Para José Mauro de Morais, coordenador de Estudos da Área de Petróleo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mais do que o aumento da produção, dois fatores contribuíram para esse desempenho: a valorização do preço do barril no mercado internacional e a boa fase do câmbio. Em entrevista à Sputnik Brasil, ele explica as causas dessa recuperação.
"O petróleo caiu muito a partir do segundo semestre de 2014 por conta do excesso de estoques no mercado internacional. Com isso, o preço caiu muito e chegou até a US$ 30 o barril no começo de 2016. O efeito dessa queda nos royalties para estados e municípios foi dramático, por isso esse retorno da arrecadação é resultado do aumento do preço, que está agora em torno de US$ 65, o que ultrapassou as expectativas mais otimistas", diz Morais, acrescentando que para isso também contribuiu o crescimento dos Estados Unidos, da China e da própria economia mundial.
O especialista cita ainda como fator de valorização do preço a decisão da Rússia e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), no ano passado, de fixarem um limite de produção, apesar da demanda mais aquecida, o que provocou uma expectativa de que a oferta de petróleo não iria mais crescer. Na visão do especialista, outro fator que contribuiu para essa alta foi a fixação de uma taxa de câmbio na faixa dos US$ 3,15.
O coordenador do IPEA chama a atenção ainda para o aumento das chamadas Participações Especiais a que têm direito estados e municípios produtores. A divisão dos royalties hoje é feita da seguinte forma: 22,5% ficam nos estados produtores, 30% vão para os municípios produtores e que têm operações de embarque e desembarque e o restante fica com a União. Morais observa, que apesar da melhora na arrecadação, os valores ainda são inferiores aos de 2012 e 2013 que superavam os R$ 30 bilhões. Para Morais, o cenário se desenha positivo este ano.
"Por conta do crescimento da economia mundial, dos Estados Unidos, da China e da Europa é bem possível que o preço do petróleo se mantenha nesse patamar de US$ 65 até US$ 70 o barril. Como o Brasil descobriu poços de petróleo gigantes, que estão sendo postos cada vez mais em funcionamento pela Petrobras, é bem possível que esse aumento de arrecadação se mantenha e até se eleve um pouco", analisa Morais.
A Petrobras, que continua sendo a maior produtora no país, superou a meta de 2,07 milhões de barris diários, estabelecida no início do ano, e fechou 2017 com o recorde de 2,15 milhões.