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Resgate desde Washington: Milei recorre a Trump, o 'novo salva-vidas financeiro'
Resgate desde Washington: Milei recorre a Trump, o 'novo salva-vidas financeiro'
Sputnik Brasil
O presidente argentino, Javier Milei, terá um encontro com seu homólogo dos EUA, Donald Trump, com o objetivo de obter financiamento em meio a uma virtual... 22.09.2025, Sputnik Brasil
2025-09-22T23:56-0300
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Durante sua viagem a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente se reunirá com Donald Trump e com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que afirmou estar "disposto a fazer o necessário" para apoiar o governo argentino diante da forte pressão cambial.Bessent antecipou que as opções em análise incluem um swap — troca de moedas —, compras diretas de dólares ou aquisição de dívida argentina em moeda forte. Esse apoio seria um movimento incomum e sem precedentes recentes na relação bilateral, um novo salva-vidas financeiro em Washington.A visita ocorre após uma semana marcada por tensão nos mercados. Em apenas três dias, o Banco Central vendeu mais de 1,1 bilhão de dólares (R$ 5,8 bilhões) de suas já reduzidas reservas, para evitar um salto na cotação que levasse o dólar a ultrapassar o teto de flutuação acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).A incerteza sobre a sustentabilidade dessa perda de dólares refletiu-se nos principais indicadores financeiros: ações e títulos soberanos despencaram ao final da semana e elevaram o risco soberano do país para mais de 1.500 pontos — seu maior valor em 12 meses. Em uma tentativa de obter divisas extraordinárias do setor agropecuário, a Casa Rosada suspendeu a cobrança de impostos sobre as exportações do setor — conhecidos como “retenciones” — por 40 dias. A decisão tem um tom eleitoreiro: a medida será encerrada em 31 de outubro, apenas cinco dias após as eleições legislativas nacionais.O anúncio contradiz a narrativa oficial do "déficit zero": segundo estimativas privadas, o Estado deixaria de arrecadar cerca de 1,5 bilhão de dólares (R$ 8 bilhões). Essa concessão aos agroexportadores contrasta com o corte orçamentário em áreas como universidades públicas e hospitais pediátricos.Milei está negociando um empréstimo do Tesouro dos Estados Unidos, por meio do Fundo de Estabilização Cambial, para enfrentar vencimentos de dívida de US$ 8,5 bilhões (R$ 45 bilhões) em 2026. A tensão política agrava o panorama interno. Após sucessivos reveses no Congresso e a derrota eleitoral na província de Buenos Aires, a oposição conseguiu reunir maiorias para derrubar vários vetos presidenciais. O governo atribuiu esses tropeços à desconfiança dos mercados e falou em um "boicote" da oposição.Com reservas líquidas negativas superiores a US$ 7,5 bilhões (R$ 40 bilhões), a Argentina deve mais divisas do que possui em caixa e analistas alertam que a estratégia dificilmente poderá ser sustentada sem apoio externo.O interesse da Casa BrancaPara os Estados Unidos, a Argentina hoje tem uma importância geopolítica que não tinha desde a construção do canal do Panamá, disse à Sputnik o analista internacional Rodrigo Ventura de Marco.No entanto, para Ventura de Marco, o apoio da Casa Branca "vai durar apenas até o momento em que os interesses de Washington sejam prejudicados e a Argentina deixar de ser útil para a concretização da estratégia dos EUA", o que "expõe as falhas da política externa idealista promovida pela atual administração argentina", opinou ele.A outra face da moedaEm entrevista à Sputnik, o economista e ex-diretor do Banco Central da Argentina Jorge Carrera afirmou que o governo argentino "está ganhando um pouco de oxigênio, mas pagando um preço alto para chegar até as eleições: por um lado, com as exigências de Washington, e por outro, com o impacto fiscal de suspender a cobrança dos impostos sobre as exportações".Ainda assim, a margem de manobra é limitada. Se a tendência da última semana continuar, com vendas superiores a US$ 1 bilhão (R$ 5,8 bilhões) para manter o câmbio, a fragilidade financeira pode levar a uma instabilidade ainda maior, segundo o economista:Em 2018, sob pressão direta de Trump, o FMI concedeu à Argentina um empréstimo recorde de US$ 44 bilhões (R$ 234 bilhões), na então gestão de Mauricio Macri (2015–2023), justamente quando o programa econômico começava a ruir. Diante desse histórico, Carrera alertou:
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Resgate desde Washington: Milei recorre a Trump, o 'novo salva-vidas financeiro'
23:56 22.09.2025 (atualizado: 08:01 23.09.2025) O presidente argentino, Javier Milei, terá um encontro com seu homólogo dos EUA, Donald Trump, com o objetivo de obter financiamento em meio a uma virtual crise cambial para dar "oxigênio ao governo, que está assumindo um custo alto para chegar às eleições", disse um especialista à Sputnik.
Durante sua viagem a Nova York para participar da
Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente se reunirá com
Donald Trump e com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que afirmou estar "disposto a fazer o necessário" para apoiar o governo argentino diante da forte pressão cambial.
Bessent antecipou que as opções em análise incluem um swap — troca de moedas —, compras diretas de dólares ou aquisição de dívida argentina em moeda forte. Esse apoio seria um movimento incomum e sem precedentes recentes na relação bilateral, um novo salva-vidas financeiro em Washington.
A visita ocorre após uma semana marcada por tensão nos mercados. Em apenas três dias, o
Banco Central vendeu mais de 1,1 bilhão de dólares (R$ 5,8 bilhões) de suas já reduzidas reservas, para evitar um salto na cotação que levasse o dólar a ultrapassar o teto de flutuação acordado com o
Fundo Monetário Internacional (FMI).
A incerteza sobre a sustentabilidade dessa perda de dólares refletiu-se nos principais indicadores financeiros: ações e títulos soberanos despencaram ao final da semana e elevaram o risco soberano do país para mais de 1.500 pontos — seu maior valor em 12 meses.
Em uma tentativa de obter divisas extraordinárias do setor agropecuário, a Casa Rosada suspendeu a cobrança de impostos sobre as exportações do setor — conhecidos como “retenciones” — por 40 dias. A decisão tem um
tom eleitoreiro: a medida será encerrada em 31 de outubro, apenas
cinco dias após as eleições legislativas nacionais.
O anúncio contradiz a narrativa oficial do "déficit zero": segundo estimativas privadas, o Estado deixaria de arrecadar cerca de 1,5 bilhão de dólares (R$ 8 bilhões). Essa concessão aos agroexportadores contrasta com o corte orçamentário em áreas como universidades públicas e hospitais pediátricos.
Milei está negociando um empréstimo do Tesouro dos Estados Unidos, por meio do Fundo de Estabilização Cambial, para enfrentar vencimentos de dívida de US$ 8,5 bilhões (R$ 45 bilhões) em 2026.
A tensão política agrava o panorama interno. Após sucessivos reveses no Congresso e a
derrota eleitoral na província de Buenos Aires, a oposição conseguiu reunir maiorias para derrubar vários vetos presidenciais. O governo atribuiu esses tropeços à desconfiança dos mercados e falou em um "boicote" da oposição.
Com reservas líquidas negativas superiores a US$ 7,5 bilhões (R$ 40 bilhões), a Argentina deve mais divisas do que possui em caixa e analistas alertam que a estratégia dificilmente poderá ser sustentada sem apoio externo.
O interesse da Casa Branca
Para os Estados Unidos, a Argentina hoje tem uma importância geopolítica que não tinha desde a construção do canal do Panamá, disse à Sputnik o analista internacional Rodrigo Ventura de Marco.
"Milei representa, para Trump, a oportunidade de garantir seus interesses em uma área de relevância estratégica como o Atlântico Sul. Isso resultou não apenas em concessões de natureza política, mas também na área de defesa, com a compra do sistema de armas F-16 e o armamento das aeronaves adquiridas".
No entanto, para Ventura de Marco, o apoio da Casa Branca "vai durar apenas até o momento em que os interesses de Washington sejam prejudicados e a Argentina deixar de ser útil para a concretização da estratégia dos EUA", o que "expõe as falhas da política externa idealista promovida pela atual administração argentina", opinou ele.
Em entrevista à Sputnik, o economista e ex-diretor do Banco Central da Argentina Jorge Carrera afirmou que o governo argentino "está ganhando um pouco de oxigênio, mas pagando um preço alto para chegar até as eleições: por um lado, com as exigências de Washington, e por outro, com o impacto fiscal de suspender a cobrança dos impostos sobre as exportações".
"O apoio dos Estados Unidos é fundamental para Milei porque, hoje, o país tem poucas fontes de financiamento. Mesmo sendo um crédito com motivações geopolíticas, ele tem um efeito imediato ao trazer certa calma aos mercados", disse Carrera.
Ainda assim, a margem de manobra é limitada. Se a tendência da última semana continuar, com vendas superiores a US$ 1 bilhão (R$ 5,8 bilhões) para manter o câmbio, a fragilidade financeira pode levar a uma instabilidade ainda maior, segundo o economista:
"O crédito de Trump ao governo Milei só serviria para ganhar tempo até as eleições, já que está claro que haverá correções cambiais depois", disse Carrera.
Em 2018, sob pressão direta de Trump,
o FMI concedeu à Argentina um empréstimo recorde de
US$ 44 bilhões (R$ 234 bilhões), na então gestão de
Mauricio Macri (2015–2023), justamente quando o programa econômico começava a ruir. Diante desse histórico, Carrera alertou:
"O Fundo não quer que o governo use as reservas para sustentar o câmbio, porque já viu isso acontecer recentemente na Argentina — e sabe que terminou mal".
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