Condenado em segunda instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-chefe de Estado é, hoje, o nome mais popular no cenário político brasileiro, favorito nas pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial de outubro. Solto e concorrendo, Lula terá uma competição relativamente fácil na corrida por seu terceiro mandato. Mas, e se ele continuar preso e não puder disputar o pleito de 2018?
Para o professor Carlos Eduardo Martins, cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), há hoje uma "intervenção arbitrária da Justiça", impedindo "uma candidatura que é a preferida do eleitorado". Segundo ele, o "golpe de Estado" ocorrido no país provocou um desmantelamento da esquerda, de modo que não há nenhum substituto claro para a liderança desse campo.
Num cenário com Lula, Martins acredita que não há dúvidas de que o ex-presidente seria reeleito já no primeiro turno, graças ao seu eleitorado consolidado, que "tem suportado toda a ofensiva midiática contra a imagem do presidente Lula".
"Esse é o grande medo da direita brasileira, que não consegue vencer uma eleição presidencial desde 1998. Vão fazer 20 anos", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil.
Sem o líder petista no pleito, o especialista descreve o cenário como muito "incerto".
No caso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), segundo mais citado nas pesquisas de voto, Martins acha que ele corre por fora na disputa de outubro, como o "candidato dos frustrados" da sociedade brasileira, que não tem uma alternativa coletiva e um projeto de Estado que represente setores organizados.
"Bolsonaro é a candidatura do ódio, daqueles que estão com ódio da realidade, e que não tem nenhuma forma organizada de superar a dramática crise brasileira", declarou o cientista político.