'Poderosíssimo inimigo pode estar por trás': analistas comentam ataque a Maduro

No sábado (4), o líder venezuelano Nicolás Maduro sofreu uma tentativa de atentado. Drones explosivos se aproximaram do local onde o presidente estava discursando durante uma cerimônia militar, em Caracas.
Sputnik

A Sputnik Mundo entrevistou dois analistas russos, Lazar Jeifets, do Instituto da América Latina e da Universidade Estatal de São Petersburgo, e Konstantin Sapozhnikov, jornalista e especialista em assuntos latino-americanos, para entender quem poderia estar por trás da tentativa de assassinato de Maduro. 

Surge VÍDEO da explosão de drone durante discurso de Maduro
De acordo com Sapozhnikov, todos os bloqueios econômicos não levaram a nenhum resultado, mesmo que o poder de Maduro "esteja abalado", ninguém "pode fazer nada com ele". 

"O esquema de ataques com drones é muito similar àquele que é praticado na Síria, ou seja, ataques contra bases russas […] Para organizar tal esquema é necessária uma infraestrutura bastante desenvolvida, bem como especialistas competentes", assinalou.

"É claro que esses drones podem ser vendidos, contudo, não são fabricados de forma tão profissional e não são equipados com uma substância explosiva tão poderosa para não serem ligados a opositores radicais", acredita o analista.

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Segundo Sapozhnikov, a data, em que se comemora a criação da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), não foi escolhida de forma aleatória.

"Tudo foi apostado para preparar um golpe de Estado. Mas isso não vai acontecer, já que o governo de Maduro está controlando a situação." 

Por sua vez, Jeifets assinalou que tanto na América Latina como além dela há muitos que desejam acabar com o governo de Maduro. Contudo, o analista apontou que antes de acusar alguém, são necessários fatos. 

Ele trata com ceticismo até as declarações do Movimento Nacional Soldados de Franelas que assumiu a responsabilidade pelo ataque.

"Os participantes do Movimento Nacional Soldados de Franelas poderiam ter cometido este ataque a Maduro, mas cadê as provas?", indagou.

Especialista indica Colômbia como provável organizador de atentado contra Maduro
Quando perguntado sobre possível envolvimento dos EUA no atentado, Sapozhnikov frisou que Washington é "o principal adversário da Venezuela na região". 

De acordo com ele, já que outras medidas norte-americanas não funcionaram, Washington "resolveu acabar com tudo isso de forma radical".

O analista acredita que o ataque foi cometido a partir do território colombiano.

"Os norte-americanos fazem seu trabalho através da Colômbia, especialistas colombianos podem até ter participado do ato. Contudo, os maiores organizadores, inspiradores e patrocinadores são, claro, EUA."

Lazar Jeifets indicou que as relações tensas entre a Colômbia e Venezuela é um dos prováveis momentos que ajudam a explicar por que Maduro acusou as autoridades colombianas pelo ataque. O especialista indicou que mesmo a oposição venezuelana tendo bastante poder, ela não consegue encontrar uma forma de dialogar com o governo.

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Além disso, Sapozhnikov assinalou que, no momento, na América do Sul está sendo efetuada "limpeza" de apoiadores da Revolução Bolivariana e de forças progressivas.

"As forças que se opuseram aos EUA já estão desintegradas, não há solidariedade entre elas. O Brasil, Equador e Nicarágua foram atingidos ao mesmo tempo por um forte golpe. Sendo assim, dá para ver que está agindo um poderosíssimo inimigo com todos os recursos e possibilidades operacionais", opinou.

"Acho que algo parecido deve acontecer na Nicarágua. O Equador já está arruinado. Lenín Moreno, que assumiu o poder, mudou tudo que foi criado por Rafael Correa", acrescentou o especialista.

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Ele indicou também que nesta questão há um aspecto importante, relacionado à Rússia.

"Há uns cinco anos, a Rússia deu passos para reforçar suas posições no continente, o que preocupou muito os norte-americanos. Todos os nossos potenciais aliados, com quem foi iniciada colaboração positiva, que envolvia até mesmo fornecimento de armas, acabaram recuando. Acredito que o motivo é a reação dos EUA à influência da Rússia sobre a região", ressaltou.

Jeifets recordou que metade do petróleo venezuelano é vendida para os EUA, acrescentando que a Rússia também possui estreitos laços econômicos com a Venezuela e enfatizando que "relações econômicas não necessariamente devem levar a conflitos. Não apoio a abordagem quando o confronto econômico se torna confronto global, efetuado através de métodos de força".

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