Notícias do Brasil

Clandestinos: nos céus do Brasil, há muito mais do que aviões de carreira

"Mais da metade dos voos de táxi aéreo no Brasil não são homologados, o que representa riscos não só para a segurança dos usuários, como também prejuízos para as empresas que operam regularmente." A denúncia é de Jorge Bitar Neto, presidente da Associação Brasileira de Táxi Aéreo e Empresas de Manutenção (ABTaer).
Sputnik

Neto, piloto e também presidente da Helimarte, empresa operação desde 1999, diz que o problema é mais grave em regiões onde o transporte é mais problemático, como no Centro-Oeste e Norte do país. Apesar disso, ele se mostra confiante que o novo Código Aeronáutico brasileiro, em tramitação no Congresso, possa ser aprovado ainda este ano, prevendo a criminalização tanto da parte de empresas quanto de usuários de voos clandestinos.

"Nós da aviação executiva temos sofrido muito com essa crise, porque o nosso mercado é ligado diretamente ao câmbio, ao dólar. Quanto mais baixo o real, as manutenções ficam mais caras. O transporte aéreo clandestino tem sido um concorrente muito cruel para o nosso mercado", diz Bitar Neto.

Segundo o dirigente, muitas vezes o contratante não sabe que a locação da aeronave não está aprovada junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que trata as empresas credenciadas como transportador público sujeitas à observância de diversas normas quer na parte de treinamento, manutenção e frota, o que reflete na segurança do passageiro. "Muitas vezes ele (usuário) pega um site na internet queoferece esse tipo de serviço, porém as pessoas usam aeronaves particulares", explica o presidente da ABTaer.

Na semana passada, as empresas foram convocadas a Brasília pela ANAC apresentar seu novo sistema de inteligência e as ações para combate à pirataria aérea, bem como foram traçados os novos trabalhos de manutenção. O presidente da ABTaer disse que a própria agência reconheceu que a concorrência está predatória, comprometendo a segurança dos voos. 

Hoje, a ABTaer tem afiliadas cerca de 70 empresas  para um mercado próximo de 150 companhias, número que chegava a 300 há três anos. Mesmo entre as 150, muitas reduziram o número de aeronaves em suas frotas. Bitar Neto observa que as frotas variam muito, mas, na média, uma empresa de táxi aéreo possui de cinco a 10 aeronaves.

"O Brasil é muito diverso no quesito modelo de aeronaves. Cada cliente e cada operação têm um perfil. São Paulo é praticamente a capital mundial dos helicópteros, porque virou ferramenta de trabalho e deixou de ser um luxo. No Norte e no Centro-Oeste, você tem muita aeronave monomotor, de custo baixo de operação e que opera em pistas relativamente pequenas. Já o mercado executivo, que se utiliza de jatos, predominantemente está no Nordeste, Sudeste e Sul do país", exemplifica Bitar Neto.

Brasil é o quarto país com melhor segurança operacional da aviação

O presidente da ABTaer observa que, em termos de equipamentos, a maioria operada pelas empresas de táxi aéreo no Brasil é de fabricantes americanos (Boeing), a própria Embraer tem uma fábrica nos Estados Unidos que produz o Phenom 100 e o Phenom 300. A França atua bastante na área de helicópteros, caso da Airbus, que tem uma fábrica em Itajubá (MG), além dos helicópteros italianos Agusta, que conquistam boa fatia desse mercado.

Bitar Neto diz que a recuperação da economia brasileira neste ano ainda não chegou com força ao setor de táxi aéreo. A proximidade das eleições de outubro, porém, injeta novo ânimo nas empresas devido à necessidade de locomoção maior de políticos e empresários pelo país. A Copa do Mundo em junho, no entanto, deve significar um arrefecimento nos negócios durante sua realização.

Comentar