Como Ásia e Rússia planejam fazer frente aos EUA no comércio internacional?

Há vários dias em Tóquio foi realizada mais uma rodada de negociações sobre a criação da Parceria Regional Econômica Abrangente (RCEP) que pretende reunir 16 países asiáticos. O especialista russo Aleksandr Lesnykh explica como a nova parceria pode influir no comércio internacional.
Sputnik

Já em 2012, os líderes da região deram início a conversações sobre a criação de uma zona de livre comércio e sobre a proposta da Parceria Econômica Regional Abrangente, que se baseia na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e em seus acordos de comércio vigentes com a China, Índia, Austrália, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia. Segundo o secretário-geral da ASEAN, essa parceria contribuirá para o desenvolvimento do comércio internacional, aumento dos investimentos mútuos, criando oportunidades para o aumento do crescimento econômico de todos os países membros.

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A eliminação das barreiras comerciais e de outros obstáculos ao comércio livre aumentará a pressão concorrencial entre os produtores e se tornará um bom estímulo para todos os setores econômicos. 

As guerras comerciais desencadeadas pelo presidente dos EUA Donald Trump deram um novo impulso às negociações. Washington, aumentando as tarifas de importação, afetou as maiores economias asiáticas. Mesmo os países rivais, tais como a Chin e a Índia, se uniram para confrontar essas medidas restritivas. Como resultado, o acordo final sobre a criação da RCEP pode ser assinado ainda este ano.

"É evidente que isso está ligado às provocações comerciais de Trump à escala global. O acordo sobre a RCEP contribuirá para a integração dos mercados da região Ásia-Pacífico, ou seja, de todo o mercado do Nordeste Asiático e estimulará o desenvolvimento econômico-comercial da região", disse à Sputnik China Jia Pujing, especialista da Universidade da China.

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É de assinalar o potencial econômico dos países que participam das negociações sobre a RCEP. Segundo o Banco Mundial, de 2012 a 2017 seu PIB aumentou de 21,9 trilhões de dólares para 25,5 trilhões, e a cota desses 16 países no PIB mundial aumentou de 29,3 para 31,6%, com 47,5% da população mundial em seu território.

Segundo os especialistas, a nova parceria não apenas facilitará e reforçará a eficácia do comércio entre os países da RCEP, como também representa a chave para a solução das disputas territoriais. Além disso, o acordo poderia reforçar a segurança na região, o que, por sua vez, será mais um estímulo para o desenvolvimento.

A RCEP afetará a política comercial dos EUA. As sanções contra alguns países da parceria perderão o sentido, porque no âmbito da zona de livre comércio pode ser realizada a reexportação. Ao mesmo tempo, a introdução de sanções contra todos os países integrantes da RCEP, ou seja, contra um terço do mercado mundial, será um suicídio econômico para os próprios EUA.

A Rússia, por sua vez, pode estabelecer relações comerciais mutuamente vantajosas com os países da RCEP. Trata-se, em primeiro lugar, de fornecimento de produtos energéticos, porque o desenvolvimento econômico está indissoluvelmente ligado ao aumento de consumo de energia.

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O gigante energético russo Gazprom e a empresa chinesa CNPC já assinaram um acordo sobre o fornecimento anual de 38 bilhões metros cúbicos de gás russo. Graças à RCEP, esse volume poderia aumentar várias vezes.

Há um mês, a Rússia começou a fornecer seu gás natural liquefeito à Índia. O acordo prevê a venda anual de 3,5 bilhões metros cúbicos de gás natural liquefeito à Índia. Se os maiores países da RCEP optarem pelo gás russo, é possível que outros países da parceria também sigam o mesmo caminho, começando a comprar gás à Rússia.

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