Em diversas manifestações divulgadas através das redes sociais após o anúncio do acordo, firmado entre ministros do governo de Michel Temer e membros de diferentes entidades, grevistas que não se sentiram contemplados com o resultado das negociações com o poder público defenderam a continuação da greve, afirmando que os termos acordados não atendem às suas demandas.
Vejam o posicionamento dos caminhoneiros sobre o acordo firmado entre alguns representantes dos caminhoneiros e o governo.
— Lê (@leonypacheco) 25 de maio de 2018
ELES NÃO VÃO INTERROMPER A GREVE
REPASSEM#EuApoioAGreveDosCaminhoneirospic.twitter.com/agbQzWy96y
Embora boa parte dos caminhoneiros não tenha aceitado o acordo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) emitiu nota, ainda na noite de quinta-feira, informando que estava iniciando a etapa de monitoramento da desmobilização nas rodovias federais.
"Obstrução de vias – salientamos que bloqueio, interrupção ou perturbação deliberada do fluxo nas rodovias, mesmo que parcial, utilizando-se de veículo parado sobre a via, é infração gravíssima, passível de autuação e apreensão do veículo pela PRF, conforme o artigo 253-A do Código de Trânsito Brasileiro."
Antes disso, ainda na tarde de ontem, a Justiça Federal emitiu uma liminar autorizando o uso das Forças Armadas para retirar caminhoneiros de uma das estradas bloqueadas pelos manifestantes, a BR-101.
Se os caminhoneiros insatisfeitos decidirem realmente continuar protestando nas estradas, é possível que, com esse acordo, o governo faça uso da força para acabar com as manifestações? Se não, quais serão as consequências de uma paralisação ainda mais prolongada para a economia do país?
Em entrevista à Sputnik Brasil, Michelle Nunes, professora de Economia da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, reforçou a previsão que todos já observam com grande preocupação: quanto mais tempo durar a greve, maior será seu impacto nos preços. E essa proporção será ainda maior quando os estoques começarem a desaparecer.
"São dois efeitos na verdade. No início, é pura especulação. Ele entende que tem menos produtos na prateleira e a demanda de boa parte deles já alterou, então ele sabe que pode ganhar mais com isso. Mas também é um olho a médio prazo. Porque eles estão vendo a resposta do governo, e está sendo lenta", afirma a especialista. "A Petrobras, por exemplo, já reduziu 10% do preço do diesel, ela abriu mão de margem de lucro dela. Mas eles sabem que isso é curto prazo, eles não querem nada de curto prazo. Eles querem uma decisão mais concreta".
De acordo com a economista, não há dúvidas de que o país pode parar de vez com uma greve mais prolongada dos caminhoneiros, já que a paralisação acaba afetando um número muito grande de setores.
"Se isso durar até semana que vem, literalmente, a gente não vai ter o que comer nem como sair de casa. É paralisação geral."
Para Nunes, a atual crise mostra a necessidade de se colocar em pauta duas discussões muito importantes no Brasil, uma referente à infraestrutura e outra referente à carga tributária. Segundo ela, os problemas evidenciados ao longo desses últimos dias afetam invariavelmente todos os brasileiros, estejam estes contra ou a favor do movimento.