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Viu, Neymar? Equipe mirim do Rio ganha 1º título no torneio de futebol em Moscou (FOTOS)

Jogar em campeonato mundial, competir contra as maiores estrelas de seleções estrangeiras, conhecer os mais célebres craques do globo… Parece um sonho, especialmente para uma criança de origem humilde. Nesta quarta-feira (16), a capital russa tornou essa fantasia em realidade para centenas de crianças de rua. A Sputnik Brasil conta como foi!
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Marta e Formiga podem ficar tranquilas, bem como todos os amantes do futebol feminino brasileiro. Nesse dia histórico, as meninas da favela da Penha voltaram a ganhar o principal troféu da Street Child World Cup 2018, uma versão "amadora" da Copa real.

Jogadoras da favela carioca chegam à Rússia para repetir triunfo de 2014 (FOTOS)
O torneio para atletas jovens carentes não foi nada fácil. 24 equipes de 21 países, desde os EUA até as Filipinas, fizeram questão de brigar pela vitória. As meninas brasileiras já foram campeãs em 2014, e embora com um grupo diferente, o objetivo do time dessa vez foi apenas um: conseguir o bicampeonato.

"A gente veio pra ganhar. E conseguimos alcançar nosso objetivo", desabafa a jogadora Laryssa em meio às celebrações e pedidos incessantes de fotos.

Meninas da equipe brasileira festejam vitória na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018

Contudo, mesmo sendo favoritas desde o primeiro dia de torneio, as brasileiras tiveram que ter muita garra para acabar no pódio no final. Muitas das suas adversárias eram mais velhas, outras mais fortes, talvez até mais ágeis. Um dos rivais era o time da Tanzânia, que acabou por ficar com prata após uma partida acirrada que acabou em 1 a 0 com um único gol brasileiro, marcado pela maravilhosa armadora e capitã da equipe, Taisa.

Taisa, capitã da equipe brasileira na Street Child World Cup 2018, escolhida como melhor jogadora e armadora do torneio com 14 gols marcados, em Moscou, em 16 de maio de 2018

"Foi Tanzânia [na final] e Filipinas [na semi], as mais difíceis. Foi um a zero, marcamos o gol no último minuto. Caraca… Foi muito difícil. Porque nos primeiros jogos a gente marcou de goleada, foi de 8, de 4, e agora… É diferente a habilidade delas", conta Rafaela, outra jogadora do time canarinho que sonha em ser zagueira profissional.

Adam Reid, presidente da associação regional da Street Child United no Rio, também compartilha a sensação das meninas e sublinha que o jogo final foi um confronto pouco "confortável" para a equipe, porém, um que elas ganharam com muita raça.

Rebeca, jogadora da equipe brasileira, com a técnica Jessica, no intervalo do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018

"Em ambos os jogos [com Tanzânia e Filipinas] estavam bem tensas, bem nervosas. E quando isso acontece, elas não jogam na mesma, elas tentam fazer gol logo e encontrar Taisa para marcar, tentam deixar a bola fora da sua área. Mas isso acontece no futebol, não é uma coisa incomum", diz Adam, natural da Escócia, que vive no Brasil desde os anos 1980.

Em meio à torcida da comitiva brasileira, todo mundo foi contaminado por aquela vibração especial que provavelmente somente o país verde e amarelo tem. E a torcida era numerosa — desde a Bielorússia até a Inglaterra, com gritos, choros de vitória e abraços apertados das amizades internacionais recém-criadas.

Jogador do time masculino bielorrusso abraça uma jogadora da equipe brasileira na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018

Evidentemente, segurar a taça de campeão é o principal sonho de qualquer atleta. Mas imagine a felicidade de quem convive com tiroteios e violência; de crianças que já duvidaram do futuro, mas têm um grande dom — em forma de futebol.

A gratidão ao esporte, que já parece certa forma de religião, se entende em cada palavra das garotas. Para elas, o futebol é tudo — aquilo que as ajuda esquecer de problemas em casa e da comunidade carente em que vivem, o que lhes permitiu viajar através dos oceanos e ganhar dezenas de amigos por todo o mundo, o que lhes pode garantir um grande futuro.

"É sonho de todas. Queremos ser jogadoras profissionais e poder jogar na Seleção Brasileira", fala Laryssa com ar de esperança.

E essas oportunidades inéditas já surgiram, revela à Sputnik Brasil Adam enquanto as meninas não param de tirar selfies com todos no campo repleto de confete e bandeiras de todas as cores.

Equipe brasileira festeja vitória na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018

"Estamos tentando ajudá-las. Estávamos inclusive falando com o técnico estadunidense, do time dos EUA, ele ficou muito impressionado com os primeiros jogos das meninas. E aí nos perguntou se elas alguma vez pensaram em ir para os EUA para fazer intercâmbio. Há também outras oportunidades. O técnico norte-americano acredita que nossas garotas teriam sucesso lá também".

Ao falarmos com o coordenador do projeto, discutimos também o fenômeno do Brasil ter a maioria dos grandes craques vindos de regiões vulneráveis ou de famílias com renda baixa. Isso torna o futebol uma ferramenta até social — de inclusão e ascensão — por ele deixar a criançada longe das atividades criminosas e lhes apresentar uma chance de montar um plano de carreira dos sonhos.

"O poder do futebol é grandíssimo", resume.

Uma das tais estrelas que saiu das camadas mais carentes da sociedade brasileira, acabando por jogar nos mais prestigiados clubes do mundo e ganhando melhores troféus já dentro da Seleção Nacional é Gilberto Silva. Hoje, ele não só compareceu no evento em um dos maiores estádios de Moscou, mas também passou várias horas respondendo às perguntas de equipes mirins, posando para selfies e, claro, assistindo à partida vitoriosa das meninas cariocas.

Gilberto Silva tira selfies com jovens jogadores antes do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018

"Eu nunca escolhi o futebol. Foi o futebol que me escolheu. Esse é o sentido. Você tem que confiar e trabalhar muito para alcançar as coisas na profissão por qual almeja. E eu, sim, me apaixonei pelo futebol desde garoto", confessa o volante conhecido como Muralha Invisível ao se comunicar com a molecada de todos os cantos do globo.

Meninas da equipe brasileira cantam hino nacional antes do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018

Agora, para as meninas da Penha chega a hora merecida de festejar. Elas ainda têm vários dias em Moscou para desfrutar de passeios pela linda capital e, embora confessem em não gostar muito da "comida estranha" sem o feijão e arroz prediletos, estão ansiosas para descobrir mais sobre um país tão distante como a Rússia.

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Equipe brasileira no intervalo do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Técnicos da equipe brasileira durante o jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Meninas da equipe brasileira cantam hino nacional antes do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Gilberto Silva responde às perguntas dos jovens jogadores antes do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Equipe brasileira festeja golo no jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Técnico da equipe brasileira no intervalo do jogo final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Jogadora da equipe brasileira na final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Meninas da equipe brasileira festejam vitória na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Equipe brasileira faz oração após vencer na final da Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Equipe brasileira com Gilberto Silva na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Equipe brasileira na Street Child World Cup 2018 recebe tacã de campeão, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Equipe brasileira com taça de campeão na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.
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Meninas da equipe brasileira festejam vitória na Street Child World Cup 2018, em Moscou, em 16 de maio de 2018.

A Sputnik Brasil aproveita mais uma oportunidade para parabenizar a sublime equipe das meninas brasileiras com esta linda vitória e agradece a empresa russa Megafon, o Ministério de Esporte da Rússia e a organização não governamental Street Child United, entre outros, por ter organizado esse evento ímpar.

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