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Três vezes em que o desenvolvimento do Brasil foi sabotado por estrangeiros
Três vezes em que o desenvolvimento do Brasil foi sabotado por estrangeiros
Sputnik Brasil
Documentos de inteligência nacional e internacionais revelaram espionagens e chantagens que impediram o progresso brasileiro em campos como defesa, indústria... 28.08.2025, Sputnik Brasil
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Quando o assunto é sabotagem contra o Brasil, é comum vir à cabeça de todos a explosão no Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, ocorrido em agosto de 2003. O desastre tirou a vida de 21 profissionais, minou a confiança do país sobre o Programa Espacial Brasileiro (PEB) e acendeu uma dúvida: é possível que o acidente tenha sido obra de agentes do exterior?Uma reportagem da Folha de S.Paulo, em 2013, revelou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de fato, investigou uma possível sabotagem do serviço secreto francês — que possui uma base de lançamento na Guiana Francesa. Todavia, as apurações não encontraram envolvimento de Paris no caso.Nas redes sociais, muitas pessoas teorizam sobre o envolvimento dos Estados Unidos, baseado na grande presença de norte-americanos na região de Alcântara nos dias anteriores à data que o lançamento estava previsto. Porém, tampouco há evidências de ligação direta.Se no caso da explosão no Maranhão não foram encontrados indícios de envolvimento estrangeiro, isso não significa que o Brasil nunca tenha sido alvo de sabotagem. Neste texto, a Sputnik Brasil conta três vezes em que a ação de agentes internacionais impediram o progresso do país em diferentes campos.Energia nuclearO Brasil, por meio de Álvaro Alberto da Motta e Silva, costurou com os Estados Unidos, em 1945, uma parceria para o desenvolvimento da energia nuclear nacional. Enquanto Brasília enviaria matérias-primas físseis, Washington colaboraria com tecnologia nuclear, além de receber professores, alunos e cientistas nas instituições norte-americanas.Apesar de o Brasil ter enviado minérios radioativos para os EUA, os reatores nucleares nunca chegaram ao país. Segundo a historiadora Fernanda das Graças Corrêa, autora do livro "O projeto do submarino nuclear brasileiro: uma história de ciência, tecnologia e soberania", foi neste momento que Brasília percebeu que não poderia contar com Washington para o crescimento no campo nuclear.Quase uma década depois, em 1952, Álvaro se aproximou de engenheiros e técnicos alemães, que eram vanguarda no assunto à época, com o objetivo de desenvolver nacionalmente o enriquecimento de urânio. No fim de 1953, o governo de Getúlio Vargas autorizou a compra de três ultracentrífugas da Alemanha.Com o projeto classificado como secreto, um grupo restrito de brasileiros e alemães sabia sobre a parceria. Enquanto alguns químicos foram para a Europa, a fim de treinar o manuseio de gases pesados, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, o espaço para um laboratório já havia sido cedido pelo governo fluminense.Apesar de o Banco do Brasil pagar ao banco alemão para a América do Sul uma quantia de US$ 80 mil (R$ 432,8 mil, na cotação atual), as ultracentrífugas nunca chegaram ao território brasileiro. Os equipamentos foram apreendidos ainda na Alemanha pelo então governador local, o brigadeiro inglês Harvey Smith. Álvaro procurou Smith, que indicou que a apreensão foi um pedido do alto comissário estadunidense James Conant, que, por sua vez, responsabilizou a Comissão de Energia Atômica dos EUA.Álvaro, acompanhado do embaixador Walther Moreira Salles, se encontrou com Lewis Strauss, presidente da comissão. Entretanto, relatos da reunião apontam que Strauss apenas debochou dos planos brasileiros.Tanque Osório e a EngesaEm abril de 1984, Brasil e Arábia Saudita anunciavam um acordo de US$ 2 bilhões (R$ 10,8 bilhões, na cotação atual) para o desenvolvimento de uma versão do tanque Osório, que cinco anos depois ganharia o nome Al Fahad. A questão é: os Estados Unidos estavam cientes.Em 2016, documentos, antes sigilosos, foram desclassificados pelos EUA e mostram que a CIA espionou o complexo militar brasileiro entre as décadas de 1970 e 1980. Com o uso de satélites e informantes, Washington teve acesso aos acordos secretos de Brasília e Riad e diziam, por meio de relatórios, que a indústria bélica nacional era frágil e extremamente dependente de vendas para o exterior.Apesar de anos de desenvolvimento do Al Fahad, a Arábia Saudita abandonou o projeto sem produzir um tanque sequer, decidindo em vez disso pela compra dos tanques norte-americanos M1 Abrams, considerado por analistas uma escolha pior em termos técnicos.Desenvolvedora do Osório, a Engesa — considerada a maior indústria militar brasileira e alvo de espionagem dos EUA — por sua vez, faliu em 1993, em decorrência da falta de compradores.Indústria aeroespacial brasileiraNo início dos anos 2000, Brasil e Ucrânia trabalhavam em cooperação para implantar a plataforma de lançamento Cyclone 4, no Centro Espacial do Maranhão. A aproximação dos dois países, porém, gerou insatisfação nos Estados Unidos, que, por meio da diplomacia, colocou uma série de barreiras para Kiev em relação ao projeto.Documentos revelados no WikiLeaks, em 2010, mostram que Washington tentou minar a parceria entre os países, ao menos, desde 2009. A Casa Branca permitia que Kiev e Brasília trabalhassem juntos, mas não desejava que qualquer tipo de transferência de tecnologia espacial fosse entregue ao Brasil."Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil", apontava trecho da carta enviada pelo Departamento de Estado à Embaixada dos EUA em Brasília.Conforme publicado pela CNN Brasil, a parceria Brasil-Ucrânia custou aos cofres públicos de cada país cerca de R$ 500 milhões. Iniciada em 2003, a cooperação, extinta em 2019 por medida provisória, terminou sem lançar um foguete sequer.
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Três vezes em que o desenvolvimento do Brasil foi sabotado por estrangeiros
16:15 28.08.2025 (atualizado: 20:00 28.08.2025) Redação
Equipe da Sputnik Brasil
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Documentos de inteligência nacional e internacionais revelaram espionagens e chantagens que impediram o progresso brasileiro em campos como defesa, indústria aeroespacial e desenvolvimento nuclear.
Quando o assunto é sabotagem contra o Brasil, é comum vir à cabeça de todos a explosão no
Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, ocorrido em agosto de 2003. O desastre tirou a vida de
21 profissionais,
minou a confiança do país sobre o Programa Espacial Brasileiro (PEB) e acendeu uma dúvida:
é possível que o acidente tenha sido obra de agentes do exterior?Uma reportagem da Folha de S.Paulo, em 2013,
revelou que a
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de fato, investigou uma
possível sabotagem do serviço secreto francês — que possui uma base de lançamento na Guiana Francesa. Todavia,
as apurações não encontraram envolvimento de Paris no caso.
Nas redes sociais, muitas pessoas teorizam sobre o envolvimento dos Estados Unidos, baseado na grande presença de norte-americanos na região de Alcântara nos dias anteriores à data que o lançamento estava previsto. Porém, tampouco há evidências de ligação direta.
Se no caso da explosão no Maranhão não foram encontrados indícios de envolvimento estrangeiro, isso não significa que o Brasil nunca tenha sido alvo de sabotagem. Neste texto, a Sputnik Brasil conta três vezes em que a ação de agentes internacionais impediram o progresso do país em diferentes campos.
O Brasil, por meio de Álvaro Alberto da Motta e Silva, costurou com os Estados Unidos, em 1945, uma parceria para o desenvolvimento da energia nuclear nacional. Enquanto Brasília enviaria matérias-primas físseis, Washington colaboraria com tecnologia nuclear, além de receber professores, alunos e cientistas nas instituições norte-americanas.
Apesar de o Brasil ter enviado minérios radioativos para os EUA, os reatores nucleares nunca chegaram ao país. Segundo a historiadora Fernanda das Graças Corrêa, autora do livro "O projeto do submarino nuclear brasileiro: uma história de ciência, tecnologia e soberania", foi neste momento que Brasília percebeu que não poderia contar com Washington para o crescimento no campo nuclear.
Quase uma década depois, em 1952, Álvaro se aproximou de engenheiros e técnicos alemães, que eram vanguarda no assunto à época, com o objetivo de desenvolver nacionalmente o enriquecimento de urânio. No fim de 1953, o governo de Getúlio Vargas autorizou a compra de três ultracentrífugas da Alemanha.
Com o projeto classificado como secreto, um grupo restrito de brasileiros e alemães sabia sobre a parceria. Enquanto alguns químicos foram para a Europa, a fim de treinar o manuseio de gases pesados, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, o espaço para um laboratório já havia sido cedido pelo governo fluminense.
Apesar de o Banco do Brasil pagar ao banco alemão para a América do Sul uma quantia de US$ 80 mil (R$ 432,8 mil, na cotação atual), as ultracentrífugas nunca chegaram ao território brasileiro. Os equipamentos foram apreendidos ainda na Alemanha pelo então governador local, o brigadeiro inglês Harvey Smith. Álvaro procurou Smith, que indicou que a apreensão foi um pedido do alto comissário estadunidense James Conant, que, por sua vez, responsabilizou a Comissão de Energia Atômica dos EUA.
Álvaro, acompanhado do embaixador Walther Moreira Salles, se encontrou com Lewis Strauss, presidente da comissão. Entretanto, relatos da reunião apontam que Strauss apenas debochou dos planos brasileiros.
Em abril de 1984, Brasil e Arábia Saudita anunciavam um acordo de US$ 2 bilhões (R$ 10,8 bilhões, na cotação atual) para o desenvolvimento de uma versão do tanque Osório, que cinco anos depois ganharia o nome Al Fahad. A questão é: os Estados Unidos estavam cientes.
Em 2016, documentos, antes sigilosos, foram desclassificados pelos EUA e mostram que a CIA espionou o complexo militar brasileiro entre as décadas de 1970 e 1980. Com o uso de satélites e informantes, Washington teve acesso aos acordos secretos de Brasília e Riad e diziam, por meio de relatórios, que a indústria bélica nacional era frágil e extremamente dependente de vendas para o exterior.
Apesar de anos de desenvolvimento do Al Fahad, a Arábia Saudita abandonou o projeto sem produzir um tanque sequer, decidindo em vez disso pela compra dos tanques norte-americanos M1 Abrams, considerado por analistas uma escolha pior em termos técnicos.
Desenvolvedora do Osório, a Engesa — considerada a maior
indústria militar brasileira e alvo de espionagem dos EUA — por sua vez,
faliu em 1993, em decorrência da falta de compradores.
Indústria aeroespacial brasileira
No início dos anos 2000, Brasil e Ucrânia trabalhavam em cooperação para implantar a plataforma de lançamento Cyclone 4, no Centro Espacial do Maranhão. A aproximação dos dois países, porém, gerou insatisfação nos Estados Unidos, que, por meio da diplomacia, colocou uma série de barreiras para Kiev em relação ao projeto.
Documentos revelados no WikiLeaks, em 2010, mostram que
Washington tentou minar a parceria entre os países, ao menos, desde 2009. A
Casa Branca permitia que Kiev e Brasília trabalhassem juntos, mas
não desejava que qualquer tipo de transferência de tecnologia espacial fosse entregue ao Brasil.
"Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil", apontava trecho da carta enviada pelo Departamento de Estado à Embaixada dos EUA em Brasília.
Conforme
publicado pela CNN Brasil, a parceria Brasil-Ucrânia custou aos cofres públicos de cada país cerca de
R$ 500 milhões. Iniciada em 2003, a cooperação, extinta em 2019 por medida provisória,
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