Por que países querem retirar suas reservas de ouro dos EUA? Analistas respondem

O alvoroço em torno das reservas de países guardadas no território dos EUA está se desencadeando com uma força maior após o Banco Central da Turquia ter retirado do Sistema de Reserva Federal dos EUA suas reservas de ouro, segundo o relatório anual publicado no site oficial do banco.
Sputnik

Os analistas entrevistados pela Sputnik assinalaram que os países estão aumentando suas reservas de ouro em meio à escalada das tensões geopolíticas, aumentando assim sua independência financeira.

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Nesta sexta-feira (20), o Banco Central da Turquia comunicou que as reservas de ouro armazenadas nos EUA eram de 28.689 toneladas no final de 2016, mas já não constava nada no final de 2017. Anteriormente, em agosto de 2017, a Alemanha reouve metade de suas reservas de ouro dos cofres internacionais, quase 3 anos mais cedo do que estava previsto antes. Na sequência da decisão da Alemanha, outros países europeus também começaram a se preocupar com este assunto.

Segundo explicou o analista Andrei Kochetkov, cada país geralmente tem suas razões para retirar as reservas de ouro do exterior, contudo, entre as causas principais de tantas coincidências é a falta de confiança nos EUA.

Kochetkov ressaltou que a Alemanha justificou suas ações com a necessidade de aumentar a confiança de seu povo no governo, quando em 2017 informou que havia repatriado uma parte do ouro que tinha guardado em Nova York e em Paris.

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No entanto, de acordo com o analista, essas medidas demostraram a desconfiança em relação a Washington. Ultimamente, os EUA "se têm acostumado a recorrer à pressão financeira em sua política" explicou Kochetkov. O especialista exemplificou: "Para garantir sua maior independência financeira, a Turquia está aumentando suas reservas de ouro e passando a concentrá-las em seu próprio território."

Além disso, a vice-diretora do departamento analítico da empresa Alpari, Anna Kokoreva, acredita que as medidas tomadas para repatriar as reservas de ouro tenham a ver com a geopolítica e não com a economia. Na opinião dela, os países não querem depender dos Estados Unidos.

"Os casos da Rússia, Venezuela e Irã mostraram claramente que os EUA podem impor sanções e congelar os ativos de qualquer país em seu território", explicou a analista. Segundo ela, na sequência do conflito sírio a Turquia corre um risco significativo de repetir o destino desses países.

Kokoreva ressaltou que o acúmulo de reservas de ouro em seu próprio território é um passo adequado, já que o ouro é uma moeda universal, enquanto o armazenamento de reservas em várias moedas não é tão seguro devido à taxa de câmbio instável das moedas.

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O Banco Central da Turquia comunicou que as reservas de ouro armazenadas nos EUA eram de 28.689 toneladas no ano passado. No total, no fim de 2017 as reservas de ouro turcas equivaliam a aproximadamente 525 toneladas.

Também os maiores bancos privados turcos retiraram suas reservas de ouro do exterior respondendo ao apelo do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para "se livrarem da pressão da taxa de câmbio e usarem o ouro contra o dólar".

As relações entre os EUA e a Turquia vêm se agravando, principalmente devido ao apoio dado por Washington às Unidades de Proteção Popular curdas (YPG) que Ancara considera como um grupo terrorista que tem ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), também visto como organização terrorista por parte das autoridades turcas.

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O Bundesbank, banco central da Alemanha, informou em agosto de 2017 que havia concluído, três anos antes do previsto, a repatriação de uma parte das reservas de ouro que o país tinha armazenado em Nova York e Paris e já possui mais de metade das suas reservas em Frankfurt, tal como havia planejado.

Em 2016, o país concluiu com êxito a repatriação do ouro dos EUA de uma parte das reservas que tinha em Nova York. Nos anos seguintes a Alemanha repatriou anualmente 85, 99 e 111 toneladas de ouro respetivamente. Assim, em 2017, o Bundesbank reouve as últimas 91 toneladas das reservas de ouro que tinha no exterior.

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