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Não só os jovens: redes sociais moldam opinião de todas as faixas etárias, dizem especialistas
Não só os jovens: redes sociais moldam opinião de todas as faixas etárias, dizem especialistas
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Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas explicam que a Internet apresentou uma nova maneira de fazer política e que as plataformas são... 09.10.2025, Sputnik Brasil
2025-10-09T19:00-0300
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A Internet é parte essencial da sociedade contemporânea. As pessoas utilizam a rede mundial de computadores para trabalhar, conversar, realizar pagamentos, se entreter, entre outras finalidades. Um uso, todavia, passa desapercebido: se organizar politicamente.O melhor exemplo desse cunho político da Internet é a revolução da geração Z no Nepal, há pouco mais de um mês. Jovens do país foram às ruas para derrubar o governo após a administração bloquear redes sociais como Facebook, Instagram e WhatsApp (plataformas proibidas na Rússia por extremismo). Os manifestantes usaram a própria Internet para combinar os protestos, fechando um ciclo no qual a rede foi o motivo e o meio para as manifestações.Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas afirmam que as redes sociais são capazes de moldar a opinião não só de jovens, mas de todas as faixas etárias. Para os analistas, as plataformas, hoje, são um espaço político, assim como sindicatos e grupos sociais já foram, com o agravante da circulação das fake news.Lucas Mendes, professor de geopolítica na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e cofundador do Geopolítica Hoje e da Escola Acrópole, conta que os protestos no Nepal foram, de fato, comandados pela geração Z, mas que, ao longo da história, os jovens já estiveram à frente de muitas manifestações. Ainda assim, o especialista não descarta as redes sociais como um facilitador para revoluções.Mendes acredita que esteja cada vez mais difícil distinguir o papel de quem é um militante tradicional, com base social e ligado a um sindicato, das pessoas que se organizam pelas redes sociais. O especialista também destaca que a sociedade, por muitas vezes, pode se deixar levar por pautas levantadas na rede, sem sequer refletir sobre o conteúdo.Piero Leirner, doutor em antropologia social pela Universidade de São Paulo (USP), professor titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor do livro "O Brasil no espectro de uma guerra híbrida", cita como exemplo o 8 de Janeiro para embasar o argumento de que todas as gerações estão suscetíveis ao impacto da tecnologia.Leirner afirma que é muito difícil combater essas notícias falsas atualmente. Se antigamente os emissores eram televisões, rádios, revistas e jornais impressos, hoje as fake news podem partir de qualquer lugar, sendo difícil até responsabilizar as plataformas.Governos nas mãos das redes sociaisA ação da administração nepalense de bloquear algumas redes sociais foi o estopim para uma convulsão social. No Brasil, é possível notar uma comoção em diferentes setores da sociedade quando é colocada em pauta a regulamentação dessas mesmas plataformas.Do outro lado, as big techs norte-americanas contam com forte apoio estatal para operar as próprias regras onde quer que estejam. O estabelecimento de normas para essas companhias logo é classificado como censura e gera reações de governantes, como o presidente dos EUA, Donald Trump.Mendes afirma que nos últimos anos as big techs se aproximaram de Washington, mas que essa relação ganhou um novo nível após o retorno de Trump ao comando do país. Enquanto o republicano pressiona outros governos para desistirem da regulamentação das redes, empresas como a Meta (cujas atividades são proibidas na Rússia por serem consideradas extremistas) prometem investimentos nos Estados Unidos.O professor da PUC Minas vê como muito ruim o modus operandi das big techs, que tentam operar as regras do Vale do Silício em outros países, ignorando contextos locais e driblando legislações. Mendes, entretanto, destaca que as redes sociais fazem parte da vida das pessoas e que não é possível romper com a estrutura que elas estabeleceram do dia para a noite.Leirner explica que muitos funcionários das big techs em algum momento já fizeram parte dos quadros das forças militares dos Estados Unidos, e estes ainda teriam uma possível influência nas administrações.O docente da UFSCar afirma que há um monopólio da comunicação digital e que isso afeta a ordem global, colocando grande poder na mão do "sistema atlântico". Leirner sugere que uma maneira mais eficiente de combater o poder dessas redes sociais seja a criação de outras plataformas, assim aumentando a oferta.
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Não só os jovens: redes sociais moldam opinião de todas as faixas etárias, dizem especialistas
19:00 09.10.2025 (atualizado: 12:50 10.10.2025) Especiais
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas explicam que a Internet apresentou uma nova maneira de fazer política e que as plataformas são uma nova forma de se organizar para manifestações.
A Internet é parte
essencial da sociedade contemporânea. As pessoas utilizam a
rede mundial de computadores para trabalhar, conversar, realizar pagamentos, se entreter, entre outras finalidades. Um uso, todavia, passa desapercebido:
se organizar politicamente.
O melhor exemplo desse cunho político da Internet é a
revolução da geração Z no Nepal, há pouco mais de um mês. Jovens do país foram às ruas para derrubar o governo após a administração
bloquear redes sociais como Facebook, Instagram e WhatsApp (plataformas proibidas na Rússia por extremismo). Os manifestantes usaram a própria Internet para combinar os protestos, fechando um ciclo no qual
a rede foi o motivo e o meio para as manifestações.
Em entrevista ao podcast
Mundioka, da
Sputnik Brasil, especialistas afirmam que as redes sociais são capazes de
moldar a opinião não só de jovens, mas de todas as faixas etárias. Para os analistas, as plataformas, hoje, são um
espaço político, assim como sindicatos e grupos sociais já foram, com o agravante da circulação das
fake news.
Lucas Mendes, professor de geopolítica na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e cofundador do Geopolítica Hoje e da Escola Acrópole, conta que os protestos no Nepal foram, de fato, comandados pela geração Z, mas que, ao longo da história, os jovens já estiveram à frente de muitas manifestações. Ainda assim, o especialista não descarta as redes sociais como um facilitador para revoluções.
"Junta nesse caldeirão político a questão da faixa etária do jovem com esse vetor, a rede social, e aí casa direitinho, porque já estão usando o local onde eles estão e acaba sendo, às vezes, de forma mais coordenada [a organização]; outras, menos coordenada."
Mendes acredita que esteja cada vez mais difícil distinguir o papel de quem é um militante tradicional, com base social e ligado a um sindicato, das pessoas que se organizam pelas redes sociais. O especialista também destaca que a sociedade, por muitas vezes, pode se deixar levar por pautas levantadas na rede, sem sequer refletir sobre o conteúdo.
"Não estou querendo generalizar, mas, grosso modo, é um pouco isso que a gente vê. Uma participação mais ampla, mas superficial, e, nesse sentido, a geração Z acaba sendo muito mais massa de manobra. […] Acho que nós, enquanto sociedade, estamos em um primeiro momento das redes sociais. Então é difícil fugir dessa coisa, vez ou outra, de ser levado pelo que está sendo pautado [nas redes]."
Piero Leirner, doutor em antropologia social pela Universidade de São Paulo (USP), professor titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor do livro "O Brasil no espectro de uma guerra híbrida", cita como exemplo o
8 de Janeiro para embasar o argumento de que
todas as gerações estão suscetíveis ao impacto da tecnologia.
"Você pega o pessoal que participou do 8 de Janeiro, muita gente era idosa. Se não era idosa, eram aposentados, mais de 60 anos. Você vê que não foi algo que pegou necessariamente a população jovem, que é uma turma que passou a ser muito consumida por informação que está na Internet."
Leirner afirma que é muito difícil combater essas notícias falsas atualmente. Se antigamente os emissores eram televisões, rádios, revistas e jornais impressos, hoje as fake news podem partir de qualquer lugar, sendo difícil até responsabilizar as plataformas.
"O fato é o seguinte: a gente está com um número de variáveis muito maior agora. É um pouco complicado você querer botar tudo nas costas de uma coisa só. […] Assim, por mais que se tenha estudos que estejam elaborando algumas explicações e hipóteses baseadas em amostragem, eles não conseguem captar a rede [de fake news] como um todo, como ela foi fabricada."
Governos nas mãos das redes sociais
A ação da administração nepalense de bloquear algumas redes sociais foi o estopim para uma
convulsão social. No Brasil, é possível notar uma comoção em diferentes setores da sociedade quando é colocada em pauta a
regulamentação dessas mesmas plataformas.
Do outro lado, as big techs norte-americanas contam com forte apoio estatal para operar as próprias regras onde quer que estejam. O estabelecimento de normas para essas companhias logo é classificado como censura e gera reações de governantes, como o presidente dos EUA, Donald Trump.
Mendes afirma que nos últimos anos as big techs se aproximaram de Washington, mas que essa relação ganhou um novo nível após o retorno de Trump ao comando do país. Enquanto o republicano pressiona outros governos para desistirem da regulamentação das redes, empresas como a Meta (cujas atividades são proibidas na Rússia por serem consideradas extremistas) prometem investimentos nos Estados Unidos.
"Donald Trump puxa as redes sociais para o lado do governo americano e direciona o que elas devem fazer. Por exemplo, recentemente nós tivemos uma reunião do [Mark] Zuckerberg [CEO da Meta] e de outros CEOs de redes sociais na Casa Branca em que foram anunciados vultosos investimentos das big techs no território americano."
O professor da PUC Minas vê como muito ruim o modus operandi das big techs, que tentam operar as regras do Vale do Silício em outros países, ignorando contextos locais e driblando legislações. Mendes, entretanto, destaca que as redes sociais fazem parte da vida das pessoas e que não é possível romper com a estrutura que elas estabeleceram do dia para a noite.
"O mundo inteiro está se movimentando para adequar as redes sociais à legislação interna do seu país, de modo que consiga abarcar uma discussão democrática. […] Milhões de pessoas estão usando as redes sociais. Você tem uma dependência financeira em torno dessas redes sociais, cultural também. Tirar elas do ar simplesmente não é uma possibilidade fácil, não é um botão de liga e desliga, existe toda uma discussão nesse sentido."
Leirner explica que muitos funcionários das big techs em algum momento já fizeram parte dos quadros das forças militares dos Estados Unidos, e estes ainda teriam uma possível influência nas administrações.
"Não vejo mais muita distinção entre o Vale do Silício privado e o estatal. Acho que isso aqui está plasmado em uma coisa só. Aquilo que era o complexo industrial-militar está virando o complexo big tech-militar."
O docente da UFSCar afirma que há um monopólio da comunicação digital e que isso afeta a ordem global, colocando grande poder na mão do "sistema atlântico". Leirner sugere que uma maneira mais eficiente de combater o poder dessas redes sociais seja a criação de outras plataformas, assim aumentando a oferta.
"Um mecanismo mais eficiente de regulação seria ter outras redes e outros mecanismos de comunicação que façam a contraefetuação disso, de onde você não precise depender tanto ou se deixar na mão, de maneira tão grande, de quatro ou cinco empresas."
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