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Zika no combate a tumores cerebrais: cientistas brasileiros testam fármacos promissores

Estudo realizado por cientistas brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) publicou uma importante descoberta, mostrando que o vírus da zika é capaz de matar com eficácia as células de tumores cerebrais. A bióloga e geneticista Carolini Kaid falou à Sputnik Brasil sobre esta inovadora pesquisa para o combate ao câncer.
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De acordo o estudo do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo (USP), publicado na última quinta-feira na revista científica “Cancer Research”, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer, a destruição das células tumorais pode acontecer sem causar danos às células saudáveis.  

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A bióloga e geneticista Carolini Kaid, que faz parte da equipe deste centro de pesquisa, conversou com a Sputnik Brasil sobre esta importante descoberta, que levou cerca de um ano até a publicação do estudo.  

"Quando nós tivemos esse surto de casos de zika, que causava microcefalia, a comunidade científica se mobilizou pra entender como que o zika estava causando microcefalia. A professora Mayana Zats [coordenadora da pesquisa] e o grupo da equipe dela que descobriu que o zika afetava preferencialmente as células-tronco neurais que ficavam presentes nos fetos", afirmou a especialista. 

Carolini Kaid contou como surgiu a ideia de que o vírus da zika poderia ajudar no combate às células de tumores cerebrais. 

"O nosso grupo de pesquisa que trabalha com câncer, que faz parte do grupo do Keith [autor principal da pesquisa], do Genoma, a gente tinha algus dados de pacientes do Hospital das Clínicas, que tinham perfil de expressão das células que pareciam com células-tronco neurais. Então durante essa conversa com o grupo da Mayana e o grupo do Keith, que nós tivemos essa ideia, que se o zika infecta preferencialmente células-tronco neurais do feto, será que ele infecta também as células tumorais que tem essa característica, essa cara de célula-tronco neural? Foi assim que surgiu a ideia", contou a pesquisadora. 

De acordo com ela, a partir daí foram realizados testes com linhagens tumorais geradas em colaboração com o Hospital das Clínicas.  

"São células tumorais de pacientes, e testamos também uma comparação com outros três tumores mais comuns — de mama, próstata e cólon retal. E aí foi a surpresa, que além do vírus infectar células tumorais de tumores do sistema nervoso central, em três dias ele levava à morte e destruição total do tumor", destacou a especialista. 

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Ao comentar os próximos passos dessa descoberta, a pesquisadora afirmou que a próxima etapa é a produção de fármacos para poder realizar testes em humanos. 

"Agora a gente está na fase de produzir fármacos seguros para poder fazer testes em humanos. Então assim que a gente tiver esse fármaco, vamos iniciar os estudos clínicos, que seriam estudos clínicos que acontecem com o protocolo estabelecido mundialmente, onde tem a fase 1, fase 2, fase 3, que vamos testando em humanos para esperando ter um resultado positivo. Mas a gente quer fazer com muita cautela para sempre prezar pela segurança do paciente, pra quem sabe no final desse estudo […] ter um resultado positivo e poder levar um fármaco com um efeito mais potentes para esses pacientes que têm uma mortalidade muito alta", informou Carolini.   

A pesquisadora disse ainda que a apresentação deste fármaco ainda está sendo estudada com os farmacêuticos, mas adiantou que provavelmente seria um fármaco na forma de um liquido injetável diretamente no tumor. 

De acordo com ela, a expectativa é de que os estudos clínicos para a produção deste fármaco durem um período de 3 a 5 anos, que é a média para este tipo de processo.    

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