O alto comissário Zeid al-Hussein, usou o pronunciamento de abertura da 37ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos para manifestar preocupação com a utilização de militares como agentes de segurança pública. al-Hussein criticou ainda o pronunciamento do Comandante do Exército brasileiro, General Eduardo Villas Boas, para quem "(os) militares precisam ter garantia para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade”, instituída durante o governo Dilma que investigou crimes cometidos por membros das Forças Armadas durante a Ditadura.
Para Monique, os riscos de uma fala como a de Villas Boas ficou demonstrado durante o caso da chacina de São Gonçalo em novembro de 2017, quando oito pessoas foram assassinadas supostamente pelas forças de segurança da cidade. A Polícia Civil se isenta do crime, enquanto o Exército se recusa a entregar as armas dos militares envolvidos para perícia.
"Quando um interventor federal que tem cargo militar ou seu subordinado diz que existe uma preocupação para que não haja uma nova Comissão da Verdade, a Justiça Global se preocupa com o que isso significa. Para nós, representa a eminente possibilidade de que tenhamos diversas chacinas pelas forças militares sem que se possa ter acesso à transparência de que tipo de atuação essas forças estão tendo".
"Considerando que esta é uma intervenção que tem caráter militar no decreto, mas que também tem em tese uma função constitucional civil, isso coloca outras preocupações com relação à própria gestão das políticas públicas e dos efeitos que isso pode ter no Estado com direitos humanos", argumenta.