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Ida de Bolsonaro ao Araguaia é provocação, diz familiar de desaparecidos

O pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), desembarcou nesta quinta-feira (12) na cidade de Marabá, no Pará, onde "cumprirá uma extensa agenda", segundo o próprio político.
Sputnik

A ida do deputado federal seria só mais uma das inúmeras caravanas que os pré-candidatos estão fazendo pelo país. Só que foi exatamente nesta região onde se instalou a chamada Guerrilha do Araguaia, movimento armado que durante a ditadura militar tentou fomentar uma revolução socialista no Brasil nos moldes da revolução cubana e foi duramente reprimido pelas Forças Armadas.

A Spuntik Brasil entrou em contato com Victória Grabois, vice-presidente do grupo "Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro".

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Victória perdeu o pai (Maurício Grabois), o irmão (André Grabois) e o companheiro (Gilberto Olímpio) na Guerrilha do Araguaia. Os três guerrilheiros foram executados pelas forças de repressão da ditadura militar. Ela classifica a atitude de Bolsonaro como "uma grande provocação".

"Ele é um candidato extremamente conservador, autoritário que estava como uma boa colocação nas pesquisas e agora, segundo eu sei, está começando a cair. Isso é uma forma de chamar a atenção", defende.

Segundo os próprios militares, mais de 80 pessoas morreram durante a guerrilha. Um dos casos mais emblemáticos foi a morte de Osvaldão (Osvaldo Orlando da Costa), engenheiro, oficial da reserva do Exército e integrante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Após ser assassinado seu corpo foi amarrado a um helicóptero e exibido por toda a região.

Bolsonaro estará acompanhado de um dos ex-comandantes militares da Amazônia, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Ele declarou ao jornal O Estado de S.Paulo que a viagem não tem conexão com a guerrilha. "É uma viagem sentimental", disse.

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Augusto Heleno Ribeiro Pereira é um dos cotados para ser o vice-presidente na chapa de Bolsonaro após a desistência do senador Magno Malta (PR-ES).

Victória Grabois lembrou que o Brasil chegou a ser condenado em 2010 na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) por não ter punido os responsáveis pelas mortes e desaparecimentos no episódio.

"O que tem de mais importante na sentença do Araguaia é um artigo que os juízes determinam que a Lei da Anistia não é empecilho para aqueles que participaram de atos de prisões ilegais, torturas e ocultações de cadáveres, isso são crimes continuados", afirmou.

Grabois defendeu que os responsáveis pelas violações aos direitos humanos durante a ditadura deveriam ter sido denunciados e julgados.

"A comissão da verdade foi um grande marco, mas não foi o que nós esperávamos, não conseguiu denunciar esses agentes do estado, quer sejam militares ou civis. Segundo a Corte Interamericana de Direitos Humanos todas as pessoas que cometeram esse tipo de crime precisavam ser processadas. Precisavam ir para o banco dos réus e pelo menos indiciadas para depois serem julgadas", disse.

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