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Encontro bem-sucedido com Trump fortalece Lula na política interna, avaliam analistas

© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo StuckertO presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da ASEAN, na primeira reunião entre os dois líderes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da ASEAN, na primeira reunião entre os dois líderes.
 - Sputnik Brasil, 1920, 26.10.2025
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O encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizado na Malásia, neste domingo (26), às margens da Cúpula Cúpula da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur, foi considerado positivo por analistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
Mais cedo, Lula compartilhou imagens da reunião com seu homólogo norte-americano e classificou o encontro de "franco e construtivo".

O mandatário brasileiro afirmou que ambas as equipes iniciarão imediatamente negociações a para acabar com as tarifas de 50% a produtos brasileiros e sanções a algumas autoridades brasileiras.
Ao frisar que as decisões diplomáticas não podem se basear em simpatias pessoais ou ideológicas, e sim em interesses concretos e estratégicos dos países envolvidos, o analista internacional Ricardo Cabral destacou que a postura pragmática de Lula pode fortalecer a sua imagem perante o eleitorado brasileiro.
"Claro que o governo Lula vai ter ganho na política interna com essa negociação com os americanos. Pode não ter entre seus aderentes, seus simpatizantes mais radicais. Mas para o Brasil vai ser ótimo. E acho que é isso que deve ser o foco da política externa brasileira", comentou.
Segundo ele, a reunião seguiu o mesmo formato das anteriores, mas com a presença dos presidentes, o que confere maior relevância política às discussões.
Lula e Trump se reúnem na Malásia para discutir tarifas e parceria entre Brasil e EUA - Sputnik Brasil, 1920, 26.10.2025
Lula e Trump se reúnem na Malásia para discutir tarifas e parceria entre Brasil e EUA
O professor de relações internacionais Oswaldo Dehon avaliou como positiva a reunião entre Lula e Trump, destacando a forte dose de realismo pela Casa Branca.

"Os números fizeram a mudança do posicionamento dos Estados Unidos e as últimas reuniões entre Marco Rubio e Mauro Vieira [chanceleres], bem como o time do vice-presidente [Geraldo] Alckmin e a assessoria do presidente Trump levaram a uma reunião aparentemente produtiva", opinou.

De acordo com o professor, a perspectiva de Trump em relação a Lula mudou de uma premissa bastante ideológica para uma premissa mais realista.
"Ele também recebe os números, ele também tem assessores. O Departamento de Estado, e eventualmente até o Departamento de Guerra, devem ter mostrado à Casa Branca a situação".
Ele também ressaltou que a condução da política externa, especialmente a comercial do Brasil, demonstra êxito ao evitar confrontos e manter uma diplomacia organizada, capaz de lidar com as diferenças de visão entre os presidentes e com o contexto global de transição política e econômica.
Ele elogiou a postura de Lula na condução das negociações com Trump, destacando que o presidente soube esperar e dialogar, evitando que a excessiva politização prejudicasse as relações com os Estados Unidos.

EUA exigirão contrapartidas

Para Leandro Wolpert, pós-doutor em relações internacionais, o episódio reforça a tradição do Brasil em buscar soluções pacíficas e exercer liderança regional, retomando um papel histórico de mediação de crises na América Latina.
Entretanto, a diplomacia de Donald Trump é imprevisível, o que torna difícil prever resultados concretos. Mas combinação da vontade política de Lula e do trabalho técnico do Itamaraty aumenta as chances de avanços, ainda que limitados, como redução parcial de tarifas em alguns setores.
Wolpert alerta, porém, ser ingênuo acreditar que os EUA não esperem alguma contrapartida do Brasil.
"Mas me parece um pouco ingênuo acreditar que os Estados Unidos não tenham algum interesse e façam alguma condição para que essas tarifas, de fato, diminuam. A grande questão é essa [...] As condições da barganha ainda não estão claras", sublinhou ele. "Há um otimismo nessa direção. Mas, volto a insistir na tecla de que a gente tem que tomar muito cuidado, tem que considerar essas ressalvas, desse estilo diplomático de barganhar do presidente Donald Trump".

Brasil como interlocutor da crise entre EUA e Venezuela

Wolpert destacou como relevante a postura do Brasil ao se disponibilizar para mediar a tensão entre Estados Unidos e Venezuela no encontro, mantendo a tradição diplomática de solução pacífica de controvérsias.
"Que, claro, tem como objetivo, evidentemente, projetar a liderança brasileira na região, mas, mais importante do que isso, evitar possíveis problemas para as nossas fronteiras [...] qualquer distúrbio ou instabilidade política, econômica, na Venezuela, certamente trará distúrbios e complicações para a região de fronteira e para o Brasil", disse ele.
A questão, ponderou, é se haverá espaço para isso.
"Pelo que eu pude ver da conversação inicial que foi televisionada entre o Trump e o presidente Lula, não há muita disposição dos Estados Unidos em conversar esse tipo de assunto", comentou.
Dehon foi da mesma opinião de Wolpert ao falar da dificuldade do Brasil atuar como interlocutor da presente crise no contexto atual:
"A instabilidade é grande, eu não vejo, nesse momento, o Brasil agindo como um mediador, eu vejo o Brasil buscando essa condição, mas, nesse momento, eu acho muito problemático. Quanto mais Trump busca, busca um acordo com o Brasil para resolver os problemas da relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos, mais difícil é para que o Brasil, com os interesses venezuelanos, [...] possa se colocar como ator, seja para mediar, ou seja para poder colocar, de forma sutil, uma dificuldade em relação aos movimentos dos Estados Unidos no Caribe", completou ele.
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