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China na América Latina: que países ganham no intercâmbio com gigante asiático?

As relações entre a China e os países da América Latina começaram há 40 anos. Desde então, os laços vão fortalecendo, ocupando a China hoje em dia os primeiros lugares na lista dos parceiros da região.
Sputnik

"Uruguai estabeleceu as relações com a China relativamente tarde. Apesar disso, se alguém tiver que fazer uma perspectiva destes últimos dez anos, diria que é a relação mais equilibrada que possa haver na América Latina", afirmou à Sputnik Mundo o cientista político Eduardo Oviedo, especializado na Ásia. Oviedo participou como conferencista principal do evento dedicado ao 30º aniversário das relações bilaterais entre a China e o Uruguai.

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Para o especialista, o gigante asiático ocupa o lugar central na América Latina, embora nos últimos anos alguns países tenham ganhado e outros perdido nas relações bilaterais. Os dois ganhadores principais são o Brasil e o Chile, acredita Oviedo.

"No caso do Brasil, praticamente dois terços das reservas internacionais, que são quase 380 bilhões de dólares [R$ 1,3 trilhão], provêm do superávit comercial com a China", um êxito que tem sido "diferente do resto dos países por ter havido saldos favoráveis excessivos nos últimos anos baseados em duas commodities fundamentais que são a soja e o mineral de ferro", apontou o cientista argentino.

A seu ver, a estabilidade financeira do Brasil tem sido sustentada nos últimos anos graças à relação extraordinária com a China, da qual também disfruta o Chile. Santiago tem cerca de 39 bilhões de dólares (R$ 131 bilhões) na reserva provenientes do intercâmbio com Pequim e nos últimos dez anos teve um superávit de quase 48 bilhões de dólares (R$ 162 bilhões).
Peru, assim como o Uruguai, tem uma relação equilibrada com a China.

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A Argentina, por sua vez, é diferente, demonstrando uma "década perdida" em termos de intercâmbio, embora isso se deva ao objetivo de buscar exportações com maior valor agregado.

"A Argentina tem aplicado uma política de retenções a suas exportações de grãos, deixando de exportar o grão de soja, mas exportando o produto industrializado", explicou Oviedo.

Desta maneira, o país acrescenta um pouco de valor àqueles produtos que acabam em mercados como o europeu ou norte-americano, a razão pela qual "há mais complementaridade com outros países do que com a China, porque a China somente compra o grão de soja", concluiu.

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