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Cúpula da ASEAN: Lula quer incluir Brasil no novo eixo dinâmico do capitalismo, avaliam analistas
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À Sputnik Brasil, analistas apontam que o mundo vive o "século asiático" e que o presidente brasileiro, na Malásia, vai reforçar a defesa do Brasil como membro... 24.10.2025, Sputnik Brasil
2025-10-24T18:15-0300
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na Malásia nesta sexta-feira (24) para participar da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês), prevista para o próximo domingo (26).Composta por Indonésia, Tailândia, Vietnã, Malásia, Filipinas, Cingapura, Mianmar, Camboja, Laos, Brunei e Timor-Leste — esse último como membro observador —, a ASEAN é o terceiro principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas de EUA e China, e tem um PIB agregado que gira em torno de US$ 3,8 trilhões (cerca de R$ 21,6 trilhões).O bloco é de suma importância para as exportações brasileiras. De 2019 a 2023, as remessas brasileiras a países do bloco registraram crescimento médio anual de 19,8%, acima da média anual total de 11,3% no período, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).Nesta sexta-feira, após se reunir com o secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn, em Jacarta, na Indonésia, antes de seguir para a Malásia, Lula disse que o Brasil trabalha para ser membro pleno do bloco.Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam o que esperar da participação brasileira na cúpula da ASEAN.Renan Holanda Montenegro, professor de relações internacionais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirma que o mundo vive hoje "o século asiático". Segundo ele, o continente asiático como um todo é o motor da economia internacional. "O novo eixo dinâmico do capitalismo global."Ele acrescenta que, além da aproximação econômica, há um estreitamento de laços cada vez mais forte entre o Brasil e a ASEAN, citando como exemplo a inauguração, em março do ano passado, da primeira missão permanente do Brasil para a ASEAN, em Jacarta.Em sua visão, a participação de Lula na cúpula dos líderes do bloco girará em torno das commodities tradicionalmente exportadas pelo Brasil, como soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina, que têm na Malásia e Indonésia mercados importantes. Em especial, o presidente brasileiro abordará também questões energéticas e ambientais por conta da proximidade com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), no final do mês, em Belém, no estado brasileiro do Pará.Ele considera que a intenção de Lula de tornar o Brasil um membro da ASEAN e promover a aproximação com o Mercosul faz parte de uma "chave de adensamento do multilateralismo".Isto é, não só reempoderar a ONU e garantir que a distribuição de capacidades no plano internacional esteja refletida nos esquemas decisórios, mas também repensar as organizações.Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), avalia que Lula, durante sua presença no encontro, certamente vai dar importância ao prosseguimento do diálogo Mercosul-ASEAN para a conformação de um acordo.Porém ele considera "muito difícil" que o Brasil consiga diversificar sua agenda de exportação para países da ASEAN para além de produtos primários, pois teria de competir com a China e a estratégia de produção de Pequim, que abrange vários desses países. Além da China, o Vietnã vem ampliando espaço dentro da ASEAN.Ele acrescenta que a importância de o Brasil estar presente na Ásia se dá porque, além dos produtos já exportados para a região, o governo brasileiro quer desenvolver com esses países não apenas uma relação comercial típica.Fernanda Brandão, doutora em relações internacionais, professora e coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, lembra à Sputnik Brasil que a presença de Lula na cúpula se dá em um cenário onde nosso segundo maior parceiro comercial, os EUA, tem imposto tarifas de importação arbitrárias."Uma das prioridades do governo Lula tem sido promover essa aproximação comercial com diferentes blocos comerciais, a fim de diversificar os parceiros comerciais do Brasil e diminuir a dependência em relação ao mercado americano em um cenário onde os EUA têm se mostrado um parceiro menos confiável."A especialista enfatiza que a inclusão de países da ASEAN no BRICS favorece a aproximação política e econômica do Brasil, apesar de o país já ter um bom relacionamento econômico com o bloco. "Já há um acordo de livre comércio, por exemplo, entre o Mercosul e Cingapura que ainda não foi assinado por todos os países-membros.""Os países da ASEAN incluem importantes países em desenvolvimento, e a aproximação com o Brasil fortalece a cooperação entre os países do Sul Global, em um cenário de crescente instabilidade e competição da política internacional."Ela ressalta, no entanto, que qualquer acordo entre a ASEAN e o Mercosul na cúpula deve ser negociado pelo bloco sul-americano, e não de forma individual pelo Brasil.Ela afirma que a diversificação de parceiros reduz a dependência dos setores exportadores da economia nacional em relação aos EUA e abre a possibilidade de expansão para novos mercados.
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Cúpula da ASEAN: Lula quer incluir Brasil no novo eixo dinâmico do capitalismo, avaliam analistas
18:15 24.10.2025 (atualizado: 20:00 24.10.2025) Especiais
À Sputnik Brasil, analistas apontam que o mundo vive o "século asiático" e que o presidente brasileiro, na Malásia, vai reforçar a defesa do Brasil como membro pleno da ASEAN e pleitear um acordo entre o bloco e o Mercosul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na Malásia nesta sexta-feira (24) para participar da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês), prevista para o próximo domingo (26).
Composta por Indonésia, Tailândia, Vietnã, Malásia, Filipinas, Cingapura, Mianmar, Camboja, Laos, Brunei e Timor-Leste — esse último como membro observador —, a ASEAN é o terceiro principal destino das exportações brasileiras, atrás apenas de EUA e China, e tem um PIB agregado que gira em torno de US$ 3,8 trilhões (cerca de R$ 21,6 trilhões).
O bloco é de suma importância para as exportações brasileiras. De 2019 a 2023, as remessas brasileiras a países do bloco registraram crescimento médio anual de 19,8%, acima da média anual total de 11,3% no período, segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Nesta sexta-feira, após se reunir com o secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn, em Jacarta, na Indonésia,
antes de seguir para a Malásia, Lula disse que
o Brasil trabalha para ser membro pleno do bloco.
"O Brasil trabalha para ser membro pleno. O país tem de acreditar na sua economia. A visita foi a primeira de um presidente brasileiro à ASEAN. Espero que a gente possa ter um entrosamento cada vez mais forte e possa sair com uma perspectiva muito positiva", disse o presidente.
Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam o que esperar da participação brasileira na cúpula da ASEAN.
Renan Holanda Montenegro, professor de relações internacionais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirma que o mundo vive hoje "o século asiático". Segundo ele, o continente asiático como um todo é o motor da economia internacional. "O novo eixo dinâmico do capitalismo global."
"Isso em si só já impõe relevância estratégica aos países que lá estão localizados, sobretudo no Sudeste Asiático. O Brasil naturalmente tem se acercado cada vez mais do continente. E essa aproximação se dá, em uma primeira chave, naturalmente, em termos econômicos."
Ele acrescenta que, além da aproximação econômica, há um estreitamento de laços cada vez mais forte entre o Brasil e a ASEAN, citando como exemplo a inauguração, em março do ano passado, da primeira missão permanente do Brasil para a ASEAN, em Jacarta.
"Hoje o Brasil tem na capital da Indonésia duas representações diplomáticas, uma para as relações com o próprio Estado da Indonésia e outra para a ASEAN. Isso marca uma inflexão definitiva em relação à importância que o Brasil confere ao Sudeste Asiático", explica.
Em sua visão, a participação de Lula na cúpula dos líderes do bloco girará em torno das commodities tradicionalmente exportadas pelo Brasil, como soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina, que têm na Malásia e Indonésia mercados importantes. Em especial, o presidente brasileiro abordará também questões energéticas e ambientais por conta da proximidade com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), no final do mês, em Belém, no estado brasileiro do Pará.
Ele considera que a intenção de Lula de tornar o Brasil um membro da ASEAN e promover a aproximação com o Mercosul faz parte de uma "chave de adensamento do multilateralismo".
Isto é, não só reempoderar a ONU e garantir que a distribuição de capacidades no plano internacional esteja refletida nos esquemas decisórios, mas também repensar as organizações.
"Implica um redimensionamento da relevância que outros espaços de interlocução privilegiada têm, como o BRICS, a ASEAN, o Fórum China-CELAC, o Fórum China-África."
Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), avalia que Lula, durante sua presença no encontro, certamente vai dar importância ao prosseguimento do diálogo Mercosul-ASEAN para a conformação de um acordo.
Porém ele considera "muito difícil" que o Brasil consiga diversificar sua agenda de exportação para países da ASEAN para além de produtos primários, pois teria de competir com a China e a estratégia de produção de Pequim, que abrange vários desses países. Além da China, o Vietnã vem ampliando espaço dentro da ASEAN.
"Então é muito difícil que o Brasil consiga, em outros setores, ocupar espaço nesses mercados com produtos industriais semimanufaturados, a não ser aqueles que têm muito diferencial, como a Embraer."
Ele acrescenta que a importância de o Brasil estar presente na Ásia se dá porque, além dos produtos já exportados para a região, o governo brasileiro quer desenvolver com esses países não apenas uma relação comercial típica.
"O Brasil também quer explorar novos caminhos, como a transição energética, dado que dispõe de tecnologias de ponta nessa área […] [e agora pode] avançar para automóveis elétricos, enfim, procurar parcerias para trazer indústrias para o Brasil."
Fernanda Brandão, doutora em relações internacionais, professora e coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, lembra à Sputnik Brasil que a presença de Lula na cúpula se dá em um cenário onde nosso segundo maior parceiro comercial, os EUA, tem imposto
tarifas de importação arbitrárias. "Uma das prioridades do governo Lula tem sido promover essa aproximação comercial com diferentes blocos comerciais, a fim de diversificar os parceiros comerciais do Brasil e diminuir a dependência em relação ao mercado americano em um cenário onde os EUA têm se mostrado um parceiro menos confiável."
A especialista enfatiza que a inclusão de países da ASEAN no BRICS favorece a aproximação política e econômica do Brasil, apesar de o país já ter
um bom relacionamento econômico com o bloco. "Já há um acordo de livre comércio, por exemplo, entre o Mercosul e Cingapura que ainda não foi assinado por todos os países-membros."
"Os países da ASEAN incluem importantes países em desenvolvimento, e a aproximação com o Brasil fortalece a cooperação entre os países do Sul Global, em um cenário de crescente instabilidade e competição da política internacional."
Ela ressalta, no entanto, que qualquer acordo entre a ASEAN e o Mercosul na cúpula deve ser negociado pelo bloco sul-americano, e não de forma individual pelo Brasil.
Ela afirma que a diversificação de parceiros reduz a dependência dos setores exportadores da economia nacional em relação aos EUA e abre a possibilidade de expansão para novos mercados.
"Os esforços para a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia e a conclusão do acordo Mercosul-EFTA são exemplos de como essa tem sido uma estratégia importante para o governo brasileiro nessa nova dinâmica da economia internacional", conclui.
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