Deputado ucraniano conta como Kiev poderia 'ter salvo' Crimeia em 2014

As autoridades ucranianas tinham considerado a hipótese de delegar amplos poderes à Crimeia, bem como regressar à Constituição de 1992, antes da península se reintegrar na Rússia, revelou um dos deputados da Suprema Rada.
Sputnik

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"Eu visitei [o então presidente interino da Ucrânia] Turchinov e disse que era preciso convocar imediatamente a Suprema Rada, delegar à Crimeia quaisquer poderes, aprovar em primeira leitura e regressar à Constituição de 1992, pois o poder após o Maidan estava fraco, era preciso ganhar tempo e neutralizar o referendo. Ou seja, dar à Crimeia tudo, exceto a soberania, e ganhar tempo. […] Entretanto, me responderam que tudo isso era bom, mas que esses eram trunfos para as conversações com a Rússia", disse o deputado e ex-representante da presidência ucraniana na Crimeia, Sergei Kunitsyn, ao canal 112.

De acordo com o político, as autoridades ucranianas se atrasaram "em uma semana", pois não conseguiram escolher um responsável pela solução do problema crimeano.

Em conformidade com a Constituição de 1992, a República da Crimeia era um Estado que fazia parte da Ucrânia, enquanto as relações entre as partes se regulavam com base em tratados e acordos.

No seu território, a república exercia todos os seus poderes, exceto os que tinha delegado voluntariamente à Ucrânia. A língua oficial, bem como a usada nos processos jurídicos, era a russa. Ademais, a República da Crimeia tinha a capacidade de construir relações bilaterais independentes com outros Estados.

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Em março de 1995, a Suprema Rada da Ucrânia cancelou a Constituição de 1992, eliminando o posto de Presidente da Crimeia. Mas tarde, foi adotada a lei "Sobre a Constituição da República Autônoma da Crimeia", de acordo com a qual a península se tornou uma república autônoma dentro do Estado ucraniano.

A península se reintegrou na Rússia após um referendo que decorreu lá em março de 2014. Na sequência da votação, 96,77% dos eleitores da República da Crimeia e 95,6% dos residentes da cidade de Sevastopol se manifestaram pela reunificação com a Rússia. O pleito teve lugar após o golpe de Estado na Ucrânia.

Moscou tem por várias vezes afirmado que os moradores da Crimeia optaram pela reintegração na Rússia em toda a conformidade com os princípios democráticos e o direito internacional. De acordo com o presidente russo, Vladimir Putin, a questão da Crimeia "é um assunto encerrado".

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