Albert Einstein descreveu chinês como sendo 'imundo e teimoso' em diários pessoais

Segundo Ze'ev Rosenkranz, diretor assistente do projeto Einstein Papers do Instituto de Tecnologia da Califórnia que editou e traduziu "Os diários de viagem de Albert Einstein", os trechos de notas privadas do físico teórico mundialmente renomado contêm "comentários muito racistas e desumanos".
Sputnik

Einstein, que se posicionava contra o racismo denunciando "separação de pessoas de cor das pessoas brancas nos EUA" como uma "doença de pessoas brancas" em discurso na Universidade de Lincoln em 1946, pôde não ter gostado de chineses durante viagem à Ásia na década de 1920. Em seus diários pessoais recém-publicados, o humanitário descreve a nação como "diligente, imunda, pessoas teimosas".

"O chinês não se senta em bancos enquanto está comendo, mas se agacha como os europeus fazem quando eles se aliviam no mato do bosque. Tudo isso acontece silenciosamente e recatadamente. Até mesmo as crianças são insensíveis e parecem teimosas", escreveu Einstein.

Levantando a questão da "abundância de descendência" e da "fertilidade" da nação, Einstein continuou dizendo que "seria uma pena se todos os chineses substituíssem todas as outras raças […] o mero pensamento é indescritivelmente sombrio".

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Ze'ev Rosenkranz editou e traduziu "Os diários de viagem de Albert Einstein", que anteriormente tinha sido apenas publicado em alemão como parte dos 15 volumes da coleção de livros do cientista.

"Acho que muitos comentários parecem muito desagradáveis — o que ele diz sobre os chineses em particular. Eles estão em contraste com a imagem pública do grande ícone humanitário. Eu acho que é um choque ler isso [os comentários] e contrastá-los com suas declarações públicas […] ele não pretendia que fossem publicados", disse Rosenkranz.

Ao contrário dos chineses que conheceu, Einstein tratou os japoneses de maneira mais positiva, descrevendo-os como "sem ostentação, decentes e muito atraentes".

"Almas puras como em nenhum outro lugar entre pessoas. É preciso amar e admirar esse país", escreveu Einstein. Rosenkranz enfatizou que o físico concluiu, perguntando retoricamente, que "as necessidades intelectuais dessa nação parecem ser mais fracas do que as artísticas — disposição natural?".

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Segundo o editor, Einstein fez "alguns comentários racistas e desumanos" em seu diário.

"As anotações do diário de Einstein sobre a origem biológica da suposta inferioridade intelectual dos japoneses, chineses e indianos definitivamente não são subestimadas e podem ser vistas como racistas — nesses casos, outros povos são retratados como biologicamente inferiores, uma característica clara do racismo. O comentário inquietante de que os chineses podem ‘substituir todas as outras raças' também é muito revelador a esse respeito", afirmou o diretor.

Rosenkranz acredita ser importante explorar como um ícone humanitário como Einstein pôde ter escrito coisas xenófobas sobre os povos que ele conheceu durante suas viagens.

"A resposta a essa pergunta parece muito relevante no mundo de hoje, em que o ódio do outro é tão desenfreado em tantos lugares ao redor do mundo. Parece que até mesmo Einstein, às vezes, teve muita dificuldade em se reconhecer diante do outro", escreveu Rosenkranz.

De acordo com um porta-voz da Universidade de Princeton, esta é a primeira vez que o diário de viagem do físico será disponibilizado para "qualquer pessoa que não seja um estudioso sério de Einstein".

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