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Jogadoras da favela carioca chegam à Rússia para repetir triunfo de 2014 (FOTOS)

Hoje (11), na capital russa começou o evento Street Child World Cup 2018, coincidido com a Copa do Mundo FIFA. Em 2014, o torneio foi vencido pela equipe feminina canarinha, por isso, a expectativa deste ano é alta apesar de ser outra a composição do time. A Sputnik Brasil assistiu à cerimônia de abertura do campeonato e partilha a experiência.
Sputnik

O sol intenso desta manhã, que por muitos é considerado como obstáculo durante um jogo ao ar livre, não era problema para as meninas — muito pelo contrário, evidentemente, é algo que lhes fez lembrar o seu próprio campo no Complexo de Favelas da Penha.

Meninas de favela do Rio são vistas calçando chuteiras na Rússia
Mas até em um dia cheio de calor as garotas tiveram sorte de realizar seu sonho — ver a neve. Uma montanha gelada surgiu inesperadamente perto do estádio, pelo visto graças aos esforços dos organizadores, que queriam presentear as crianças com momentos inesquecíveis.

Em outubro do ano passado, as meninas já tinham vindo a Moscou para participar do campeonato internacional de futebol entre equipes de crianças órfãs O Futuro Depende de Você, e tiveram uma surpresa com o clima volátil do outono russo. Na época, as meninas não alcançaram um resultado desejável — foi somente o 6º lugar no ranking, mas isto se deveu em grande parte à necessidade de jogar contra meninos, cuja maneira de chutar e se comportar no relvado é, evidentemente, muito mais agressiva.

No dia de hoje, após a abertura do evento, as craques brasileiras já tiveram a primeira chance de demonstrar suas habilidades em um amistoso com a equipe do país sede, as meninas russas. Foi um jogo tenso, com muitos momentos de ataque, principalmente da parte brasileira, que acabou com um empate e o placar 1-1.

Uma das jogadoras da equipe feminina brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018

Entretanto, ainda é cedo para tirar conclusões sobre o futuro empenho das cariocas no torneio. Segundo nos revela o escocês Adam Reid, presidente da associação regional da Street Child World Cup (Copa do Mundo das Crianças de Rua) no Rio, que fala um português impecável, a equipe tentou "esconder o jogo" na partida de hoje. Em outras palavras, as meninas tentaram jogar um futebol mais passivo para não revelar imediatamente suas táticas e pouparam a participação das "estrelas" do time para evitar lesões indesejadas.

Ana Carolina Campos Lima, jogadora da seleção brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018

De qualquer maneira, será um caminho espinhoso até à vitória. As meninas, como mostra a prática, também podem ser bem fortes e até agressivas em seus chutões.

"Sim, [o fato de jogar contra meninas facilita]. Mas, julgando ainda pelo que vimos hoje… Algumas meninas russas eram mais robustas e duras em seu empenho. Foi um pouco mais difícil do que esperávamos. E tenho certeza que quando nos encontrarmos com a equipe britânica, será a mesma coisa. Elas todas têm uns 17 anos, são fortes. Por isso, acredito que ainda haverá [luta]. Mas em teoria, será melhor, sim", afirma Adam, que, apesar de ser estrangeiro, é o melhor amigo e apoiante para todas as meninas do time, uma pessoa evidentemente apaixonada por aquilo que faz.

Segundo nos diz Rebeca Cristiny Santos, uma das jogadoras do time, o objetivo da seleção é, em primeiro lugar, "conquistar o bi" fazendo um "jogo limpo".

Jogadoras da equipe feminina brasileira durante intervalo no amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018

Ao mesmo tempo, o principal foco para o time agora seria não se relaxar antes do necessário, dado que ele é considerado como o principal favorito do torneio, o que às vezes pode acabar atrapalhando o engajamento da gente. Para mais, hoje ao campo já saiu um time com outro perfil, dado que somente duas das meninas da equipe campeã de 2014, Rebeca e Ana Carolina, estão na atual composição.

Técnica da equipe feminina brasileira, Jessica, assiste ao amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018

Assim, Adam nos conta que, ao longo dos anos, muita coisa mudou na competição — se quatro anos atrás os participantes às vezes mal sabiam jogar futebol disciplinado, não o de rua, hoje em dia quase todas as equipes são treinadas por técnicos profissionais e recebem aprendizagem especializada.

"É muito mais competitivo e muito mais difícil do que foi em 2014. […] Muita gente acha que somos favoritos. Não tenho tanta certeza, mas espero que avancemos até à final de qualquer maneira", sublinha.

Não nos podemos esquecer que a maioria das crianças que toma parte do evento cresceu jogando futebol de rua, como é evidente do próprio nome do campeonato. Aí, a gente nem sempre tem escanteios, cartões amarelos e vermelhos, fora de jogo e pênaltis.

Tudo isso torna o campeonato inclusive em um trabalho árduo de regulamentação e disciplinação para todos os participantes.

"Isso é um problema, as meninas podem fazer isso ou aquilo… Por isso fomos para um lugar maior que parece mais com um campo real, tivemos três ou quatro domingos treinando lá. Foi muito útil", explica Adam.

Adam Reid, presidente da associação regional da Street Child World Cup (Copa do Mundo das Crianças de Rua) no Rio

O jogo terminou com o regozijo das meninas da Rússia por terem conseguido um bom resultado contra uma equipe tão forte como a brasileira, e com concentração e ar desiludido por parte das brasileiras. E isso, provavelmente, é a atitude certa — apesar dos elogios, as meninas, às vezes tão tímidas fora do campo, têm que tomar garra e lutar contra os adversários como se cada um deles fosse o mais forte.

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Jogadoras da equipe feminina brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Jogadoras da equipe feminina brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Árbitro e jogadoras da equipe feminina brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Jogadoras da equipe feminina brasileira durante intervalo no amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Jogadoras da equipe feminina brasileira durante intervalo no amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Uma das jogadoras da equipe feminina brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Jogadoras da equipe feminina brasileira antes do amistoso com o time russo na Street Child World Cup 2018.
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Equipe feminina russa festeja o golo durante o amistoso com o time brasileiro na Street Child World Cup 2018.
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Torcida de diferentes países apoia a equipe feminina brasileira durante o amistoso com a Rússia na Street Child World Cup 2018.
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Estudante da Universidade Russa da Amizade dos Povos, Tomas, que está trabalhando como voluntário com a equipe feminina brasileira na Street Child World Cup 2018.
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Equipe feminina brasileira posa para foto com o time cazaque na Street Child World Cup 2018.
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Equipe feminina boliviana na Street Child World Cup 2018 segurando uma bandeira do seu país.
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Equipe masculina indonésia na Street Child World Cup 2018 segurando um cartaz "Stop Child Abuse" ("Parem com Abuso das Crianças", em inglês).
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Bandeiras dos países participantes da Street Child World Cup 2018.

Acompanhe a nossa cobertura do evento em nossas próximas reportagens!

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