Coreia do Norte avisa os EUA antes de cúpula: 'Nosso país não é a Líbia ou o Iraque'

A Coreia do Norte já esboçou que não está interessada em nenhuma negociação que vise apenas a desnuclearização unilateral sem garantias que Pyongyang não ficará totalmente indefesa, e o exemplo da Líbia é um caso claro, segundo o vice-ministro de Relações Exteriores.
Sputnik

Criticando as demandas de Washington por concessões unilaterais e "abandono nuclear" incondicional, a primeira vice-ministra de Relações Exteriores da Coreia do Norte, Kim Kye-gwan, lembrou o eventual destino da Líbia e disse que esse estilo de negociações é inaceitável para Pyongyang.

"Esta não é uma tentativa de resolver o problema através do diálogo, mas sim a manifestação […] para forçar o destino da Líbia e do Iraque em colapso ao nosso Estado digno", disse Kim, de acordo com a KCNA.

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Os EUA invadiram o Iraque em 2003, alegando que Bagdá possuía armas de destruição em massa. Nenhuma dessas armas foi encontrada.

Naquele mesmo ano, o líder líbio Muammar Khaddafi ofereceu o fim da pesquisa de armas nucleares do país. Materiais nucleares da Líbia foram transferidos para os EUA. Em 2011, no entanto, os EUA e seus aliados da OTAN apoiaram uma rebelião armada que derrubou e matou Khaddafi e mergulhou a Líbia no caos.

"Eu duvido que os Estados Unidos realmente desejem diálogo e negociação sólidos", acrescentou Kim, observando novamente que "o mundo está tão bem ciente de que nosso país não é a Líbia ou o Iraque".

Denunciando a "ofensiva de pressão de sanções" em curso contra o Norte, ele acusou Washington de deturpar a "generosidade e medidas ousadas da Coreia do Norte como expressão de fraqueza".

Na semana passada, como sinal de boa vontade, a Coréia do Norte liberou três detentos americanos acusados de espionagem — Kim Hak-song, Kim Sang-duk e Kim Dong Chul — removendo um dos principais obstáculos antes da cúpula de 12 de junho em Singapura.

Em outro gesto pacífico, o Norte prometeu colocar uma moratória nos testes nucleares e de mísseis e, no espírito de transparência, convidou jornalistas estrangeiros para assistir ao encerramento do local de testes nucleares, programado para 23 a 25 de maio.

"Nós não estaremos mais interessados em negociações se [eles] tentarem nos empurrar unilateralmente para um canto e forçar-nos a desistir de armas nucleares", comentou. "Seria inevitável reconsiderar se responderíamos à próxima cúpula com os EUA".

Os comentários da oficial norte-coreana vieram um dia após a decisão de Pyongyang de cancelar as negociações com a Coreia do Sul, em razão dos exercícios militares entre o Sul e os EUA, que são vistos pelo norte como um ensaio para a invasão da Coreia do Norte e uma provocação em meio ao aquecimento dos laços inter-coreanos.

"Este treinamento visa […] e é um desafio deliberado à declaração da Panmunjom e é uma provocação militar deliberada", escreveu a KCNA na quarta-feira. "Esse treinamento… reflete a atitude imutável dos EUA e da Coreia do Sul em continuar com 'pressão máxima e sanções' contra nós".

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Washington, no entanto, ainda pretende realizar a reunião Trump-Kim como planejado e defendeu o direito de realizar exercícios com seu aliado asiático.

"Não ouvimos nada desse governo ou do governo da Coreia do Sul para indicar que não continuaríamos conduzindo esses exercícios ou que não continuaríamos planejando nosso encontro entre o presidente Trump e Kim Jong-un no próximo mês", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, a repórteres na terça-feira.

"Eu direi que Kim Jong-un disse anteriormente que ele entende a necessidade e a utilidade dos Estados Unidos e da República da Coreia em continuar em seus exercícios conjuntos. São exercícios legais eles são planejados bem, com bastante antecedência", acrescentou.

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