O analista militar da Sputnik, Andrei Kots, explicou como funcionam essas munições e onde se usam hoje.
Jato de fogo
Ao invés de outros tipos de munições que furam a blindagem por meio de energia cinética ou do explosivo, a HEAT perfura o alvo em um só ponto, afetando-o com um jato concentrado do produto da explosão.
Na parte principal, a munição tem uma cavidade em forma de funil apontado com a extremidade mais larga ao alvo. Em torno do funil está a carga explosiva. Ao ser detonada, a onda de choque pressiona os lados do funil fazendo com que se apertem ao eixo longitudinal da HEAT. Assim se cria uma pressão enorme que transforma o metal que reveste o explosivo em uma substância líquida, empurrando-a ao alvo. Tal jato se move em frente com uma velocidade de cerca de 10 quilômetros por segundo. A pressão é tão forte que mesmo na blindagem mais forte de um tanque aparece uma brecha.
Logo que o jato entra no espaço por trás da blindagem, no veículo se cria uma área de pressão aumentada, ou seja, o ar fica muito quente, o que pode fazer explodir a reserva de munições. Além disso, a tripulação do tanque atingido pela HEAT recebe múltiplos ferimentos: queimaduras, traumatismos e ferimentos por estilhaços. Durante a Segunda Guerra Mundial foram registrados casos em que tal munição literalmente cortava ao meio os tripulantes de tanques com seu jato.
Mesmo assim, a eficácia destas munições não é absoluta, dependendo de vários fatores como o tamanho, o material do funil, a massa e as caraterísticas do explosivo, a espessura e resistência da blindagem, entre outros. Kots sublinha que em geral se acredita que uma HEAT é capaz de destruir seu alvo caso a espessura da blindagem não seja maior que cinco a oito calibres da munição.
Hoje em dia, contra estas munições antitanque podem proteger apenas os sistemas de blindagem reativa. Quando uma HEAT atinge o alvo, um elemento desta blindagem dispersa o jato da carga oca por meio de uma explosão dirigida. Para este fim, os militares por vezes cobrem os tanques com grades para que a HEAT rebente afastada da blindagem. Neste caso, o jato atingirá a blindagem já enfraquecido e sem poder perfurá-la.
Duplo ataque
As munições HEAT incluem munições de artilharia e para tanques, alguns mísseis e bombas de aviação, mísseis antinavio com ogiva de carga oca, torpedos, entre outros, sendo bastante comuns devido à sua estrutura e produção fáceis, preço baixo e alta eficácia.
Quando colide com o alvo, a primeira elimina os elementos da blindagem reativa, já a segunda acerta no mesmo lugar já desprotegido.
Tendo um lança-granadas equipado com HEAT, um soldado apenas é capaz de destruir ou danificar seriamente um tanque moderno de várias toneladas.
Atualmente, uma das armas antitanque mais poderosas da infantaria russa são os sistemas de mísseis antitanque Kornet, afirma o analista. Com um alcance de até 5.500 metros, um míssil deste sistema é capaz de perfurar uma blindagem de 1.300-1.400 milímetros, então a tripulação do tanque inimigo não vai se aperceber do ataque senão no último momento.
Apesar de aparecerem durante a Segunda Guerra Mundial, as munições HEAT continuam sendo um meio antitanque muito eficaz, o que é indicado pelo seu grande número nos arsenais de vários países do Mundo, conclui o analista.