Os testes de choque consistem basicamente na colocação de minas debaixo de água perto do navio e sua detonação para ver se todos os sistemas da embarcação podem continuar operando após a sacudida. Os resultados são utilizados para avaliar as vulnerabilidades do navio e, caso seja necessário, aperfeiçoar as futuras unidades – como o USS John F. Kennedy.
A decisão sobre o cancelamento dos testes está nas mãos de James Mattis. O dilema do Pentágono é adotar em serviço um navio que não passou os testes necessários ou cruzar os dedos e esperar que a embarcação mais cara na história não sofra nenhum contratempo que pudesse ter sido detectado nos testes.
"O nível de confiabilidade baixo ou difícil de avaliar demonstrado pelas catapultas do novo projeto, o cabo de desaceleração, elevadores de armas e radar, sendo estes fundamentais para as operações de voo, podem afetar as capacidades do porta-aviões para assegurar a frequência necessária de voos de aviões, tornarão a embarcação mais vulnerável e limitarão as operações de rotina", assinalou o documento.
Era precisamente o novo equipamento de convés que devia representar uma das vantagens do porta-aviões da classe Gerald R. Ford em comparação com seus antecessores. De acordo com os desenvolvedores do navio, suas quatro catapultas eletromagnéticas e o novo equipamento de desaceleração com um sistema de controle automatizado deveriam assegurar que o porta-aviões recebesse a bordo todas as aeronaves embarcadas. Contudo, de acordo com o relatório, são exatamente esses sistemas que tornam a embarcação vulnerável.
E não se trata das únicas “desvantagens” do USS Gerald R. Ford. Em outro relatório observa-se que o navio não proporciona acomodações para todos os tripulantes. Para uma tripulação contabilizada em 4.758 pessoas, que asseguram o funcionamento a 100% do porta-aviões, foram projetados somente 4.660 espaços de alojamento. E esse pequeno problema não pode ser resolvido nem por meio da digitalização, nem com o novíssimo equipamento de desaceleração que o navio incorpora.