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Entre o otimismo e a cautela: como deve ser visto o breve encontro entre Vieira e Rubio?

© Foto / Marcelo Camargo / Agência BrasilO ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, ouve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sessão especial de abertura da primeira reunião de sherpas da presidência brasileira do BRICS, no Palácio Itamaraty. Brasília (DF), 26 de fevereiro de 2025
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, ouve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sessão especial de abertura da primeira reunião de sherpas da presidência brasileira do BRICS, no Palácio Itamaraty. Brasília (DF), 26 de fevereiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 12.11.2025
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Foram apenas cinco minutos, mas o encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio, nesta quarta-feira (12), durante a Cúpula do G7 em Niágara, Canadá, representou um sopro de esperança para o governo, que vislumbra o fim das tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros.
Segundo o Itamaraty, o chanceler brasileiro compartilhou com o secretário de Estado americano o andamento das discussões das equipes técnicas até agora, sintetizadas em uma proposta de negociação oficial enviada pelo Brasil no último dia 4.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou também que ambos querem fazer um novo encontro presencial para discutir o atual estágio do debate.
Mesmo que rápido, o encontro indica uma propensão a ajustes nas tratativas de um acordo mais consolidado, avalia Ana Caroline Sampaio, economista e coordenadora de projetos especiais do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), da Prefeitura do Rio de Janeiro, à Sputnik Brasil.

"Isso já é uma questão positiva, partindo de uma perspectiva da construção de um novo acordo, que está sendo feito a partir do encontro que aconteceu entre os dois presidentes [Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump] no último mês."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da ASEAN, na primeira reunião entre os dois líderes.
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Ela lembra que, antes mesmo de as tarifas de 50% entrarem em vigor, os Estados Unidos já haviam isentado cerca de 700 produtos, como fertilizantes, aeronaves e minérios.
Nesse sentido, o documento enviado pelo Itamaraty na semana passada é um exemplo do avanço dessas tratativas com o corpo técnico dos Estados Unidos para alcançar um acordo. Ainda assim, é difícil cravar um momento para o fim do tarifaço, opina, uma vez que o texto brasileiro ainda vai passar pelo crivo dos técnicos norte-americanos.

"É possível, sim, um certo otimismo de que haja uma diminuição ainda maior do tarifaço, partindo do ponto de vista técnico que está se desenhando, que está se construindo; e até mesmo seu fim, por aspectos políticos."

Entretanto, para a professora de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Denilde Oliveira Holzhacker, o breve encontro sinaliza uma clara postergação, por parte dos Estados Unidos, do processo de negociações bilaterais com o Brasil.

"Pela brevidade do encontro e por não ter uma pauta de discussão direta, coloca em dúvidas o quanto, de fato, os americanos estão dispostos a avançar na redução das tarifas."

Para ela, a fala de ontem (11) do presidente Donald Trump à emissora Fox News, de que pretende baixar tarifas do café e de outros produtos que impactam diretamente no custo de vida dos cidadãos estadunidenses, é uma decisão unilateral.
"Essa é uma das questões que têm impactado na popularidade e também no desempenho eleitoral", explica a especialista à reportagem.
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A mudança de conjuntura do governo americano pode ser benéfica em alguma medida para o Brasil, avaliou a professora, mas deve ser interpretada com cautela, pois os pontos mais complexos ainda não avançaram.

"Acertando nessa posição americana agora, acho que tem um momento de muitas especulações e poucas respostas, mas, de qualquer forma, a sinalização é mais de que volta-se a aguardar os próximos passos sem poucos resultados práticos no curto prazo", conclui a professora.

Venezuela: tema espinhoso

Um dos pontos complexos da relação bilateral Brasil-EUA, diz a especialista, é a questão da Venezuela. O país sul-americano entrou na mira de Trump em sua cruzada contra supostos narcoterroristas que transportam drogas para o território norte-americano através do mar do Caribe.
Na semana passada, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que qualquer conflito na América do Sul teria impacto direto sobre o Brasil e que as recentes manobras militares norte-americanas são motivo de atenção.

"Acredito que a questão venezuelana é um ponto que não foi discutido [na interação entre Vieira e Rubio], mas que pesa. O Rubio tem uma visão contrária à do governo brasileiro", avalia Holzhacker.

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