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Opinião: ‘tradição brasileira impede eleição de Henrique Meirelles como presidente’

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciará esta semana o desligamento do cargo para disputar a Presidência da República. O cientista político Ricardo Ismael conversou com a Sputnik Brasil sobre as chances de Henrique Meirelles na corrida eleitoral.
Sputnik

O MDB deseja que Henrique Meirelles aceite uma composição com Michel Temer nos seguintes termos: caso o presidente não eleve sua posição nas pesquisas de intenção de votos, o ainda ministro da Fazenda assumiria a cabeça da chapa. Porém, nos bastidores da política brasiliense, a imprensa registra declarações de Henrique Meirelles de que só admite pensar em concorrer à Presidência da República sem qualquer condicionante.

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O cientista político Ricardo Ismael, Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), disse à Sputnik Brasil que Henrique Meirelles não reúne condições para empolgar o eleitorado a escolhê-lo como sucessor de Michel Temer.

“O ministro Henrique Meirelles, já de há algum tempo, vem tentando colocar seu nome na mesa na esperança de que algum partido político possa lançar sua candidatura à Presidência da República. Ele tem duas dificuldades: a primeira é o fato de não ser da tradição brasileira eleger alguém, com o perfil do ministro Henrique Meirelles para a Presidência da República", observa. 

De acordo com o especialista, "o ministro é um banqueiro e chegou ao governo Lula para presidir o Banco Central na condição de ex-presidente mundial do BankBoston". 

"A segunda dificuldade diz respeito ao próprio governo do presidente Michel Temer que, apesar de todos os seus esforços, não consegue firmar uma base popular, o que cria dificuldades para o próprio Temer querer se eleger e, ainda mais, para algum outro candidato que o Palácio do Planalto venha a apoiar”, destaca. 

Ricardo Ismael também avalia que, no quadro atual do MDB, em que os interesses políticos são os mais diversos, não haja algum nome capacitado a unir o partido no sentido de obter apoio integral. 

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“Avança pelos estados a ideia de que os políticos locais devem privilegiar os interesses regionais, em detrimento de um projeto nacional de recuperação do Brasil. De modo que, a meu ver, vai ser muito difícil para o MDB encontrar um nome que faça o país marchar unido para um pleito eleitoral em que o partido aspira manter a Presidência da República. Não vejo no ministro Henrique Meirelles o nome capaz de promover esta unidade nacional no MDB”, argumenta o especialista.

O cientista político diverge dos comentários que atribuem a Henrique Meirelles uma hipotética perda de interesse pelos rumos da economia do país após se lançar como pré-candidato à Presidência da República. Para Ricardo Ismael, em termos de proposituras econômicas neste ano, Henrique Meirelles já realizou o que poderia ter sido feito:

“De qualquer forma, essa será a questão central deste ano de 2018, saber se a política econômica do presidente Michel Temer será mantida pelo próximo governo. Nesse caso, Temer terá influência sobre a eleição deste ano mas não como candidato e sim, como motivador de um debate que interessa a todo país”, conclui Ismael.  

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