Serviço secreto francês sabia que cimenteira LafargeHolcim financiava terroristas na Síria

Esta foi a capa de todos os jornais franceses hoje de manhã: os serviços secretos franceses estavam cientes desde o início que a multinacional franco-suíça LafargeHolcim enviava dinheiro a terroristas do Daesh (autodenominado Estado Islâmico) em troca da continuidade de suas operações empresariais no norte da Síria.
Sputnik

O esquema entre a empresa e os terroristas começou a ser revelado em junho de 2016 pelo jornal Le Monde e perdurou entre 2012 e 2014. De acordo com a acusação, a LafargeHolcim possuía uma fábrica de cimento no campo de Jalabiya, norte da Síria. Já ativo na área, o Daesh exigia que funcionários exibissem um papel carimbado pelos terroristas autorizando-os a entrar na fábrica.

200 provas mostram 'possível ligação' entre Daesh e gigante do concreto europeu
Um ex-comandante da marinha francesa, Jean-Claude Veillard, disse em interrogatório porém que os serviços secretos franceses sabiam da estratégia de negociação entre a empresa e o Daesh. Segundo Veillard, foram pagos mais de US$5 milhões para garantir as atividades do complexo e das estradas controladas pelo Daesh e pela Frente Nusra. As informações e nomes dos contatos na Síria teriam transmitidos à Direção-Geral de Segurança Externa da França (DGSE), o serviço secreto do país.

Veillard diz ainda que descobriu a natureza dos financiamentos no verão de 2014, mas que desde outubro de 2013, um relatório do comitê de segurança da LafargeHolcim anunciava de forma animadora "negociações com os grupos armados ISIS (Daesh) e Frente Nusra para permitir a retomada das atividades da cimenteira", de acordo com a Rádio França Internacional.

Ainda não está claro se a Presidência, à época ocupada pelo socialista François Hollande, foi notificada sobre as negociações em andamento com os terroristas. A fábrica da LafargeHolcim encerrou as atividades no final de 2014.

Comentar