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Governo de SP diz ter extinguido 'Cracolândia', mas usuários migram para a Barra Funda
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Sputnik Brasil
O governo de São Paulo afirma que o fluxo conhecido como Cracolândia foi desmobilizado após ação contínua e integrada das áreas de segurança, saúde e... 14.11.2025, Sputnik Brasil
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A gestão estadual diz que a região deixou de ser uma "zona de exceção", antes marcada pela presença constante de usuários e pela ausência do poder público. Hoje, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o que existe são "pequenos grupos transitórios", monitorados e abordados individualmente por equipes especializadas.Apesar da narrativa oficial, moradores e trabalhadores paulistanos relatam que o fluxo não acabou, apenas se deslocou.Nas últimas semanas, usuários passaram a se concentrar na Avenida Pacaembu, nas imediações do Memorial da América Latina, na Barra Funda.Relatos ouvidos pela reportagem da Sputnik Brasil, que esteve no local nesta sexta-feira (14), indicam aumento expressivo no número de pessoas consumindo crack na área, especialmente nos últimos 15 dias. No entorno do Memorial, reportagem identificou jovens adultos e idosos — incluindo pessoas em cadeiras de rodas — consumindo entorpecentes.Carrinhos com papelão e objetos variados se acumulam nas calçadas, junto de animais e restos de utensílios. Foi possível observar pessoas utilizando cigarros para produzir cinzas e misturá-las ao crack no cachimbo, prática comum entre dependentes. O cenário, segundo frequentadores da região, é assim diariamente.A SSP afirma à Sputnik Brasil que o policiamento no setor oeste vem sendo "constantemente reorientado e reforçado" conforme análises de inteligência. A pasta diz manter diálogo direto com a administração do Memorial e informa que a região sob responsabilidade do 23º Distrito Policial registrou queda de 10,5% nos roubos e 11,3% nos furtos nos primeiros nove meses do ano. Em toda a 3ª Delegacia Seccional (Oeste), foram apreendidas 2,2 toneladas de drogas no período.A Prefeitura de São Paulo também alega que acompanha as movimentações desses grupos. Em nota, diz haver "trabalho contínuo de tratamento e acolhimento" feito por equipes de saúde e assistência social, que percorrem "pontos de ocupação momentânea ou periódica" para busca ativa de pessoas em situação de rua e uso problemático de drogas. Segundo a gestão municipal, 1.600 agentes fazem abordagens de rotina, e 40 equipes do Consultório na Rua atuam todos os dias.O município aponta ainda que, desde 2021, a rede de saúde mental foi ampliada com 20 novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), totalizando 103 unidades. A Guarda Civil Metropolitana, segundo a prefeitura, mantém policiamento 24 horas e utiliza câmeras do programa Smart Sampa, que teriam contribuído para a captura de 2.318 foragidos da Justiça e 3.565 prisões em flagrante.A prefeitura ressalta que, entre janeiro e setembro de 2025, equipes registraram 13.327 encaminhamentos para serviços e equipamentos municipais e estaduais — 28% a mais que no mesmo período do ano anterior. A administração afirma manter a "maior rede socioassistencial da América Latina", com mais de 26 mil vagas.Na região da Barra Funda, no entanto, não havia policiamento nesta sexta-feira (14) e apenas equipes de limpeza trabalhando próximo a canteiros.Apesar dos dados apresentados pela Prefeitura e pelo Estado, estudos e relatórios apontam que os crimes e os danos sociais associados à Cracolândia não desapareceram com a dispersão visível do fluxo.Relatório do Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) elaborado pelo deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) e pela vereadora Luna Zarattini (PT-SP), concluiu que o racismo estrutural é "fator determinante" na formação histórica do território da Cracolândia, o que sugere que a situação vai além da criminalidade, mas atravessa também recortes sociais, políticos e de saúde pública.Além disso, pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da Universidade de São Paulo (USP) e de outros centros entrevistaram 90 usuários da Cracolândia e identificaram falhas graves nas abordagens tradicionais de tratamento. Mais de 90% dos entrevistados relataram uso de crack, e cerca de 70% já haviam sido internados pelo menos uma vez — alguns, várias vezes.Muitos manifestaram que veem a internação não como solução, mas como uma pausa física. Além disso, a própria experiência de vida dessas pessoas revela vulnerabilidades profundas: segundo reportagem da Pesquisa FAPESP, 66% dos entrevistados são homens negros; 69% informaram dormir nas ruas; muitos relataram agressões morais por parte das autoridades.
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Governo de SP diz ter extinguido 'Cracolândia', mas usuários migram para a Barra Funda
20:16 14.11.2025 (atualizado: 20:58 14.11.2025) O governo de São Paulo afirma que o fluxo conhecido como Cracolândia foi desmobilizado após ação contínua e integrada das áreas de segurança, saúde e assistência social.
A gestão estadual diz que a região deixou de ser uma "zona de exceção", antes marcada pela presença constante de usuários e pela ausência do poder público. Hoje, segundo a
Secretaria da Segurança Pública (SSP), o que existe são "pequenos grupos transitórios", monitorados e abordados individualmente por equipes especializadas.
Apesar da narrativa oficial, moradores e trabalhadores paulistanos relatam que o fluxo não acabou, apenas se deslocou.
Nas últimas semanas, usuários passaram a se concentrar na Avenida Pacaembu, nas imediações do Memorial da América Latina, na Barra Funda.
Relatos ouvidos pela reportagem da Sputnik Brasil, que esteve no local nesta sexta-feira (14), indicam aumento expressivo no número de pessoas consumindo crack na área, especialmente nos últimos 15 dias. No entorno do Memorial, reportagem identificou jovens adultos e idosos — incluindo pessoas em cadeiras de rodas — consumindo entorpecentes.
Carrinhos com papelão e objetos variados se acumulam nas calçadas, junto de animais e restos de utensílios. Foi possível observar pessoas utilizando cigarros para produzir cinzas e misturá-las ao crack no cachimbo, prática comum entre dependentes. O cenário, segundo frequentadores da região, é assim diariamente.
A SSP afirma à Sputnik Brasil que o policiamento no setor oeste vem sendo "constantemente reorientado e reforçado" conforme análises de inteligência. A pasta diz manter diálogo direto com a administração do Memorial e informa que a região sob responsabilidade do 23º Distrito Policial registrou queda de 10,5% nos roubos e 11,3% nos furtos nos primeiros nove meses do ano. Em toda a 3ª Delegacia Seccional (Oeste), foram apreendidas 2,2 toneladas de drogas no período.
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Prefeitura de São Paulo também alega que acompanha as movimentações desses grupos. Em nota, diz haver "trabalho contínuo de tratamento e acolhimento" feito por equipes de saúde e assistência social, que percorrem "pontos de ocupação momentânea ou periódica" para busca ativa de pessoas em situação de rua e uso problemático de drogas. Segundo a gestão municipal, 1.600 agentes fazem abordagens de rotina, e
40 equipes do Consultório na Rua atuam todos os dias.O município aponta ainda que, desde 2021, a rede de saúde mental foi ampliada com 20 novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), totalizando 103 unidades. A Guarda Civil Metropolitana, segundo a prefeitura, mantém policiamento 24 horas e utiliza câmeras do programa Smart Sampa, que teriam contribuído para a captura de 2.318 foragidos da Justiça e 3.565 prisões em flagrante.
A prefeitura ressalta que, entre janeiro e setembro de 2025, equipes registraram 13.327 encaminhamentos para serviços e equipamentos municipais e estaduais — 28% a mais que no mesmo período do ano anterior. A administração afirma manter a "maior rede socioassistencial da América Latina", com mais de 26 mil vagas.
Na região da Barra Funda, no entanto, não havia policiamento nesta sexta-feira (14) e apenas equipes de limpeza trabalhando próximo a canteiros.
Apesar dos dados apresentados pela Prefeitura e pelo Estado, estudos e relatórios apontam que os crimes e os danos sociais associados à Cracolândia não desapareceram com a dispersão visível do fluxo.
Relatório do Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) elaborado pelo
deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) e pela vereadora Luna Zarattini (PT-SP), concluiu que o racismo estrutural é "fator determinante" na formação histórica do território da Cracolândia, o que sugere que a situação vai além da criminalidade, mas atravessa também recortes sociais, políticos e de saúde pública.
Além disso, pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da Universidade de São Paulo (USP) e de outros centros entrevistaram 90 usuários da Cracolândia e identificaram falhas graves nas abordagens tradicionais de tratamento. Mais de 90% dos entrevistados relataram uso de crack, e cerca de 70% já haviam sido internados pelo menos uma vez — alguns, várias vezes.
Muitos manifestaram que veem a internação não como solução, mas como uma pausa física. Além disso, a própria experiência de vida dessas pessoas revela vulnerabilidades profundas: segundo reportagem da Pesquisa FAPESP, 66% dos entrevistados são homens negros; 69% informaram dormir nas ruas; muitos relataram agressões morais por parte das autoridades.
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