Özil deixa seleção alemã e diz sofrer racismo por ter raízes turcas

O jogador alemão Mesut Özil anunciou neste domingo que não jogará mais pela seleção da Alemanha por conta dos casos de racismo e perseguição que vem sofrendo dentro e fora da federação de futebol do país por conta da sua ascendência turca.
Sputnik

Em uma carta de quatro páginas divulgadas através do seu Twitter, o meia de 29 anos se justificou, criticou dirigentes e falou da tristeza em não mais vestir uma camisa que costumava usar com muito orgulho, a da seleção. A decisão acontece dois meses depois de o atleta se envolver em polêmicas na Alemanha por aparecer ao lado do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em uma foto. 

"As últimas semanas me deram tempo para refletir, e tempo para pensar sobre os eventos dos últimos meses. Consequentemente, eu quero compartilhar meus pensamentos e sentimentos sobre o que aconteceu."

O jogador explicou que a foto tirada junto com Erdogan em maio, durante um evento educacional e de caridade em Londres, não teve intenções políticas, afirmando que posaria ao lado de quem quer que fosse o chefe de Estado turco.

"Embora a mídia alemã tenha retratado uma coisa diferente, a verdade é que não encontrar o presidente teria sido desrespeitar as raízes dos meus ancestrais, que eu sei que estariam orgulhosos de onde eu estou hoje. Para mim, não importava quem era presidente, importava que era o presidente. Ter respeito pelo ofício político é uma visão que tenho certeza que tanto a rainha quanto a primeira-ministra Theresa May compartilham, quando elas também receberam Erdogan em Londres. Fosse o presidente turco ou alemão, minhas ações não teriam sido diferentes", escreveu o craque do Arsenal, da Inglaterra.

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Embora a polêmica em questão seja mais política a princípio, dados os atritos entre o governo alemão e o turco, Özil disse se ver também como vítima de racismo e preconceito religioso, por parte de políticos, torcedores, personalidades e até do presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Reinhard Grindel.

"O tratamento que recebi da DFB e de muitos outros me faz não querer mais vestir a camisa da seleção nacional da Alemanha. Eu me sinto indesejado e acho que o que conquistei desde minha estreia internacional, em 2009, foi esquecido", lamentou. "É com o coração pesado e depois de muita consideração que, por causa dos recentes eventos, eu deixarei de jogar pela Alemanha a nível internacional enquanto eu tiver esse sentimento de racismo e desrespeito. Eu costumava vestir a camisa alemã com muito orgulho e entusiasmo, mas agora não."

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