Astrônomo amador capta nascimento de supernova e faz avanço histórico na astrofísica

Um serralheiro argentino aficionado da astronomia conseguiu o que até agora não tinha conseguido a comunidade astronômica internacional: registrar o momento preciso em que nasce uma supernova, a explosão da estrela. Por que este descobrimento é tão importante?
Sputnik

A supernova tradicional é a morte de uma estrela muito grande (que tem uma massa pelo menos 10 vezes superior à do Sol), que colapsa e explode. Entender como explode uma supernova ajuda a compreender como se produziram os elementos químicos no universo e, de alguma maneira, como muda sua composição química.

"A supernova diz o que está acontecendo com a estrela e como evolucionou. A captura da supernova na etapa inicial, o que foi conseguido, ajuda-nos a confirmar os modelos evolutivos destes objetos, que até agora eram apenas postulados teóricos", explicou à Sputnik Mundo Melina Bersten, do Instituto de Astrofísica de La Plata, que investiga a descoberta.

A galáxia espiral NGC 613 e as imagens capturadas por Víctor Buso

Durante sua vida, as estrelas irradiam brilho originado pela energia que está se produzindo no interior do astro. A partir de um mecanismo conhecido como fusão, as estrelas grandes convertem elementos leves em elementos mais pesados. A energia produzida durante a fusão faz com que a estrela esteja estável no espaço. No entanto, em um momento, a queima deixa de gerar energia e a estrela já não se pode resistir à gravidade e colapsa.

O colapso se transforma em explosão no interior da estrela, e a supernova aparece quando a explosão chega à superfície. Em outras palavras, é o momento em que se dispersam todos os elementos químicos produzidos pela estrela durante sua evolução.

Bersten afirma que este processo leva algumas horas e pode ser observado porque "sai um monte de luz de forma muito abrupta, como o flash de uma câmera, mas muito mais intenso".

Atualmente, a observação da supernova é o único jeito de os cientistas poderem entender o processo evolucional e a estrutura de um astro, porque não podem ver o que está acontecendo no seu "interior". O problema é que não se sabe quando e onde vai aparecer uma supernova: o fenômeno ocorre duas ou três vezes por século em cada galáxia.

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Porém, os cientistas conseguiram confirmar os modelos teóricos que previam três fases na evolução das supernovas graças aos dados registrados por Víctor Buso, um astrônomo aficionado que instalou um telescópio em sua casa.

Em 20 de setembro de 2016, o observador acabou escolhendo o lugar certo no momento certo, apontando seu telescópio para a galáxia espiral NGC 613, situada a 70 milhões de anos-luz da Terra. Além de ter tido sorte, Víctor demonstrou astúcia: o entusiasta tirou mais de 40 fotos em uma hora, mandando-as depois à União Astronômica Internacional porque entendeu que estava acontecendo algo importante.

O argentino captou a primeira das três fases da supernova (quando a estrela explode e um flash de luz alcança a superfície estrelar). A segunda etapa tem lugar nos dias posteriores e se caracteriza pelo esfriamento do astro. Na terceira fase o objeto sofre um aquecimento causado pelo efeito do decaimento radioativo, que se estende por semanas.

A análise dos dados prestados pela descoberta foi publicada na revista Nature. A investigação foi realizada por um grupo de especialistas argentinos do Instituto de Astrofísica de La Plata, do Instituto Argentino de Radioastronomia e da Universidade Nacional de Río Negro em cooperação com cientistas dos Estados Unidos, Japão e Reino Unido.

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