Após dois anos de recessão em 2015 e 2016, a economia brasileira ainda está bem abaixo das projeções feitas pelo Fundo para os países emergentes, que devem crescer 4,7% este ano e 4,9% em 2019. Mesmo dentro dos BRICS, o Brasil ainda está longe das estimativas para a China (6,8% e 6,6%) e Índia (6,7% e 7,4%), mantendo-se no mesmo nível da Rússia (1,8% e 1,7%).
Para Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria Internacional, embora ainda com recuperação modesta, a economia brasileira poderia crescer mais do que o projetado pelo FMI e pelo próprio mercado financeiro local, não fossem as incertezas que rondam o cenário pós-eleições de outubro. Em entrevista à Sputnik Brasil, Jensen diz que a indefinição sobre quem vai ser o próximo presidente da República e se as reformas iniciadas na atual gestão vão continuar são o que impedemo uma retomada mais vigorosa de consumo e investimentos.
"O governo Temer tem implementado diversos ajustes econômicos importantes, o que tem feito que a economia melhore com inflação baixa e juros menores. O rendimento e a velocidade de recuperação só não são maiores — o Brasil já poderia estar crescendo hoje 3%, 4% — porque existe uma incerteza sobre o que vai acontecer com o país a partir do ano que vem, sobretudo no campo fiscal, de gasto e arrecadação públicos", analisa o consultor.
Com relação ao México, Jensen explica que as projeções do FMI estão ligadas à questão da relação comercial que o país tem com os Estados Unidos, que mantêm uma política de diminuição comercial com o México e mesmo com o Canadá (no âmbito da Alca), o que tem afetado negativamente as projeções, que ainda assim devem manter o país e o Brasil na liderança do crescimento latino-americano este ano.
"Tanto México quanto Canadá têm tratado de buscar outros parceiros comerciais na medida em que negociar com os EUA tem ficado mais difícil por conta das medidas de Donald Trump de restringir esse comércio", diz o sócio da 4E Consultoria Internacional.
Para muitos analistas, embora otimista com o desempenho do PIB brasileiro, o FMI está mais cético do que o próprio mercado financeiro no Brasil. Segundo a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com as 100 maiores instituições financeiras do país, o Brasil deve crescer 2,7% este ano e 2,9% em 2019. A 4E Consultoria projeta um expansão de 1,9% este ano.
"É um crescimento mais fraco do que poderia ser, justamente por questões relacionadas às eleições, mas o consumo está vindo. No ano passado, veio muito em cima de renda e este ano está vindo em cima do crescimento do emprego e do crédito, devido aos juros em patamar mais baixo. Já o investidor tem que ter mais certeza na hora de construir uma fábrica e de comprar uma máquina. Esse processo vai demorar mais um pouquinho. Se o país continuar no rumo correto, em 2019, a gente pode crescer bem mais do que os 2,1% que Fundo está projetando. O mercado está projetando um pouco abaixo de 3% e nós, 3,2%", finaliza Jensen.
No relatório do FMI, as principais projeções apontam para outras altas do PIB este ano: EUA (2,3%), Zona do Euro (2,3%), Alemanha (2,5%), Japão (1,8%) e Reino Unido (1,75%).