Segundo declarou o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, a moeda norte-americana está se tornando um instrumento muito inseguro. A Sputnik explica se este cenário é possível e viável e por que há cada vez mais países que pretendem se livrar da dependência do dólar.
China e Irã na vanguarda
Em março de 2018, Pequim, em meio à guerra comercial com os EUA, desferiu um forte golpe contra o dólar no mercado mundial de hidrocarbonetos, iniciando o comércio de futuros em moeda nacional.
Trata-se não só de hidrocarbonetos: o dólar está sendo afastado das relações bilaterais entre Moscou e Pequim. Conforme os acordos sino-russos de 2014 sobre o comércio direto em rublos, tais pagamentos não implicam a participação de bancos dos EUA, Reino Unido ou União Europeia. Daí que tal faça diminuir a dependência dos sistemas financeiros da Rússia e China de terceiros países.
O Irã também virou as costas ao dólar como resposta às sanções. Em especial, em abril deste ano Teerã abdicou da moeda norte-americana e converteu todos os pagamentos internacionais em euros. Apesar das sanções, a Europa continua comprando o petróleo iraniano, não em dólares, mas em euros. A Índia, por exemplo, também paga o petróleo ao Irã em euros.
A Turquia também há muito que tem planos de abandonar o dólar e, em meio ao agravamento das relações com os EUA, está pronta para dar passos concretos. Em 10 de agosto a lira turca desvalorizou 18% em relação ao dólar e, no início do mês, Trump introduziu sanções contra os ministros do Interior e da Justiça turcos depois de Ancara ter se recusado a libertar o americano Andrew Brunson, suspeito de espionagem. Além disso, Washington dobrou as tarifas sobre o alumínio e o aço.
Segundo notou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, Ancara pode passar para os pagamentos em moedas nacionais no comércio com os seus principais parceiros comerciais — China, Rússia, Irã e Ucrânia.
Rússia está determinada
De acordo com os economistas, é aconselhável abandonar o dólar não só nos pagamentos do petróleo, mas de outros produtos também, começando com a União Europeia.
Isso iria fortalecer o rublo, se os parceiros de negócio concordarem em investir as suas moedas em rublos para que depois pagarem o petróleo em moeda russa.
Mas há um problema: os altos riscos do rublo. Por isso, essa transição é possível, mas será necessário dar algumas preferências e descontos aos investidores para cobrir os riscos.
Por isso, atualmente a medida mais provável é a passagem para os pagamentos em euros. Os países poderão assim proteger a cooperação bilateral de possíveis futuras restrições da parte de Washington.