Para Pautasso, mesmo com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país nos últimos dois anos, a liderança de Putin é inconteste. O especialista argumenta que a população aprendeu a ver as dificuldades macroeconômicas como o resultado de um cenário internacional complicado e não como "incompetência pessoal" do presidente.
"Evidentemente que ainda há alguns gargalos específicos, Vladimir Putin tem consciência disso, ele tem o compromisso de diversificar a matriz produtiva. Creio que há preocupações domésticas, nos últimos 2, 3 anos houve um período econômico menos entusiástico que no período anterior", avalia o professor, completando que mesmo os opositores mais fortes do Partido Comunista russo reconhecem os méritos na reconstrução do país desde os anos 2000.
Diante da promessa feita por Putin durante o discurso de vitória, dedicando esforços para melhorar a saúde, a educação, previdência e empregabilidade, Pautasso acredita que é uma jogada inteligente do presidente focar em temas mais presentes no cotidiano do cidadão russo. O desafio será como equilibrar os interesses domésticos com a agenda internacional.
"Putin tem tentado sistematicamente reiniciar as relações com o Ocidente, tentou fazer com o Obama, sinalizou com o Trump e na Europa teve relações muito proveitosas com o [ex-chanceler Gerhard] Schröder na Alemanha", diz o especialista. "Contudo, há revoluções na UE, revoluções coloridas no entorno russo, estabelecimento de curdos etnicistas na sua fronteira imediata, a Guerra na Síria que aproxima grupos islâmicos na fronteira idealizada da federação russa, tudo isso são fatores que azedam as relações da Rússia com o Ocidente, o caso da Ucrânia sendo o mais emblemático destes todos".
"Entendo que a Rússia vai se tornar ainda mais assertiva no cenário internacional (…) É uma presença irrefreável e parte importante do capital político que o Putin conquistou. A Rússia tem uma tradição de liderança internacional sendo Putin o mais habilidoso estrategista em geopolítica hoje no mundo".