas formas de utilização, rastreio das operações desses grupos [criminosos]. Saber por onde se equipam, como vai chegar nas mãos deles e quem opera. A inteligência certamente vai ser o meio mais eficaz para coibir a utilização desses equipamentos."
Assim como Teixeira, Gonçalves entende que é preciso encontrar quem usa drones para ações maliciosas, uma vez que é impossível coibir a circulação do equipamento.

"Não há como combater o drone, há de se combater aqueles que fazem o uso do drone. Porque o drone é um instrumento que está ao alcance de todos e se presta aos mais diferentes usos. […] No meu entendimento, não constitui surpresa que os criminosos o usem para o seu benefício e atividades."

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