Na avaliação do cientista político da PUC-RJ Ricardo Ismael, é "raro" um ministro da Fazenda conquistar a Presidência da República. A exceção é Fernando Henrique Cardoso, ex-ministro da Fazenda eleito presidente em 1994, mas agora o cenário é completamente diferente, diz Ismael: "O presidente Michel Temer não tem um Plano Real para tornar Henrique Meirelles seu sucessor. A agenda hoje é bem diferente: é uma agenda de ajuste fiscal, de cortes no orçamento e de implantação da reforma da Previdência Social. Nada disso confere popularidade a um candidato".
"Henrique Meirelles não é uma pessoa que se possa considerar popular. Ao contrário, ele firmou uma carreira muito bem sucedida como banqueiro, tendo estado à frente do Bank Boston e, no governo Lula, presidido o Banco Central. Não me parece que Henrique Meirelles consiga ter carisma e presença junto ao eleitorado brasileiro. Ele pode empolgar o mercado, o empresariado e os banqueiros. E só."
Nas pesquisas eleitorais, Meirelles não costuma passar de 2% das intenções de voto.
Aproveitando o espaço do programa eleitoral de seu partido, Meirelles começa o programa apresentando-se e, ao longo de 10 minutos, fala sobre a queda dos juros e a baixa da inflação. Ele busca um espaço no centro político e não cita Temer, Dilma ou Lula. Com um discurso focado na economia, Meirelles relembra sua passagem na presidência do Banco Central, mas omite que foi durante o mandato do então presidente Lula (PT).
"O PSD é um partido que cresceu muito no Nordeste, especialmente a partir das eleições municipais de 2016. É um partido fundado pelo ex-prefeito de São Paulo — Gilberto Kassab, hoje ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações — que tem ramificações no país inteiro e, portanto, poderia dar sustentação à uma candidatura à presidência da República. Portanto, o Henrique Meirelles deverá fazer uso de uma estrutura capaz de dar dimensão nacional aos seus planos", diz Ricardo Ismael.