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Projeto ambicioso faz Indonésia aderir ao BRICS, mas sem perder pontes ocidentais, avaliam analistas
Projeto ambicioso faz Indonésia aderir ao BRICS, mas sem perder pontes ocidentais, avaliam analistas
Sputnik Brasil
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas destacam a força regional de Jacarta e os desejos do presidente Prabowo Subianto de fazer o... 27.10.2025, Sputnik Brasil
2025-10-27T19:30-0300
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A Indonésia não é um dos países mais comentados no Brasil, apesar de possuir a quarta maior população do mundo, com 279 milhões de habitantes, e ter a principal economia do Sudeste Asiático, com um produto interno bruto (PIB) nominal de R$ 7,87 trilhões em 2025, em um crescimento anual de 5%.O país, formado por mais de 17 mil ilhas e conhecido por ser uma potência regional, quer ir além e projeta uma presença global, com uma evolução econômica de 8% ao ano — ao menos é o que promete o novo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. O general, que assumiu a liderança do país em outubro de 2024, formalizou a entrada de Jacarta no BRICS em um de seus primeiros atos como mandatário, mostrando o compromisso indonésio com a multipolaridade.A entrada da nação no arranjo fez com que ela fosse tarifada em 10% pelos Estados Unidos, porcentagem que se somou aos 32% anunciados pelo governo republicano anteriormente. Com Washington sendo o segundo maior parceiro comercial de Jacarta, Subianto negociou a redução das tarifas para mais da metade, chegando a 19%.Em um cenário no qual pretende expandir os horizontes sem causar rusgas com velhos amigos, a Indonésia quer investir em infraestrutura interna, parcerias comerciais e energéticas e defesa.Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas afirmam que Jacarta quer manter o caráter plural de relações comerciais que construiu desde meados da década de 1950. Essa característica permitiu que a nação fosse a voz do Sudeste Asiático e uma das referências do mundo em desenvolvimento.Matheus Bruno Pereira, mestre em economia política internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador de Sudeste Asiático no Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC), da Escola de Guerra Naval (EGN), e assistente para assuntos de política, economia e diplomacia na Embaixada Real da Tailândia, afirma que os movimentos da Indonésia, por mais que sejam voltados para a política externa, têm como principal função a proteção nacional.Com um histórico independente e cauteloso de Jacarta na política externa, Pereira acredita que esse fator pode ter sido determinante para a Indonésia não ter se juntado ao BRICS anteriormente. Agora, com o grupo mais consolidado, sendo uma das principais instituições do Sul Global, a administração Subianto se sentiu à vontade para entrar.Gabriela Veloso, jornalista e pesquisadora de Sudeste Asiático e Oceania no Núcleo de Avaliação da Conjuntura, acredita que um conjunto de fatores contribuiu para a entrada da Indonésia no BRICS. Além de questões geopolíticas atuais, a mudança de governo e o projeto dessa administração foram essenciais para a adesão ao grupo.Na visão da especialista, a adição da Indonésia ao BRICS permite consolidar a imagem do arranjo como uma coalizão comprometida com a reforma da governança internacional e defensora de uma ordem multipolar, além de mostrar o interesse de expandir a influência do grupo sobre o Indo-Pacífico.Banco do BRICS pode ser determinante para SubiantoA Indonésia está bem inserida nas cadeias globais de valor, seja a partir da produção de equipamentos para a área de tecnologia, bens de consumo ou itens de origem agrícola. Obviamente, fazer parte do BRICS estreita laços com dezenas de nações, entre membros permanentes e parceiros.Mas outro fator muito importante da articulação, por vezes esquecido, e que pode ser determinante para as ambições do governo de Subianto, é o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), popularmente conhecido como banco do BRICS.Matheus Pereira explica que, diferentemente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o NBD não requer condições prévias de uma agenda econômica para fornecer suporte financeiro por meio de empréstimos, algo de grande valor para a Indonésia, que tem como um dos seus principais projetos tocar obras ligadas à resiliência climática e à transição sustentável.Para Veloso, a proximidade ao NBD por parte de Subianto é "um cálculo estratégico que combina as metas ambiciosas" da Indonésia, tanto internamente como na política externa. Consequentemente, esse movimento pode trazer benefícios, também, para a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).A jornalista ressalta que, ao mesmo tempo, a Indonésia terá o desafio de se manter coerente em todos os conjuntos de que faz parte: além de ASEAN e BRICS, Jacarta está no G20 e pediu entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
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Projeto ambicioso faz Indonésia aderir ao BRICS, mas sem perder pontes ocidentais, avaliam analistas
19:30 27.10.2025 (atualizado: 13:53 28.10.2025) Especiais
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas destacam a força regional de Jacarta e os desejos do presidente Prabowo Subianto de fazer o país crescer cerca de 8% ao ano, com investimentos em infraestrutura e pluralidade comercial.
A Indonésia não é um dos países mais comentados no Brasil, apesar de possuir a quarta maior população do mundo, com 279 milhões de habitantes, e ter a principal economia do Sudeste Asiático, com um produto interno bruto (PIB) nominal de R$ 7,87 trilhões em 2025, em um crescimento anual de 5%.
O país, formado por mais de 17 mil ilhas e conhecido por ser uma potência regional, quer ir além e projeta uma presença global, com uma evolução econômica de 8% ao ano — ao menos é o que promete o novo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. O general, que assumiu a liderança do país em outubro de 2024, formalizou a entrada de Jacarta no BRICS em um de seus primeiros atos como mandatário, mostrando o compromisso indonésio com a multipolaridade.
A entrada da nação no arranjo fez com que ela fosse tarifada em 10% pelos Estados Unidos, porcentagem que se somou aos 32% anunciados pelo governo republicano anteriormente. Com Washington sendo o segundo maior parceiro comercial de Jacarta, Subianto negociou a redução das tarifas para mais da metade,
chegando a 19%.Em um cenário no qual pretende expandir os horizontes sem causar rusgas com velhos amigos, a Indonésia quer investir em infraestrutura interna, parcerias comerciais e energéticas e defesa.
Em entrevista ao podcast
Mundioka, da
Sputnik Brasil, especialistas afirmam que Jacarta quer
manter o caráter plural de relações comerciais que construiu desde meados da década de 1950. Essa característica permitiu que a nação fosse
a voz do Sudeste Asiático e
uma das referências do mundo em desenvolvimento.
Matheus Bruno Pereira, mestre em economia política internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador de Sudeste Asiático no Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC), da Escola de Guerra Naval (EGN), e assistente para assuntos de política, economia e diplomacia na Embaixada Real da Tailândia, afirma que os movimentos da Indonésia, por mais que sejam voltados para a política externa, têm como principal função a proteção nacional.
"A Indonésia quer expandir os seus leques de relacionamentos; se posicionar como um país relevante no cenário internacional, de maneira que, assim, os países busquem a Indonésia para poder negociar, para poder pedir consultoria em situações internacionais; enfim, se consolidar como um país relevante, para a própria proteção e para o próprio interesse nacional."
Com um histórico independente e cauteloso de Jacarta na política externa, Pereira acredita que esse fator pode ter sido determinante para a Indonésia não ter se juntado ao BRICS anteriormente. Agora, com o grupo mais consolidado, sendo uma das principais instituições do Sul Global, a administração Subianto se sentiu à vontade para entrar.
"Você tem grupos de trabalho relativos a inteligência artificial, a desenvolvimento tecnológico, a desenvolvimento de recursos para a área de saúde, relativos a desenvolvimento, finanças. Então o BRICS já está se solidificando."
Gabriela Veloso, jornalista e pesquisadora de Sudeste Asiático e Oceania no Núcleo de Avaliação da Conjuntura, acredita que um conjunto de fatores contribuiu para a entrada da Indonésia no BRICS. Além de questões geopolíticas atuais, a mudança de governo e o projeto dessa administração foram essenciais para a adesão ao grupo.
"O Prabowo fez todo um rebranding para poder ser eleito. Ele era ministro da Defesa, foi eleito presidente. Agora está tentando mudar um pouco a política na Indonésia. Tem muito a ver com as ambições dele, é um cara que quer investir muito em infraestrutura, tendo plena consciência de que, para fazer isso sem depender de ninguém, precisa diversificar suas parcerias."
Na visão da especialista, a adição da Indonésia ao BRICS permite consolidar a imagem do arranjo como uma coalizão comprometida com a reforma da governança internacional e defensora de uma ordem multipolar, além de mostrar o interesse de expandir a influência do grupo sobre o Indo-Pacífico.
"É um mercado muito grande, são muitas pessoas, é uma região estratégica de crescente relevância, tanto econômica quanto política — a maior economia do Sudeste Asiático. Ela adiciona peso e diversidade à estrutura do BRICS, fortalece o poder de barganha coletivo do grupo."
Banco do BRICS pode ser determinante para Subianto
A Indonésia está bem inserida nas cadeias globais de valor, seja a partir da produção de equipamentos para a área de tecnologia, bens de consumo ou itens de origem agrícola. Obviamente, fazer parte do BRICS estreita laços com dezenas de nações, entre membros permanentes e parceiros.
Mas outro fator muito importante da articulação, por vezes esquecido, e que pode ser determinante para as ambições do governo de Subianto, é o
Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), popularmente conhecido como
banco do BRICS.Matheus Pereira explica que, diferentemente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o NBD não requer condições prévias de uma agenda econômica para fornecer suporte financeiro por meio de empréstimos, algo de grande valor para a Indonésia, que tem como um dos seus principais projetos tocar obras ligadas à resiliência climática e à transição sustentável.
"O NBD oferece essa capacidade de financiamento sem exigir nenhuma condição prévia à agenda econômica do país. E isso é de grande importância, isso é de grande interesse para a Indonésia, principalmente considerando a complexidade em que ela se encontra."
Para Veloso, a proximidade ao NBD por parte de Subianto é
"um cálculo estratégico que combina as metas ambiciosas" da Indonésia, tanto internamente como na política externa. Consequentemente, esse movimento pode trazer benefícios, também, para a
Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).
A jornalista ressalta que, ao mesmo tempo, a Indonésia terá o desafio de se manter coerente em todos os conjuntos de que faz parte: além de ASEAN e BRICS, Jacarta está no G20 e pediu entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
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