Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu em Tietê, no interior de São Paulo, em 1940. Ocupou por duas vezes o cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo, foi deputado federal, presidente da Câmara dos Deputados, vice-Presidente e assumiu como presidente após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
A Sputnik Brasil irá ressaltar dois pontos do mandato do emedebista como chefe do Executivo no Brasil: a política de petróleo e implantação de reformas.
Petróleo
Já em novembro de 2016, a Câmara dos Deputados aprovou, e Temer sancionou, o fim da exclusividade da Petrobras nos campos do pré-sal. A alteração abriu o caminho para a participação de petroleiras estrangeiras em rodadas de licitação do petróleo brasileiro — que foram cruciais para a manutenção da meta fiscal com a economia desaquecida.
"Temos um governo com déficit fiscal gigantesco, que existe por outras razões que não têm nada a ver com petróleo, mas ele usa o petróleo para resolver um problema de curtissímo prazo", diz à Sputnik Brasil o diretor-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) Rodrigo Leão.
Leão acredita que a atração de investimento estrangeiro aconteceu de maneira "acelerada e desordenada". Para ele, os leilões aconteceram sem a discussão necessária.
O pesquisador do Ineep também avalia que o Brasil é um ator chave no mercado mundial de petróleo e as empresas estrangeiras abocanharam a oferta de Temer para "garantir reservas de petróleo de longo prazo para seus países de origem".
Ele, contudo, reconhece que a Petrobrás fez um "trabalho importante" na redução de seu endividamento — com a ajuda de um cenário internacional mais favorável com a alta na cotação do petróleo.
A Petrobras teve prejuízo líquido de R$ 446 milhões em 2017, revelou a companhia em balanço. Foi o quarto ano consecutivo de perdas. Já a dívida bruta recuou 6%, para R$ 361,5 bilhões, na comparação com 2016.
Agenda de reformas
"O governo Temer perdeu gás ao longo do tempo. Ele chega com bastante combustível, que são cargos e alguns recursos que estavam com o PT, que foi desalojado do poder, para redistribuir. A lógica da base é fisiológica", diz o cientista político e professor do Insper Carlos Melo em entrevista à Sputnik Brasil.
Melo ressalta que o emedebista teve sucesso em suas reformas porque "conseguiu amarrar a base com essa relação de trocas" em um período em que "tinha um pouco de credibilidade por conta do trauma do impeachment".
Ele não conseguiu, contudo, aprovar a reforma da previdência — uma de suas promessas durante o início do mandato. Para o cientista político do Insper essa falha tem uma causa não muito surpreendente: as denúncias de corrupção e a gravação de Temer com o empresário Joesley Batista, da JBS.
"A popularidade de Temer minguou por duas causas fundamentais: a primeira delas são as acusações de corrupção, o envolvimento dele com a JBS, as gravações, o assessor com uma mala de dinheiro, a corridinha na rua, aquela coisa toda. Aquilo transformou o presidente em um político mais fraco e dependente do Congresso Nacional para se manter no cargo. A outra que o enfraqueceu é que a promessa econômica não se realizou, a promessa que o Brasil iria voltar a crescer significativamente, que nós chegaríamos em 2018 com a economia nos trilhos", diz Melo.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1% em 2017, na comparação com 2016. Foi a primeira alta após duas quedas de 3,5%.
Em dezembro de 2015, quando o MDB já começava a articular o impeachment de Dilma, Temer escreveu carta à presidente petista com críticas à sua condução econômica. Ele afirmou que o programa econômico emedebista "poderia ser utilizadas para recuperar a economia".
"O aspecto negativo foi deixar claro para toda a sociedade que o problema não é de João ou de Joaquim, do partido A ou do partido B. O sistema político brasileiro está comprometido, ele tem problemas mais gerais. Você tira o PT e coloca o MDB — e sabe-se que o próprio PSDB tem problemas, aparece o escândalo com o Aécio, tem questões em São Paulo, enfim. O aspecto mais negativo é que essa situação leva à descrença da política, isso é muito ruim. Pode parecer paradoxal, mas esse mesmo aspecto negativo, também tem um lado positivo, que é acabar com a ilusão de que basta simplesmente fulanizar a questão. Chamar o problema de Dilma ou Temer. Trocar Dilma por Temer ou trocar Temer por quem quer que seja, se você não resolver os problemas do funcionamento do sistema político brasileiro".