Trump foi aconselhado por Henry Kissinger a se aproximar da Rússia para conter China

O ex-secretário de Estado Henry Kissinger é mais conhecido por seu conceito de diplomacia triangular, usado por Washington durante o governo Nixon para romper a aliança sino-soviética em 1970 e melhorar as relações dos EUA com Pequim.
Sputnik

Henry Kissinger aconselhou o presidente Donald Trump a tentar melhorar as relações com a Rússia em uma tentativa de isolar a China durante a transição presidencial no final de 2016 e início de 2017, disseram cinco fontes ao jornal The Daily Beast.

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Kissinger ofereceu um conselho semelhante ao conselheiro sênior do Trump, Jared Kushner. Membros da Casa Branca e do Capitólio disseram ao periódico que funcionários do Departamento de Estado, do Pentágono e do Conselho de Segurança Nacional propuseram uma estratégia similar a Trump.

Uma fonte disse que "olhando a longo prazo, há uma crença no governo de que Moscou verá Pequim como seu maior inimigo geopolítico — assim como Washington faz agora — e que poderia estabelecer uma reaproximação com os EUA". 

"Mas [este cenário] está muito longe no futuro", acrescentou a fonte.

Kissinger expressou seu apoio à cúpula da semana passada entre os presidentes Putin e Trump em Helsinque, mas lamentou que a reunião tenha sido "submersa por questões domésticas americanas".

"Foi uma reunião que teve que acontecer. Defendi isso há vários anos", afirmou Kissinger. Salientando que as nações enfrentam hoje um "período muito, muito grave para o mundo", o ex-secretário de Estado disse que Trump "pode ​​ser uma daquelas figuras na história que aparece de tempos em tempos para marcar o fim de uma era e forçar desistir de suas antigas pretensões".

De acordo com fontes do Daily Beast, estrategistas norte-americanos que promovem um pivô rumo à Rússia também procuraram engajar as Filipinas, Índia, Japão, países do Oriente Médio e outros atores para servir como um "contrapeso" à suposta ameaça chinesa à hegemonia dos EUA.

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A praticidade da visão de Kissinger de transformar a Rússia em inimiga da China parece longe da realidade. No mês passado, o presidente Putin fez uma visita de Estado a Pequim a convite do presidente Xi, onde afirmou que a cooperação com a República Popular da China atingiu "um nível sem precedentes". Em Pequim, Putin assinou inúmeros acordos econômicos e tratados de cooperação em energia nuclear, pesquisa espacial e no Ártico. Moscou e Pequim também anunciaram sua intenção de aprofundar a cooperação estratégica e a coordenação diante de uma "situação internacional complexa".

Após a cúpula da semana passada entre Putin e Trump, um ex-funcionário do governo Trump disse que o presidente estava tentando fazer uma reversão da "jogada Nixon-China". O funcionário acrescentou que a Rússia e a China estavam "se aproximando", e advertiu que seria "uma combinação letal" para os Estados Unidos "se os dois [países] estiverem juntos".

Vladimir Putin e Xi Jinpuing são vistos durante um encontro em Pequim em 3 de setembro de 2015

As relações entre os EUA e a China sofreram um impacto sob a presidência de Trump, com as tensões de longo prazo sobre o mar do sul da China sendo exacerbadas pela guerra comercial lançada pelo presidente em uma tentativa de melhorar a balança comercial. O governo chinês condenou a política tarifária de Washington e prometeu responder da mesma maneira. Trump usou ataques às relações comerciais durante a campanha presidencial de 2016.

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