Detectar rebite no M1 Abrams: de que é capaz avião de reconhecimento Tu-214ON

Potentes aparelhos digitais de monitoramento, um moderno complexo informático de bordo, câmeras de longo alcance e uma base de produção completamente nacional – eis como é o avião de reconhecimento Tu-214ON que acabou de passar a 1ª etapa de certificação no âmbito do Tratado de Céus Abertos.
Sputnik

Não é por acaso que o Tu-214ON provoca tanto interesse por parte das potências ocidentais, pois é o único avião da Força Aeroespacial da Rússia que tem autorização oficial para permanecer no espaço aéreo dos países-membros da OTAN. O colunista da Sputnik, Andrei Kots, analisa as peculiaridades do novo aparelho.

Aviões norte-americanos realizam reconhecimento perto das fronteiras russas (FOTO)
Abrindo os céus

O Tu-214ON, criado na base do avião de passageiros Tu-214, é uma das aeronaves russas com mais "visão" que atuam no âmbito do Tratado de Céus Abertos.

Nesta semana, 56 inspetores de 20 países conheceram em detalhe os equipamentos de bordo e evidenciaram quatro voos de demonstração do avião, com representantes das delegações estrangeiras a bordo. Na sequência, os especialistas confirmaram que todo o recheio eletrônico do Tu-214ON corresponde às exigências do acordo.

Vale ressaltar que o Tratado de Céus Abertos é um acordo internacional que autoriza os voos de monitoramento no espaço aéreo dos países participantes. Seu objetivo é o controle do cumprimento dos acordos internacionais no âmbito do desarmamento.

O "cérebro" do Tu-214ON é um complexo de bordo de monitoramento de aviação; este reúne todos os equipamentos eletrônicos sofisticados do avião, sistematizando todas as informações recebidas e transmitindo-as para as telas.

O principal objetivo do avião é o monitoramento legal das principais infraestruturas militares e das Forças Armadas de outros países. Trata-se de bases, aeródromos, portos, grandes hubs ferroviários, empresas de produção bélica, polígonos, deslocações de tropas, exercícios e manobras.

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De acordo com a ideia dos criadores do Tratado de Céus Abertos, os voos de controle devem ajudar a evitar o reforço militar não detectado por alguma das partes para o futuro desencadeamento de uma guerra.

Entretanto, nem todos os participantes do acordo gostaram das capacidades dos Tu-214ON russos. Ainda em 2014, os militares estadunidenses conseguiram convencer seu governo de proibir o uso destes aviões devido à possibilidade de eventual instalação de sistemas de monitoramento "não documentados" a bordo. É por isso que ao longo dos últimos anos o espaço aéreo dos EUA é atravessado por aviões russos menos avançados, Tu-154M-LK1.

'AWACS russo'

O autor do artigo assinala que inicialmente o Tu-214ON não foi criado para fins de reconhecimento secreto. Tanto mais que ele não é capaz de ver os detalhes pequenos, pois os seus equipamentos de monitoramento foram "enfraquecidos" de acordo com as exigências do tratado. Entretanto, a Força Aeroespacial da Rússia dispõe de outra modificação deste avião, o Tu-214R.

Já esta versão está equipada com um complexo radiotécnico de múltiplas frequências MRK-411 com radares laterais e circular, bem como o sistema ótico-eletrônico de alta resolução Fraktsia. Este, por sua vez, é capaz detectar as coordenadas angulares do alvo com até um minuto de precisão. Deste modo, o operador no avião pode enxergar até um tanque ou posto de observação bem camuflados.

Quanto aos sistemas de radar comuns instalados nos aviões Tu-214ON se conhece pouco, contudo alguns especialistas asseguram que seu alcance em regime ativo pode chegar até 250 quilômetros. Já no regime passivo, o alcance é de até 400 km.

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Deste modo, o Tu-214ON pode desempenhar o papel de um avião de detecção por radar (como os AWACS conhecidos de produção ocidental) e apontar os alvos para caças e bombardeiros, ficando fora da zona de alcance da aviação e dos sistemas de defesa antiaérea do potencial adversário.

Hoje em dia, a Força Aeroespacial da Rússia dispõe de dois Tu-214R, enquanto no verão de 2016 o Ministério da Defesa celebrou um contrato para a construção do terceiro aparelho após o uso bem-sucedido do avião no território sírio. Os detalhes sobre sua utilização são classificados, mas se pode supor que estes aviões não só recolhiam informações sobre as posições dos terroristas, mas também dados preciosos sobre a atuação da coalizão internacional encabeçada pelos EUA.

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