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Inteligência artificial é ameaça maior que bomba nuclear, avalia analista

© Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa da Rússia / Acessar o banco de imagensLançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) Yars durante exercício de forças nucleares estratégicas envolvendo componentes terrestres, marítimos e aéreos
Lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) Yars durante exercício de forças nucleares estratégicas envolvendo componentes terrestres, marítimos e aéreos - Sputnik Brasil, 1920, 29.10.2025
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Em entrevista à Sputnik Brasil, especialista afirma que IA pode ser utilizada tanto para a otimização de guerras quanto para a diplomacia entre Estados, mas não vê a tecnologia substituindo o fator humano.
A inteligência artificial permeia a rotina contemporânea. São várias as finalidades e modos de uso, desde os clássicos modelos de linguagem de grande escala (LLM, na sigla em inglês) até câmeras com reconhecimento facial instaladas nas ruas das principais capitais ao redor do mundo.
Se no dia a dia da sociedade a IA está inserida, essa realidade também vale para aqueles que atuam nas questões diplomáticas dos países, sejam funcionários de baixo escalão na tradução de documentos ou presidentes que publicam vídeos em redes sociais com uso de prompts.
Por ser uma tecnologia nova e com capacidade ainda desconhecida, as grandes potências estão em uma corrida para dominar a inteligência artificial e toda a cadeia de produção para o desenvolvimento dos tão importantes chips. Enquanto no século XX a capacidade de produzir bombas atômicas dividiu o mundo, as IAs podem ter um peso ainda maior neste século.
Ao menos é o que afirma o professor de ciência política e relações internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Henrique Carlos de Castro. Em entrevista à Sputnik Brasil, o coordenador do Pirandello - Laboratório de Pesquisas em Ciências e Inteligência Artificial e do World Values Survey Brasil explica que a tecnologia atômica pode ser combinada com a IA, potencializando os efeitos da utilização nuclear.

"O uso da inteligência artificial lhe dá [à tecnologia atômica] uma importância significativa e, em alguma medida, maior do que a ameaça nuclear do século XX. Porque a inteligência artificial pode ser uma ferramenta para aperfeiçoar uma eventual guerra nuclear, para fomentar o uso de ferramentas de guerra, como temos visto hoje."

Castro destaca que a corrida nuclear foi baseada no desenvolvimento científico e tecnológico, assim como a inteligência artificial hoje. O especialista conta que a China é pioneira no setor, mas ainda é difícil dizer o real impacto disso nas relações internacionais.
Para além do uso da IA atrelado à força bélica, Castro chama a atenção para a aplicação da tecnologia no discurso. Um exemplo foi a publicação nas redes sociais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que utilizou um vídeo feito por inteligência artificial para simular o que seria um resort à beira-mar na Faixa de Gaza.

"O uso dessas ferramentas é a vida real. Quando o presidente de um país, de uma grande potência, usa essas ferramentas para tentar construir uma verdade, construir uma imagem de submissão da população de outros países, ele está construindo diplomacia, está construindo relações internacionais. Essa é a vida real. Ou seja, não se trata de pensar que o vídeo construído seja uma substituição das relações diplomáticas, mas que o vídeo é, em si, a própria ação diplomática na sua maneira mais crua."

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A diplomacIA não substitui o ser humano

Um dos principais benefícios da inteligência artificial é a capacidade de processar uma grande gama de dados em uma fração de segundo. Essa característica também permite que as IAs consigam reunir diferentes arquivos e projetar inúmeros cenários, que podem ser utilizados para negociações entre países, assim como operações militares.
Na visão de Castro, esse tipo de ferramenta pode ser determinante na mão de pessoas "geniais", uma vez que a inteligência artificial municiaria esses tomadores de decisões.

"A IA pode construir possibilidades de cenários que podem ser utilizados pelos governos nas suas relações, que antes […] dependeriam muito da genialidade de algumas pessoas. E, nesse sentido, pode dar aos decisores muito mais possibilidades de construção de cenários e, efetivamente, de ação."

Castro não vê problema na utilização de LLMs no trabalho burocrático de diplomatas, isto é, no auxílio da escrita de documentos, na tradução de documentos ou no auxílio à organização de informações. "Ao contrário, é uma forma de agilizar o trabalho burocrático, o trabalho formal, e mesmo o trabalho de pesquisa, como outras ferramentas há muito tempo já são utilizadas."
Embora dê a devida importância para a tecnologia, o especialista destaca a relevância do ser humano nessa equação diplomática. Para ele, as pessoas ainda serão centrais na sociedade, mesmo com o auxílio de dispositivos tão poderosos.
"Ainda maior será a necessidade de seres humanos preparados, de pessoas preparadas para atuar na diplomacia, nas relações entre países, como mediadores de conflitos, de forma que, no entanto, vai contar com o apoio de informações mais sofisticadas, melhores cenários, que vão permitir ao ser humano tomar decisões."
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