Em uma carta de quatro páginas divulgadas através do seu Twitter, o meia de 29 anos se justificou, criticou dirigentes e falou da tristeza em não mais vestir uma camisa que costumava usar com muito orgulho, a da seleção. A decisão acontece dois meses depois de o atleta se envolver em polêmicas na Alemanha por aparecer ao lado do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em uma foto.
The past couple of weeks have given me time to reflect, and time to think over the events of the last few months. Consequently, I want to share my thoughts and feelings about what has happened. pic.twitter.com/WpWrlHxx74
— Mesut Özil (@MesutOzil1088) 22 de julho de 2018
"As últimas semanas me deram tempo para refletir, e tempo para pensar sobre os eventos dos últimos meses. Consequentemente, eu quero compartilhar meus pensamentos e sentimentos sobre o que aconteceu."
O jogador explicou que a foto tirada junto com Erdogan em maio, durante um evento educacional e de caridade em Londres, não teve intenções políticas, afirmando que posaria ao lado de quem quer que fosse o chefe de Estado turco.
Mesut Ozil pens open letter to fans after criticism of picture with Turkish president Recep Tayyip Erdogan https://t.co/X325DkGEQYpic.twitter.com/6ULBrnGIic
— Mirror Football (@MirrorFootball) 22 de julho de 2018
"Embora a mídia alemã tenha retratado uma coisa diferente, a verdade é que não encontrar o presidente teria sido desrespeitar as raízes dos meus ancestrais, que eu sei que estariam orgulhosos de onde eu estou hoje. Para mim, não importava quem era presidente, importava que era o presidente. Ter respeito pelo ofício político é uma visão que tenho certeza que tanto a rainha quanto a primeira-ministra Theresa May compartilham, quando elas também receberam Erdogan em Londres. Fosse o presidente turco ou alemão, minhas ações não teriam sido diferentes", escreveu o craque do Arsenal, da Inglaterra.
Embora a polêmica em questão seja mais política a princípio, dados os atritos entre o governo alemão e o turco, Özil disse se ver também como vítima de racismo e preconceito religioso, por parte de políticos, torcedores, personalidades e até do presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Reinhard Grindel.
"O tratamento que recebi da DFB e de muitos outros me faz não querer mais vestir a camisa da seleção nacional da Alemanha. Eu me sinto indesejado e acho que o que conquistei desde minha estreia internacional, em 2009, foi esquecido", lamentou. "É com o coração pesado e depois de muita consideração que, por causa dos recentes eventos, eu deixarei de jogar pela Alemanha a nível internacional enquanto eu tiver esse sentimento de racismo e desrespeito. Eu costumava vestir a camisa alemã com muito orgulho e entusiasmo, mas agora não."